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No artigo anterior passei diversos conceitos sobre Virtualização de Desktops, sobre as diferenças entre VDI e RDS, vantagens e desvantagens entre eles e a ideia que um modelo misto pode ser a melhor saída.
O objetivo principal da Virtualização de Desktops são ganhos de gerenciamento, segurança, disponibilidade do ambiente, mobilidade, padronização e diminuição de custos de aquisição e manutenção dos desktops.
Vou tratar dos principais benefícios adotando-se solução de Desktops Virtuais:
1. Menor custo de operação dos Desktops
Embora um projeto de VDI normalmente não fique mais barato para aquisição do que desktops tradicionais, ocorre a migração dos investimentos: ao invés de comprar máquinas de última geração para as pontas, o poder de processamento deve ser concentrado no Datacenter, então o investimento muda para servidores mais poderosos para suportar a infraestrutura, permitindo equipamentos mais simples e baratos nas pontas.
Os servidores podem ser equipados com pentes de memória ainda maiores e através de over provisioning (quando alocamos mais recursos do que disponíveis), é possível entregar mais memória por usuário (por exemplo, 8Gb ao invés de 4Gb), pois nem todos estarão utilizando toda a memória ao mesmo tempo.
2. Possibilidade de uso de Thinclients, Chromebooks e outros tipos de desktops baratos
Um Thinclient por definição é um computador projetado apenas para acesso a um ambiente de virtualização de desktops, com isso, costuma ter uma arquitetura mais simples, com menos complexidade de implantação e manutenção.
No conceito correto, eles não possuem peças móveis (não tem HD nem coolers), então suportam ambientes mais hostis, com vibrações e até poeira (como chão de fábrica) e no caso de quebra, a substituição é simplificada, pois não possuem configuração nem dados para serem migrados (toda informação está no datacenter).
Mesmo os Thinclients que fogem da definição, com coolers por exemplo, oferecem vantagens: normalmente são equipamentos bem menores que os Desktops comuns, mais baratos, com baixo consumo de energia, menor dissipação de calor e mantém o conceito de nenhuma configuração e dados locais.
Em alguns projetos, os ganhos de espaço físico ou energia elétrica podem justificar os investimentos.
3. Maior performance
Toda a performance depende dos servidores e aí pode-se usar conexões de 10Gbits (normalmente não disponíveis nos Desktops), discos SSD de alta performance de servidores (versus discos SSD básicos nos Desktops), placas GPU e memória para execução dos desktops virtuais.
Um ganho quando a demanda por processamento crescer, basta investir nos servidores e todos os usuários terão ganhos de performance, enquanto que numa estrutura tradicional, seria necessário investir em todos os Desktops.
Isso costuma trazer o prolongamento da vida dos desktops para até 8 ou 10 anos, versus 4 ou 5 anos em uma estrutura tradicional.
4. Facilidade de Gerenciamento
Os Desktops virtuais são criados a partir de templates de máquinas virtuais, que já possuem os softwares da empresa pré-instalados, Windows atualizado, antivírus e configurações de rede.
Isso faz com que, para o deploy de um novo desktop para um novo usuário, por exemplo, o trabalho seja extremamente reduzido.
O connection broker (software que controla a conexão entre os clientes e desktops no ambiente de VDI) também permite algumas facilidades de gerenciamento, como a criação automática de novos desktops, acesso remoto da equipe de TI sobre o Desktop para suporte ao usuário, reciclagem automática de desktops, integração com virtualização de aplicações e virtualização do perfil dos usuários.
5. Padronização das estações
Tanto usando VDI quando RDS, é possível padronizar através de templates os softwares e acessos disponíveis.
Assim, a empresa passa a ter uniformidade entre os desktops, facilitando o suporte, a interação entre usuários, o aprendizado e disponibilização de novas aplicações.
6. Alta Disponibilidade dos Desktops
O principal ponto de defeito de um Desktop comum são os componentes físicos do mesmo e um fator crítico quando um defeito acontece são os dados e configurações locais, que num ambiente de virtualização de desktops são irrelevantes, pois basta trocar o equipamento que os dados estão seguros no datacenter.
Assim, quando um usuário tiver um problema na máquina local, basta substituir, e em poucos minutos o funcionário volta a trabalhar.
Os Desktops rodando no Datacenter podem ser protegidos pelas mesmas técnicas avançadas de proteção dos servidores virtuais, ou seja, podem ser instalados em clusters virtuais e no caso de falha do servidor hospedeiro, o Desktop volta automaticamente no ar em outro servidor.
