Muito se fala a respeito de computação em nuvem e as maravilhas que o mundo informatizado ganha com esta nova fase da evolução tecnológica. Esses dias, porém, me deparei com dúvidas básicas pairando sobre cabeças não tão íntimas dos conceitos da tecnologia da informação. Mentes pensantes se perdem entre uma pasta e outra, entre um clique e outro. Neste artigo tentaremos clarear algumas nuvens.
Para começar, tenhamos em mente uma palavra: abstração. O conceito de nuvem trata principalmente de abstração. Abstração está na ideia de que o usuário (eu, você, o carteiro) não sabe o local físico do armazenamento dos seus dados (ou informações). E nem precisa saber. O usuário precisa dos dados e não se interessa em como serão providenciados, desde que estejam lá quando desejados.
Essa abstração já está presente em nossas vidas há tempos. Quando ligamos um interruptor, queremos que a lâmpada acenda. Não nos importamos se aquela energia vem em 110v ou 220v, se vem da hidrelétrica de Itaipu ou de Angra. Queremos a lâmpada acesa, estável, eficaz. De onde ou como a energia chega à ponta dos dedos é abstraído da maioria das pessoas e isso é normal.
Na computação em nuvem, essa abstração trata da não-dependência de máquinas ou equipamentos físicos, o que possibilita que o usuário usufrua de informações, independentemente do dispositivo (tablet, PC, celular). Para os administradores, a concepção em nuvem permite ligar ou desligar equipamentos, aumentar espaços de armazenamento, memória, sem necessidade de interrupção dos serviços prestados ao usuário, mas não vamos nos alongar nesse sentido.
Basicamente, quando contamos com um serviço em nuvem, temos o conforto de ver dados personalizados (configurações, favoritos, informações pessoais) independentes dos aparelhos que estivermos usando. Também nos permite ter arquivos de imagens, textos e planilhas criados em um computador (por exemplo) e disponíveis a qualquer tempo em nossos demais gadgets e até em Lan Houses, no escritório ou na casa da tia-avó, lá no interior, sem a antiga obrigação de transportarmos pendrives, CDs ou outras mídias.
Até aqui tudo bem. A confusão de alguns começa quando, por exemplo, instalamos um gerenciador de armazenamento em nuvem diretamente no nosso computador. Nem sempre é fácil entender como salvar um arquivo em uma pasta na área de trabalho faz esse arquivo parar imediatamente na nuvem se aquela pasta aparentemente pertence ao computador.
Acontece que, quando instalamos o gerenciador do Google Drive (ou Sky Drive, ou Dropbox) e este cria uma pasta na área de trabalho, a abstração permite que vejamos um arquivo local mas, na verdade, essa pasta é um apontamento (uma ponte) para a sua hospedagem na nuvem de servidores. Quando salvamos o arquivo naquele local, o gerenciador automaticamente, através da internet, transfere esse arquivo para a nuvem e disponibiliza acessos a este arquivo tanto ali na pasta “local”, quanto nos celulares, tablets e navegadores autenticados e conectados àquele espaço na nuvem.
Além dos recursos de disponibilidade, armazenamento, backup e compartilhamento em nuvem, outros recursos já estão sendo bastante usados. Os navegadores Firefox e Google Chrome já permitem configuração para que eles próprios exportem para a nuvem os favoritos do usuário. Assim, tablet trocado, celular novo, PC formatado, você não mais perde seus favoritos. Atualmente, o Chrome vai além e já permite que o usuário inicie uma leitura de um artigo pelo celular e, por conforto, troque para um tablet ou PC, sem precisar reabrir manualmente as páginas que estavam sendo lidas no dispositivo anterior.
A portabilidade da nuvem também pode ser aproveitada na manutenção dos contatos telefônicos e de e-mails. Com o conjunto Google + Thunderbird + Android, por exemplo, já se consegue criar um novo contato pelo telefone, alterar pelo navegador e enviar e-mail para o mesmo contato usando o cliente de e-mails ou webmail, dispensando decorar ou copiar-colar os contatos nas diversas frentes. Além disso e ainda mais interessante, também aproveitando o backup natural, não mais perderemos um contato. A antiga preocupação de fazer backups periódicos do seu catálogo de endereços a cada troca ou formatação do seu computador é coisa do passado.
Então, quando pensar em nuvem, abstraia, recline e aproveite. Você já esta nela.
3 Comentários
Muito interessante o artigo, principalmente para leigos que não fazem ideia do que é a computação em nuvem, por outro lado alguns que conhecem um pouco ficam temerosos sobre o fato de seus dados estarem compartilhando as mesmas mídias que outros (o aspecto segurança da informação)… que vai te obrigar a escrever outro artigo… rsrs!! 🙂
Outro ponto interessante é a inteligência por trás da facilidade de comutação entre dispositivos sem a perda da sequência, chamo isto de OTT (Over to the Top); é um novo mundo que surge!!
Esperamos outro artigo!!!
abraço Grande!!!
Muito elucidativo o artigo. Leiga como sou, costumo idealizar tudo fisicamente e, em se tratando de computação nas nuvens, eu estava literalmente em uma delas. Enfim, foi necessário vir alguém didático o bastante para “desanuviar” o assunto.
Parabéns e, por favor, continue escrevendo artigos como este para tirar da “nebulosidade” eu e muitos outros usuários.
Conciso e esclarecedor para um simples mortal! Muito bons os exemplos de abstração. Parabéns! Continue escrevendo esse tipo de artigos.