Leia a Parte 1 antes de continuar…
– Mas me diga Júlio, qual foi o maior desafio que você já enfrentou em sua vida profissional?
Pergunta clássica de entrevistas de emprego, Júlio mesmo gostava de perguntar isso aos profissionais que entrevistava. Junto com essa vinha normalmente aquela:
– Você pode me dizer três pontos fortes e três oportunidades de melhoria?
Se nos pontos fortes todo mundo se dá bem, a coisa complica na oportunidades de melhoria. Afinal, ninguém pode dizer em uma entrevista de emprego que é fofoqueiro, tem pouca paciência com gente burra, e não gosta de se incomodar. Melhor mesmo é falar que às vezes é duro demais nas críticas que faz aos outros, espera a excelência das pessoas e fica frustrado quando isso não acontece, e procura evitar o conflito quando possível.
A rotina de quem está à procura de emprego é algo interessante. Longe do circuito de entrevistas há algum tempo, Júlio comparava aos encontros do seu tempo de solteiro. Lembrava do comediante Jerry Seinfeld, que dizia que um encontro é como uma entrevista de emprego cujo o objetivo é ver a outra sem roupa. Brincadeiras à parte, Júlio tinha um bom currículo, experiência em várias empresas, boa formação acadêmica, cursos de extensão e certificações. Mas sabia que o sucesso de uma entrevista consistia principalmente em dar as respostas que o entrevistador quer ouvir. E nesse jogo tudo conta pontos. O aperto de mãos, firme e olhando nos olhos, a postura ao sentar, a entonação da voz. Não se trata de mentir ou enganar o entrevistador. Mas como em um jogo de sedução, o objetivo é deixar a outra pessoa interessada em você, de tal modo que ela esteja disposta a lhe fazer uma proposta. Nesse caso uma proposta profissional. Quando isso acontece, quando o entrevistado consegue despertar o interesse do entrevistador, o jogo de forças da entrevista se altera, passando para o entrevistado o direito de perguntar, e para o entrevistador a tarefa de dar as respostas corretas.
– E com é trabalhar nessa empresa? Quais são os desafios? Eu gostaria de saber sobre os planos de carreira e políticas de RH?
Esse ainda não é o momento de falar de dinheiro, afinal eles ainda não fizeram a proposta. É o momento de sentir o terreno e pegar toda a informação que puder para decidir se a empresa vale a pena. Mais do que isso, Júlio lembrava das palavras do seu consultor de Outplacement:
– Lembre-se que você também é avaliado por suas perguntas. Evite questões como: Qual é a carga horária? Se trabalha muito nessa empresa? Um sujeito que fala de dinheiro cedo demais pode ser avaliado negativamente. Não que dinheiro não seja importante, mas um bom profissional deve avaliar o projeto como um todo, e como este está alinhado com seu plano de carreira. Já vi gente muito boa trocar de emprego para ganhar menos em um primeiro momento, para atingir seus planos de carreira mais adiante.
Realmente, Júlio precisava praticar mais. Depois de anos de um lado da mesa fazendo as perguntas agora era a sua hora de respondê-las.
[]s
Jack DelaVega
3 Comentários
História legal, mas acabou ?
Sinceramente, falou, começou a desenvolver o texto. Mas no fundo, acabou não dizendo nada.