Desde pequeno tive fascínio pelos computadores, via nas revistas que vinham para nossa escola e enciclopédias quando fazíamos trabalhos. Meu primeiro curso foi no ano de 1995, numa parceria entre a escola estadual e a escola de informática de uma cidade vizinha, lembro que tivemos aulas no auditório da escola. As aulas eram ainda no MS-DOS e nos gravávamos as aulas nos disquetes de 8 polegadas, aqueles com buraco no meio.
Fiquei um pouco frustado, depois que fiz o curso e o pessoal da escola foi embora sem dar os nossos certificados. Mas fiquei vidrado nos computadores.
Um ano depois minha mãe matriculou eu e meu irmão em outra escola, que era da nossa cidade e poderíamos usufruir do Windows 95, aquela tecla gráfica, nossa, foi muito bom usar o mouse e os joguinhos. Me ensinaram a gravar um disquete e trabalhar nas planilhas e editores de texto.
Por que eu entrei nesse papo? Por que já se passaram 13 anos desde quando aprendi informática e as escolas continuam ensinando as mesmas coisas, o mesmo sistema operacional e aplicativos para escritório. Naquela época, nem se sonhava que existisse software livre ou muito menos outros sistemas operacionais ou aplicativos para escritório. Hoje temos uma variedade de aplicativos e sistemas operacionais mas ainda se insiste em ensinar as mesmas coisas.
Conversando com diretores de escolas e coordenadores pedagógicos, questionei por que não dão aos alunos a alternativa de escolherem? As escolas alegam que não tem demanda para aplicativos livres como Linux e BrOffice/OpenOffice. Pois as empresas são resistentes as mudanças. Conversando com empresários pergunto por que eles não migram suas plataformas para aplicativos livres? Eles questionam que não sabem como fazer, que não tem assistência e que as escolas de informática não ensinam os cursos regularmente e quando os cursos são in-company, são muito caros, inviabilizando a migração. Então, de quem é a culpa?
Acredito que todos estão sofrendo com aquilo que chamamos de Lei da Inércia1 (se está parado, permanece parado, e se está em movimento, permanece em movimento e a sua velocidade se mantém constante). Ou seja, sempre fizemos isso e deu certo, porque vamos mudar?
Para quebrar paradigmas, estava pensando em criar uma escola que ministrasse conteúdos totalmente livres: Linux, BrOffice.Org, Joomla, Lua, Ruby, enfim, coisas que geralmente não vimos nas escolas de informática e nem nas escolas técnicas.
Claro que teremos que ter uma abordagem diferente do que temos atualmente, firmar uma parceria com as lojas que vendem computadores populares, aqueles que vem com Linux, por exemplo, a pessoa compra o computador e ganha um curso de Linux de graça, para que ela não precisa formatar a máquina e colocar Windows pirata. Também temos que explicar que uso de software pirata é crime e que vários órgãos públicos estão migrando para esta plataforma livre.
Outra coisa que percebo no movimento software livre, principalmente para os usuários avançados de Linux, uma certa soberba e acredito que isso tem que ser mudado se quisermos atrair novos usuários. Pois participando dos fóruns, vejo que perguntas são ignoradas ou quando são respondidas é feito com vontade de tripudiar a pessoa que perguntou, taxando-a de ignorante. Todos nós somos ignorantes em alguma área e se estamos participando de fóruns é por que queremos aprender e não para sermos alvo de chacota.
Mas temos motivos para comemorar. As iniciativas dos governos estaduais de implantar software livre nas escolas públicas, a crise internacional está ajudando, pois empresas estão buscando alternativas para atualizarem seus softwares sem trocar de máquinas e os eventos de software livre que atraem cada vez mais pessoas e empresas.
13 Comentários
Parabéns! É uma ótima idéia!
Você poderia procurar empresas que já adotaram ou que querem adotar o Linux e oferecer descontos nos cursos dirigidos àquela empresa em troca de patrocínio e apoio. Poderias entrar em contato com donos de grandes sites de Linux do Brasil para ver se esses tem contatos que podem te ajudar ou se eles mesmo podem ajudar.
Não se esqueça de ensinar Python também!
Boa sorte,
Bruno Luiz
Olá Bruno.
Muito obrigado pela idéia. Estou com um projeto de montar uma escola realmente livre, onde sejam ministrados cursos de software livre. Vou procurar patrocínio em empresas e outras organizações. Estou com uma idéia onde as pessoas envolvidas com o projeto possam ganhar muito dinheiro.
Um abraço.
Concordo com o Jackson… quando se está na inércia, ou na “zona de conforto”, a acomodação chega e toma conta. Por isso é sempre bom tentar tirar os outros dessa condição e deixar ser tirado dela – pois isso afeta a todos!
Olá Chris.
Confusões a parte sobre meu nome, o livro e depois o filme Quem Mexeu no Meu Queijo tratam isso muito bem, ou seja, quem está na zona de conforto, não quer nunca sair de lá.
Nas visitas que fazemos a empresas para sugerir a migração, o empresário fica estarrecido com o valor que ele pagou pelo Windows Server, Windows Desktop e pacotes para escritório. Eles não acreditam que existe uma suíte gratuita e questiona por seu pessoal de TI não sugeriu esta alternativa?
Um abraço.
Opa, quem escreveu foi grande Klaibson Ribeiro, colaborador do PTI 😉
Opá, verdade! Ali era só o pingback lá do Via6! hehe
Isso vai funcionar quando as lojas venderem micros com um Linux decente, porque quando comprei meu notebook a 2 anos veio um Linux furecão sem ao menos uma interface gráfica.
O que me assusta mesmo é uma certa empresa BRASILEIRA tar fazendo um Linux com a cara do Windows (BRLix), a idéia de roubar uns usuários de Windows com uma interface mais “conhecida” é até interessante, mas isso no fundo é um tapa na cara dos verdadeiros fãs de Linux.
Olá César.
Realmente as versões de Linux que estão sendo disponibilizadas nos notebooks e pc´s é um nojo realmente, poderia ser Ubuntu ou Fedora.
Linux com cara de Windows? Essa idéia não me convence muito, se fizermos isso, estamos mostrando que a Microsoft tem razão e não é isso que queremos. Temos que trazes eles para nosso jogo e não ao contrário.
@klaibson, podes contar com o PTI para divulgar sua escola 😉
Grande abraço!
Entrei em seu post por acaso, concordo com a necessidade de criarmos uma estrutura que dê suporte ao software livre, temos ao nosso lado o fato do openOffice ser requisito para concursos, agora que é o ODT é o padrão nacional de documentos.
Mas não acredito que a parceria com lojas seja uma boa para primeira instancia.
Quando falamos em montar uma escola, pensamos em estrutura, rentabilidade e quebrar o ciclo atual.
Acredito que o melhor seria uma parceria indireta, uma associação com cursos de alta qualidade porém gratuitos. Algo que não funciona diferente do que temos no mundo de associações hoje, exceto pelo fato de oferecer gratuidade e qualidade no ensino. O custo disso como já é feito com outras associações seria custeado por empresas que fazem doação e resgatam como abatimento em impostos. Eu tenho idealizado uma escola dessas já faz um tempo.
Ótimo post meu caro.
Olá Kharel.
Eu estou montando uma empresa com essa visão, com poucos cursos como LibreOffice e Introdução ao Linux.
Se todos envolvidos com Software Livre, tivessem essa iniciativa, realmente o Software Livre estaria em outro patamar.
Um abraço.