Se você possui um grande desafio pela frente, há um meio de fazer parecê-lo menor com o uso de um pequeno segredo: a dopamina. Eu sou um viciado em dopamina. Você também, só que talvez não saiba.
Vamos de importante nota?
A leitura completa desse artigo é fundamental para a compreensão de seu conteúdo. O autor não se responsabiliza por quem erroneamente entenda a sinopse ou qualquer parte do texto como recomendação de consumo de substâncias químicas a título de automedicação. O autor não é médico e você, por favor, não seja bobo.
Ao fim do artigo anterior mencionamos que aquela divisão em três partes (Tripartite, lembra?) não era à toa. Tratava-se de um prenúncio do que falaríamos agora. Vamos falar, então.
Obs.: Aliás, o autor promete ser mais sucinto hoje, pois parece finalmente ter compreendido que são artigos, e não livros, o que as pessoas estão esperando dele mensalmente…
Há um tempão, havia produtos chineses de muita qualidade. Um deles é o barbicha aí da foto ao lado, um senhor de quem muitos já devem ter ouvido falar: Sun Tzu.
Em seu valioso compêndio intitulado A Arte da Guerra, Sun Tzu recomenda, entre outras ideias para detonar o inimigo, a seguinte: dividir para conquistar.
A estratégia militar encerrada nessa recomendação é muito interessante, mas não falaremos dela porque (1) não é o foco do nosso artigo e (2) eu não entendo de estratégias militares.
– Então por que citou o barbicha, Álvaro?
Porque o conceito de “guerra” pode ser estendido a qualquer disputa e, nos dias de hoje, as batalhas são corporativas. Se você é um trabalhador, portanto, você é um soldado moderno, e as editoras souberam bem aproveitar essa ideia ao transformar o clássico militar de Sun Tzu em um dos mais populares livros de negócios (viu só?) da atualidade.
Obs.: Agora o que a Paris Hilton estava fazendo lendo a Arte da Guerra, eu não sei…
Mas nós vamos além. Olhando com outros olhos, no mundo corporativo moderno, dividir para conquistar pode, sim, estar relacionado a algum concorrente, mas pode ter a ver também com outro problema, muitas vezes maior que o externo: a incrível desordem com a qual você realiza o seu trabalho.
Sim, porque a falta de ordem é um inimigo interno.
E sobre essa ameaça intrínseca que habita em muitos de nós como um alien (geração mais nova pós-Sigourney Weaver não entendeu a piadinha), existem algumas coisas que podem ser feitas e que, embora simples, costumam ser ignoradas.
Uma delas é: quando diante de uma tarefa grande, divida-a em partes. E sendo a realização da tarefa o objetivo a conquistar, fica clara aqui a presença da milenar recomendação dividir para conquistar do barbicha, certo?
Dentro da área de TI – já era hora de contextualizar o assunto – existem algumas ferramentas para auxiliar nessa conquista. Só não sei se falarei alguma besteira muito grande, pois não deu para pesquisar a fundo antes de escrever o artig…
– Quanta responsabilidade, hein, Álvaro?
[vou ignorar para ver se ele desiste]
Então, continuando… Falaram-me de um tal “Sistema Ágil” que, entre outras contribuições, visa reduzir tarefas grandes – cujo tempo de resolução não se pode estimar com clareza – a tarefas cada vez menores, de forma a caber, cada uma, em um único dia de trabalho. Assim, fica mais fácil oferecer um prazo de conclusão mais acurado para o cliente, bastando somar os dias ao final para dimensionar o total de tempo necessário.
– Ainda assim, será que não dava para pesquisar um pouquinho antes de escrever? Hoje tem o Google…
[não desistiu, o impertinente, e ainda ironiza]
Então… Dava para pesquisar, e eu até dei uma olhadinha, mas não fiquei muito seguro das informações que estava encontrando. E, de verdade, não faz a menor diferença, porque o profissional de TI sabe certamente melhor do que eu sobre essa ferramenta, bem como sobre diversas outras que se proponham a fazer algo semelhante (um tal de Project, por exemplo).
É por isso que, em vez de falar sobre o que você já sabe, prefiro falar sobre o que você talvez não saiba e, com isso, sustentar minha utilidade como colunista do Profissionais TI.
O que nos leva, enfim, à dopamina. Quase termina o artigo e não falamos dela, hein? E o colega aí querendo falar de sistema ágil. Ai, ai…
Nosso corpo produz diversas substâncias chamadas neurotransmissores que, entre outras funções, tem a de nos deixar felizes. Isso mesmo, felizes. A serotonina, por exemplo (priminha da dopamina), quando criticamente em falta no organismo, costuma levar à depressão. Nesse caso, uma depressão de ordem química – das que surgem mesmo que nada trágico tenha ocorrido na vida do cidadão.
A dopamina em si costuma causar no corpo uma sensação de entusiasmo – algo entre a mera disposição e a euforia – e, o que é mais legal: costuma ter sua produção intensificada pelo corpo em momentos de… conclusão de tarefas!
Percebeu o veio de ouro?
Por que deixar, então, para bebericar na fonte da dopamina só daqui a três meses, quando enfim concluir o tal projeeeto, se você pode transformá-lo em diversos miniprojetos e se encher de “entusiasmo dopamínico” ao longo de todo o caminho?
Minha recomendação: divida bem suas tarefas e, assim, use e abuse da sua dopamina. Ela amplia a ordem, viabiliza uma boa estimativa de prazo, é de graça, já está dentro de você, dá um barato e a polícia não pega.
Pense nisso.
P.S.: A tentativa trocadilhesca de usar “dopamina” significando “entrego para a garota” é muito sofrível e, por isso, não foi utilizada nesse texto.
1 Comentários
Muito bom!
Assumo que em determinado momento pensei que você havia se perdido, contudo me surpreendi com o desfecho e gostei muito!
Sucesso, e parabéns!