7 dicas de como estabelecer uma rotina nessa época de quarentena do COVID-19

O ano acabou, as festas passaram, muitos pularam as sete ondas, fizeram os seus pedidos, renovaram antigas promessas para o novo ano que chegara, 2020, e, vez ou outra surgia uma notícia no Jornal Nacional falando de uma cidade que para muitos nunca havia sido escutada, Wuhan, na China, onde uma nova doença estava fazendo as ruas ficarem vazias, havia por lá uma quarentena para evitar que um tal de coronavírus se espalhasse. Assim fechamos 2019 no Brasil.

2020 chegou, carnaval, festa, e, vida que seguia normalmente aqui em terras brasileiras… até então a única mudança era que esse coronavírus agora estava na Europa, fazendo um grande estrago deixando as ruas vazias.

Até que passado poucos dias do carnaval, em 26 de fevereiro de 2020, o primeiro caso do novo coronavírus havia sido detectado no Brasil, em São Paulo, chegou junto com um brasileiro que veio da Europa. Começa então a ser mais noticiado no Jornal Nacional – tirando isso, vida que seguia com a sua rotina.

A partir de meados de março, a quarentena chegou e se instalou, inicialmente, por 15 dias, que se estendem até a presente data da publicação deste texto e sem previsão para acabar.

De lá para cá tudo mudou. Alguns dados atuais:

  • Estamos perto de 700 MIL casos de pessoas contaminadas, e
  • Aproximadamente 36 MIL mortes em pouco mais de 100 dias desde o primeiro caso.

A vida de muita gente virou de cabeça para baixo! Muitos profissionais perderam a sua renda pela natureza de sua ocupação (autônomos, informais, freelances), muitos tiveram redução de salário, muitos estão em casa sem poder trabalhar e tantos outros em esquema home office, mas há uma circunstância em comum, estão TODOS vivendo fora de suas rotinas.

E sobre essa circunstância que hoje quero conversar com vocês: a falta de rotina que nos envolve, consome, adoece e angustia diariamente nesse período de quarentena.

Há muitos estudos científicos que indicam o adoecimento psíquico como a quarta onda dessa crise mundial que vivemos com a chegada do novo coronavírus (COVID-19).

Você mesmo já deve ter percebido como tem dias que fica mais difícil seguir em frente, ver as notícias, pensar nos boletos, acordar e olhar em volta e perceber que não pode sair para trabalhar como habitualmente fazia até tudo isso começar. E em outros dias está tudo bem, você levanta e vai buscar atividades para fazer e passar o tempo. Dias em que sentimentos de raiva, irritação, impaciência tomam conta de você e por qualquer motivo você explode, grita, xinga, fala de modo ríspido com as pessoas que moram contigo, responde com hostilidade as mensagem das redes sociais, e, tem dias que a vontade ao abrir os olhos de manhã é apenas de chorar, clamando para que tudo isso logo termine e você possa voltar as suas atividades sem medo.

Todas essas emoções extremas, oscilantes, constantes são indícios do quanto estamos adoecidos emocionalmente, como nós da psicologia costumamos falar, isso tudo são sintomas do nosso adoecimento mental. Nós não estamos sadios emocionalmente, a sensação de cerceamento de liberdade, de reclusão, de isolamento social tão comuns em países que já passaram por outras pandemias ou guerras bélicas, não nos é comum. Embora haja uma grande parte da população brasileira vulnerável socialmente que diariamente se depara com essa insegurança em suas vidas, ainda sim, essa sensação de medo constante de algo invisível (como é o caso do novo coronavírus, que não dá para olharmos e vermos onde ele está para nos mantermos longes) nos afeta, nos fragiliza, nos adoece.

O medo não é somente do contágio de si próprio, mais do contágio de quem amamos, medo de não ter como arcar com os boletos (que continuam chegando normalmente), medo de não entender como lidar com esses altos e baixos emocionais, medo de não saber o que será da nossa economia quando isso tudo passar, medo de pensar que talvez isso ainda demore mais, medo, medo, medo. Uma palavra tão pequena que vivida ao extremo e diariamente é capaz de nos fazer tão mal: diminuiu a nossa imunidade, aumenta o nosso estresse, compromete o nosso sono, dificuldade a nossa atenção, aumenta a nossa sensação de ansiedade e angústia. E como combater isso? Buscando estabelecer algo que nos traga segurança, por menor que seja, uma rotina que possa dizer para as nossa mente “vai ficar tudo bem, viva um dia de cada vez” porque isso faz toda a diferença.

Então, quero brevemente trazer 7 dicas de como estabelecer uma rotina nessa época de quarentena. Para isso vou dividir em dois grupos: aqueles que estão trabalhando de home office e para quem está em casa sem poder trabalhar.

