Para os que pensam em novos rumos profissionais, uma reflexão sobre o que colocar no currículo – e o que não colocar – pode ajudar a melhorar sua imagem perante um possível empregador.
Certa vez, um professor no MBA me relatou seu espanto com as habilidades presentes em um currículo que ele recebera. Entre outros elaborados predicados do candidato, lia-se isso: “Office e Internet”.
Ai, que medo…
Mas não vamos impiedosamente rechaçar o candidato antes de refletirmos. Pense comigo: é possível que habilidades em Office e em Internet sejam diferenciais para se conseguir um emprego? Ora, é claro que sim. Mas…
Vejamos. Se o aspira é o mestre das tabelas dinâmicas do Excel ou faz sites no Power Point (já vi quem faça), certamente impressionará o patrão. Se ele conhece ferramentas secretas de SEO para ampliar a visibilidade do site da empresa onde pretende trabalhar, certamente impressionará o patrão.
Só tem um problema: ele ainda não tem um patrão. Ele só tem o currículo. E não dá para ver, pelo currículo, que ele sabe fazer todas essas coisas fantásticas, pois lá ele colocou apenas que possui “habilidades em Office e Internet”. Só isso.
Visto que, hoje em dia, crianças de seis anos possuem habilidades em Office e em Internet – talvez até mais que o nosso aspira – isso não ajuda muito. E, infelizmente, eis o que o entrevistador vai pensar:
“Ah, sim, esse candidato já fez trabalhos de escola e procurou coisas no Google”.
Lembre-se: sua imagem na entrevista é a segunda chance de conseguir o emprego. Antes dela vem a dificílima tarefa de vender suas competências sem ter a oportunidade de dar mais explicações. E de quem é essa responsabilidade tamanha? Do seu currículo. Ele é o portador da sua mensagem, disputando com dezenas de outros.
Minha sugestão? Bom, há dois caminhos. Se você é o aspira do trabalho de escola, simplesmente não mencione essas duas distintas habilidades. Como diria meu professor, saber mexer no Office e na Internet é um pré-requisito tão elementar que seria a mesma coisa que dizer no currículo “Sou alfabetizado”.
Ninguém faz isso.
O outro caminho é para o caso de você realmente ter uma competência ímpar em qualquer um desses dois quesitos. Mas, então, precisa dizer algo que faça diferença. Por exemplo, eu certamente gostaria de conversar com um candidato cujo currículo apresentasse algo assim:
“Consigo programar um ERP inteiro só usando Excel”.
Ou algo assim:
“Acredito que minhas habilidades em redes sociais podem dobrar o faturamento da sua empresa em dois anos”.
Percebe a diferença na abordagem?
Tenho uma forte sensação de que os entrevistadores desejam mais audácia de seus entrevistados, mas talvez estes últimos tenham receio de causar alguma má impressão. Minha opinião? Causa-se impressão pior parecendo-se igual a todo o mundo que se destacando pela ousadia.
Pense nisso.
2 Comentários
Cara super 10 essa matéria, realmente tudo que você mencionou é a mais pura realidade hoje em dia. Me ajudou muito, eu sempre tive duvidas sobre como elaborar meu currículo e agora com essas dicas está mais fácil e eu consigo pensar como um entrevistador gostaria de analisar um currículo.
Parabéns, suas informações nos fazem passar a pensar como os entrevistadores, muito bom…