Também é possível fazer backup e replicação dos Desktops, provendo tempos de recuperação muito rápidos em caso de falha do sistema operacional, ou seja, técnicas muito caras para se implantar em Desktops tradicionais.
7. Mobilidade para os usuários
A virtualização de Desktops oferece uma entrega padrão do ambiente de trabalho para o usuário independente do dispositivo utilizado para acesso, isso permite que o usuário possa sair da sua mesa de trabalho, logar em outro dispositivo (numa sala de reunião, por exemplo) e visualizar os mesmos aplicativos e arquivos da mesma forma em que está familiarizado.
Também permite a execução em Tablets e Smartphones, entregando a mesma interface e aplicativos, que não estariam disponíveis para as plataformas nativas desses aparelhos.
Mesmo usuários que ficam fora da empresa podem se beneficiar da virtualização de Desktops com recursos como o Local Mode do VMware Horizon View.
8. Desktop sempre ligado
Um recurso bem interessante é que o usuário não precisa desligar seu desktop, ele pode simplesmente desconectar do mesmo e as aplicações que estavam abertas continuarão lá.
Quando ele reconectar em outro dispositivo ou no dia seguinte, ele terá acesso aos mesmos aplicativos, com um tempo de reconexão muito rápido.
Isso permite, por exemplo, que na quebra do dispositivo de acesso, ao reconectar, o usuário não perca nenhuma palavra digitada, se ele estava redigindo um e-mail por exemplo, ao reconectar estará com o cursor no mesmo ponto onde parou.
Junto com a mobilidade, é possível abrir a tela de um BI no computador de mesa e continuar depois a partir de um tablet. Ou então, em um hospital, abrir a prescrição de um paciente no posto de enfermagem e depois reconectar no mesmo desktop virtual em um dispositivo a beira leito para lançar os medicamentos aplicados na ocasião.
9. Segurança dos dados
Como já falamos aqui, os dados dos desktops ficam armazenados nos servidores do Datacenter. Isso permite a execução de backups centralizados, garantindo a disponibilidade dos dados.
Pelo mesmo motivo é mais fácil restringir o acesso aos dados e aplicar políticas contra acesso não autorizado; podem ser bloqueados dispositivos externos como Pendrives, e mesmo se o dispositivo físico de acesso for roubado (o Thinclient por exemplo), não terá nenhum dado nos discos locais sem estar criptografado.
Além de que, toda a conexão é criptografada, utilizando protocolos padrões de mercado, então o risco de vazamento de informações é minimizado, ajudando a atender legislações vigentes.
10. Escalabilidade e independência de fornecedor
Num ambiente de Desktops virtuais é possível fazer a distribuição de aplicativos muito rapidamente e com total garantia de compatibilidade. Basta instalar o aplicativo no template padrão e mandar replicar para todas as máquinas virtuais e o aplicativo estará instalado automaticamente para todos os usuários.
Também é possível combinar com tecnologias de virtualização de aplicativos, o que garante ainda mais compatibilidade, é possível, por exemplo, executar duas versões diferentes do Internet Explorer simultaneamente, pode-se configurar que a última versão mais atualizada será usada por padrão e para um site que requer compatibilidade com uma versão anterior, essa será usada automaticamente.
Ainda pensando na facilidade de operação, o upgrade do sistema operacional é facilitado, uma troca de Windows 7 para Windows 10 pode ser feita apenas substituindo o template padrão, pode ser feita de forma controlada e previamente testada.
Conclusão
Os benefícios da virtualização de Desktops são muitos, nesse artigo apresentei bem resumido os principais conceitos.
Embora os custos iniciais de aquisição sejam iguais ou maiores que um ambiente de Desktops tradicionais, utilizando-se de Desktops virtuais o custo para manutenção e gerenciamento é bem reduzido, somando-se isso aos benefícios para os usuários, como mobilidade, desktop sempre ligado, fácil recuperação de desastres e segurança, é uma opção bem interessante para empresas de todos os portes.
4 Comentários
Show de bola!
Bom Dia,
achei muito esclarecedor este artigo, só gostaria de saber quais as aplicações para estes recursos em sistemas operacionais que não o Windows, pois sou usuário de Desktop Linux já observei algumas empresas migram para o Linux como Desktop, logicamente ainda são poucas mas fiquei curioso sobre a aplicação destes recursos em sistemas operacionais Linux.
No meu caso faço uso da versão Ubuntu, sou universitário ainda não disponho de um nível de conhecimento de um profissional atuantes mais acho que seria interessantes este tipo de implementação também no Linux.
Realmente os benefícios da virtualização são muitos, o que pode justificar o seu custo. Muito bom artigo!
Muito bom mesmo artigo. Obrigado Fernando!