Sugestão de Rotina para quem está em casa sem poder trabalhar:

  1. Defina horários para dormir e acordar (pelo menos de segunda a sexta);
  2. Defina horários para as principais refeições (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar);
  3. Divida as atividades domésticas com quem mora com você (fazer almoço, jantar, arrumar a casa, lavar os banheiros, lavar as roupas, passar as roupas, molhar as plantar, ir ao mercado);
  4. Combine com quem mora contigo o horário que irão se atualizar sobre as notícias (evite o horário da noite, pois, sabemos que as notícias não estão boas e isso só aumentará a sua angústia prejudicando o seu sono);
  5. Defina o horário para atividade física (caminhar, pedalar, ioga, musculação, funcional) [Se sair, evite aglomerações, use máscara, evite contato com outras pessoas, se possível, leve álcool gel, e, beba água];
  6. Determine algo novo a fazer/aprender (curso gratuito na internet, fotografia, uso das redes sociais para divulgar algo que você venda ou algum serviço seu ou de algum familiar, baixe um aplicativo gratuito e comece a estudar um idioma, assista palestras online sobre assuntos que goste, faça artesanato, aprenda uma receita nova, veja um documentário, costure, pinte, borde, toque um instrumento musical, faça uma chamada de vídeo para um familiar ou amigo); e
  7. Leia um livro por mês, se possível, no papel porque ajuda a trabalhar a atenção e isso fará com que você se desconecte um pouco dessa atmosfera de medo que todos nós estamos vivendo.

Sugestão de Rotina para quem está de home office:

  1. Defina horários para dormir e acordar (pelo menos de segunda a sexta);
  2. Estabeleça o seu horário de trabalho incluindo as pausas (dica: a cada 2h faça uma pausa por 15min);
  3. Controle o consumo de café (3 xícaras pequenas por dia pode ser uma boa medida, a ansiedade já está elevada devido a tudo isso que estamos vivendo, não precisamos dar um incentivo a ela);
  4. Estabeleça o horário para preparar as refeições (almoço, lanche da tarde e jantar);
  5. Se você tem crianças em estudo online, combine os seus horários, para que você possa assisti-las e não interromper as suas tarefas (dentro do possível, claro);
  6. Defina horário para atividade física (caminhar, pedalar, ioga, musculação, funcional, 30 minutos 3x por semana está bom) [Se sair, evite aglomerações, use máscara, evite contato com outras pessoas, se possível, leve álcool gel, e, beba água]; e
  7. Combine a divisão de tarefas doméstica entre todos da sua residência (cada um fazendo o que puder, não pesa para ninguém).

Agora uma dica GERAL: evite ficar horas nas redes sociais vendo informações estressantes, inúteis, que não ajudam em nada, não mudarão o quadro de pandemia que estamos vivendo, mas conseguirá prejudicar ainda mais a sua atenção, o seu estado de humor e trará maior dificuldade para os seus dias de quarentena.

Use as redes sociais de modo inteligente, limitado e sadio

Estabelecer uma rotina para passarmos por toda essa crise será capaz de nos ajudar a viver um dia após o outro, dando um passo de cada vez, fazendo aquilo que está ao nosso alcance diante das limitações que temos, até que tudo isso se resolva e as ruas voltem a ser locais seguros para sairmos de nossas casas e retomarmos as nossas atividades.

Para concluir, queria lembrar você que está em qualquer um dos cenários aqui descritos: você é uma pessoa privilegiada, há milhares de profissionais que não podem estar se resguardando em suas casas e precisam diariamente sair para lidar com esse inimigo invisível, o COVID-19, cheios de medo de se contaminarem e aos seus familiares ao retornarem para casa depois de mais um dia de luta. Existem tantos outros que por viverem em situação de vulnerabilidade social simplesmente nem tem a opção de pensar em ficar em casa porque não terão de onde se sustentar, não possuem reservas, não possuem familiares para ajudar, não conseguem nem mesmo o auxílio emergencial do Governo, portanto, se colocar em risco tocando a vida é o que lhes resta. 

Por fim, eu quero dizer que sei o quanto é difícil estarmos obrigados a parar a nossa rotina normal por conta de um vírus danado que ninguém ainda consegue dominar. Eu sou uma privilegiada igual a você. Mas, por ter essa consciência eu me resguardo ainda mais, procuro ficar em casa e só sair quando realmente é preciso e ainda sim, me mantenho afastada de outras pessoas, confesso a você que nem responder “bom dia”, “boa tarde” ando fazendo, apenas aceno com a cabeça e o mais longe possível. Porque faço isso não só por mim e pelos que amo, mas faço isso por todos nós, e, principalmente, por aqueles que não possuem esse privilégio (que deveria ser um direito legal garantido a toda nação brasileira) e estão se expondo todos os dias para ter como levar alimento para casa e suas famílias.

Ficar em casa, se for possível, não é por você apenas. É por TODOS NÓS, brasileiros.

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Para a produção deste texto foram consultadas as seguintes Fontes:

Todos acessados em 31/05/2020.

Carolina Souza

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Psicóloga (CRP 06/203773) e Especialista em Gestão de Projetos (PMP) atua há décadas no mundo empresarial. Certificada CPRE, SFC, ITIL com profunda experiência nas áreas de Engenharia de Requisitos, Análise de Processos e Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance. Palestrante. Colunista no PTI desde 2013 sempre colaborando com artigos focados no desenvolvimento profissional dos leitores e gerentes de projetos em início de carreira.

Conecte-se com a autora em seu perfil no Linkedin e continue aprendendo sobre como crescer em sua carreira.


2 Comentários

Marcelo Costa Almeida
1

Carolina, parabéns pelo texto! Serve muito bem para o que estamos vivendo. Realmente tem sido um desafio trabalhar em Home Office.
Obrigado.

Carolina Souza
2

Olá Marcelo,
Muito obrigada pelo comentário. Fico feliz por ter conseguido contribuir com a comunidade nesse momento tão delicado que todos estamos vivendo.
Abraços.

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