Marketing Digital, TI e o Mainstream

Nos últimos dias tive a oportunidade de visitar alguns importantes eventos de comunicação que ocorreram esse ano. Estou me referindo ao Proxxima, CILIC, EMMBRASIL13º Encontro Locaweb. E algumas coisas soaram de forma uníssona, como sendo as principais tendências na área de Marketing Digital e TI. No entanto, me perguntei por algumas vezes qual a relevância desse discurso todo para a grande massa, ou melhor, o Mainstream?  E esse foi o norte para que eu começasse a escrever o post que você está lendo.

As Redes Sociais são a última bolachinha do pacote?

De forma otimista: criaram um universo de colaboração e interatividade jamais visto antes. Empresas que prestarem a atenção nisso certamente irão reinventar a forma de lidar com pesquisa e desenvolvimento. Cases interessantes já foram desenvolvidos e provam como é possível se beneficiar dessa via de mão dupla. E hoje, como nunca antes visto, é possível as marcas focarem seus esforços na construção do consumidor engajado, isso mesmo. O consumidor engajado advoga pela sua marca, multiplica e divulga com entusiasmo de forma espontânea, esse cliente é o filet mignon que todo e bom marqueteiro quer abocanhar.

De forma pessimista: ao meu ver as redes sociais são uma pedra no sapato das empresas. Foi a partir delas que a comunicação deixou de ser uma via de mão única e passou a ser realmente um terreno de conversa e de troca. E é uma pedra no sapato pois é mais fácil para uma marca deter o controle de sua comunicação do que estar a mercê da achincalhação pública. Sendo assim, cabe as empresas se antenarem para essa realidade monitorando as redes sociais e produzindo conteúdo relevante. Alguns profissionais da área de marketing digital falam de redes sociais com bastante empolgação eu, sinceramente, prefiro lidar com o tema com maior frieza e sou adepto da opinião que é necessário manter uma política de transparência, prestação de contas, diálogo e relevância para com o seu público. Ou seja, considero que redes sociais são super legais pois democratizaram a comunicação dando voz ao cliente, no entanto, conferiram um queixo de vidro as empresas que devem se atentar ao tema com seriedade.

Tecnologias e tendências

No momento temos algumas tecnologias que se destacam pois de alguma maneira começaram a ganhar público. Me refiro a realidade aumentada, tablets, cloud computing, monitores 3D que segundo o Gartner Hype Cycle prometem de 2 a 5 anos serem adotadas pela grande massa. Veja o gráfico abaixo:

 

Gartner Hype Cycle (publicado em agosto de 2010)

Gartner Hype Cycle (publicado em agosto de 2010)

 

Mobilidade é o futuro

Nunca antes tivemos a possibilidade de estarmos conectados quase que o tempo todo. Os dispositivos móveis (smartphones, tablets, notebooks, etc.) formam uma nova realidade de interação e conexão, onde não mais importa o dispositivo, mas sim, o fato de estar sempre “on”. Com esse advento não só a barreira do espaço foi quebrada, mas também, a da exclusão. Pois hoje cada vez mais a tecnologia tornou-se acessível a todos possibilitando a inclusão de milhares de pessoas que a poucos anos atrás eram analfabetos digitais. O Japão, por exemplo, já superou o acesso a internet pelos computadores desktop através do acesso pelo celular. Por outro lado, no Brasil, 82% dos aparelhos habilitados são pré-pagos (conforme relatório da Anatel em março de 2011). E vale mencionar que hoje existem 210,5 milhões de linhas contra 198 milhões de habitantes no país, ou seja, tem mais celular que gente. E esse mercado não para de crescer, veja uma matéria que saiu no Jornal Propaganda & Marketing em 25/04/2011:

E o Mainstream?

Essa pergunta é tão sensata quanto insana, diga-se de passagem. Ou no português claro: e o povão? Esse tipo de reflexão se dá ao passo que nós das áreas de comunicação e tecnologia temos a tendência de ver o mundo sob o nosso ponto de vista. Nesse nosso mundo, TODO mundo tem conta no facebook, possui um smatphone, usa o twitter e quer ganhar um iPAD, não é verdade? Mas esquecemos que o Brasil é um país com mais de 190 milhões de habitantes, sendo que as classes menos favorecidas são a regra e não a exceção. A classe “C”, ou melhor, a Nova Classe Média brasileira representa 50% do consumo de banda larga hoje (conforme dados do Data Popular). E o que eles buscam? Segundo pesquisas de comportamento o nosso povo está buscando I-N-C-L-U-S-Ã-O. O mainstream quer ser reconhecido, ouvido, fazer parte. Por isso, acredito que Redes Sociais, Tecnologias e Mobilidade fazem mais sentido quando pensamos em “nível Brasil” do que como tens bradejado muitos entusiastas early adopters.

É isso pessoal, fiquem livres para comentar abaixo!

Fonte: Blog Diego Brito

Diego Brito

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Diego Brito é empresário, publicitário, escritor, blogueiro e coordenador do Fórum do Jovem Empreendedor, na ACSP Tatuapé. Possui 12 anos de experiência em mídia impressa e marketing digital. É autor do livro Criação de Sites na era da Web 2.0, publicado em 2011. É sócio da D2B Comunicação, uma Agência Digital especializada médias e pequenas empresas. Escreve para os portais ProfissionaisTI.com.br, ClubedosHomens.com.br e mantém seu blog pessoal DiegoBrito.com.br, sempre abordando assuntos como marketing digital, tecnologia, design e comunicação. Currículo completo: http://www.linkedin.com/in/diegobrito .


4 Comentários

Frederico
3

Creio que a evolução tecnológica não é acessível ao “povão”, mais com o passar do tempo, anos ou até décadas, ela se torne cada vez mais acessível a Classe “C”.
Muito bem escrito e argumentado!
Parabéns!

Diego Brito
4

Essa é a ideia Frederico! No entanto, o que eu vejo muito entre os profissionais da área de comunicação é essa falta de senso sobre a linha do tempo. Hoje em dia todo mundo quer sortear iPad, mas tem muita gente ainda no Brasil que não sabe se isso é “de comer” ou o que é iPad. Eu fico com a sabedoria popular, que diz que algo caiu na boca do povo quando é vendido nas lojas das Casas Bahia 😛

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