O Brasil como propulsor da economia no setor de tecnologia: fabricantes que apostam no canal

No último ano, 4% do PIB nacional podem ser atribuídos ao setor de tecnologia da informação. Isso, sem colocar nessa conta, telecomunicações e datacenter. Um número que representa aproximadamente US$ 81bi em volume e a sexta colocação no ranking mundial.

E esses dados se corroboram pela exponencialidade de consumo no país. Catalisador principal de uma corrente de crescimento, até então, sustentável, a abundância de crédito  impulsionou um mercado consumidor que passou a ter acesso a bens de consumo diferenciados, agregando em um ciclo desenvolvimentista, fabricantes, distribuidores e revendedores.

Nos últimos 10 anos se viu um salto nos investimentos externos no país. Após a crise americana, houve uma inversão no fluxo de capitais, sejam eles especulativos ou não, que inundou financeiramente os países emergentes. Com isso, muitas multinacionais foram além e trouxeram parques produtivos para o Brasil. E dessa vez, de olho não só em incentivos fiscais ou baixo custo de mão de obra, mas em um mercado consumidor que teve seu poder de compra triplicado nesta década.

Grandes fabricantes mundiais já apostaram suas fichas em fábricas no Brasil ao longo desses anos, como Samsung, LG, Philips, Acer, Asus, HP, dentre outros. No final do ano passado, a Western Digital, fabricante de unidades de armazenamento, também chegou. Com investimento inicial de R$ 10 milhões, em parceria com a nacional Digitron, as operações na Zona Franca de Manaus serão responsáveis por cerca de 2% da produção total da empresa no planeta. E o mais importante é que a produção será totalmente focada no mercado interno, suprindo um consumo aceleradíssimo de computadores e notebooks. O fluxo de exportações da produção nacional será zero. A Apple deve ser a próxima, conforme as notícias que já pipocam no noticiário de tecnologia.

Essa aposta no país garante diversas facilidades para todas as pontas da cadeia de TI. O canal tem muito mais fácil acesso aos produtos, garantindo que o consumidor final tenha em mãos lançamentos sem o gap de importação. Além disso, estreita relacionamento através de programas de canais mais específicos e garantias ágeis para o reparo de produtos.

Estrutura-se uma rede sólida entre todas as pontas da cadeia. Os fabricantes pensam e criam novas soluções, visando atender um público que ao mesmo tempo que se pulveriza espantosamente, está mais seleto na decisão de compra. Já os distribuidores precisam intermediar esse fluxo de tecnologia para que ele chegue como subsídio de vendas aos revendedores. O investimento em treinamentos e o apoio aos programas de canais são fundamentais para que o consumidor final receba os produtos na ponta final com qualidade de atendimento e assertividade na segmentação dos targets.

As previsões do IDC para 2011 são animadoras, aproximadamente 13%. Se pensarmos nos mercados de TI dos BRICS, Índia e China principalmente, ainda há um largo campo para crescimento. Além disso, deve haver uma curva de alterações no desenho de comércio internacional desses países, hoje, muito baseado nas exportações de commodities pelo Brasil, manufaturas pela China e mão de obra, Índia.

As tendências são todas de alta nos próximos anos. Devemos nos tornar uma das 5 grandes economias do mundo e metade do PIB mundial será dos emergentes. Esse desenvolvimento jogará no mercado milhões de novos consumidores demandando serviços e produtos de TI por parte tanto da produção interna, quanto de importação. Oportunidades que já estão passando pela nossa frente. É bom pegar o próximo bonde ou você pode se atrasar.

Por Marcos Coimbra – Vice-Presidente da ABRADISTI

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