O que é o Lean?

Lean é um modelo gerencial aplicado através de princípios e técnicas operacionais, tendo como objetivo a redução do desperdício, a melhoria da qualidade e a maximização do valor entregue ao cliente. Em sua essência, é uma filosofia orientada à eficiência e eficácia de processos, centrada em criar mais valor com menos trabalho.

O termo Lean foi usado pela primeira vez por John Krafcik (1988) em seu artigo “Triumph of the Lean Production System”, base de sua tese de mestrado no Massachusetts Instituteof Technology (MIT). Krafcik, um engenheiro de qualidade do setor automotivo, havia trabalhado numa joint venture da Toyota/GM localizada na Califórnia e usou os anos de experiência na montadora japonesa para desenvolver sua linha de estudo.

Posteriormente em 1991, esse material foi utilizado pelo grupo de pesquisa que Krafcik também fazia parte, o IMVP (International Motor Vehicle Program) também do MIT, para produção do best-seller “The Machine that changed the World” (A Máquina que Mudou o Mundo), numa co-autoria de Womack, Jones e Roos (1991). Essa publicação foi sem dúvidas a de maior relevância para a disseminação dos princípios Lean e do Toyotismo (i.e. TPS), e a implementação desses princípios na manufatura.

Em 1995 Womack e Jones escreveram um segundo livro intitulado “Lean thinking: banish waste and create wealth in your corporation” (WOMACK; JONES, 2010). Essa publicação enumerou os conceitos básicos da metodologia Lean, dispostos em 5 princípios e a aplicação dos mesmos não somente à linha de produção e manufatura mas à diversas outras áreas de uma empresa, dando origem a novas abordagens como Lean Services (aplicado a prestação de serviços), Lean Product Development (aplicado a criação de novos produtos), Lean Office (aplicado a ativades administrativas) e Lean Enterprise (modelo generalizado, aplicado a toda a organização).

Os 5 Princípios do Lean Thinking são:

1. Valor
Consiste em identificar definir o que é Valor para o cliente.

2. Fluxo de Valor
Significa dissecar a cadeia produtiva e separar os processos em três tipos: aqueles que efetivamente geram valor, aqueles que não geram valor mas são importantes para a manutenção dos processos e da qualidade e, por fim, aqueles que não agregam valor, devendo ser eliminados imediatamente.

3. Fluxo Contínuo
Deve-se dar fluidez para os processos e atividades, de modo a perceber que o valor é criado sem obstáculos e impedimentos.

4. Produção Puxada
Permite inverter o fluxo produtivo: as empresas não mais empurram os produtos para o consumidor (desovando estoques) através de descontos e promoções. O consumidor passa a puxar o Fluxo de Valor, reduzindo a necessidade de estoques e valorizando o produto.

5. Perfeição
Deve ser o objetivo constante de todos os envolvidos nos fluxos de valor. A busca pelo aperfeiçoamento contínuo em direção a um estado ideal deve nortear todos os esforços da empresa em processos transparentes, em que todos os membros da cadeia tenham conhecimento do processo como um todo, podendo dialogar e buscar continuamente melhores formas de se criar valor.

Nos próximos artigos falaremos sobre a aplicação do Lean na engenharia de software.

Rodrigo Silva Pinto

Mais artigos deste autor »

Atuando com densenvolvimento de software a mais de 10 anos, nas funções programador, líder técnico e gestor. Áreas de interesse vão de estratégias empresariais e governança de TI à gerência de projetos e linguagem de programação. Atualmente cursando mestrado em Engenharia de Produção (enfoque em Lean & Agile) e trabalhando como coach de times ágeis.


Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos com * são obrigatórios!