Picanha no espeto, fogo alto na churrasqueira e uma cervejinha gelada na mão – Ambiente totalmente impróprio para discussões sobre TI, não é mesmo? Nem tanto… foi exatamente assim que brotou a ideia do meu primeiro artigo, isto porque neste churrasquinho de final de semana estavam grandes e experientes profissionais do ramo de tecnologia da informação, telefonia e grande porte.
No auge de minha pouca idade e humilde experiência, comparado com os senhores presentes, resolvi fazer uma pergunta: – O que mudou nesses últimos 30 anos para os profissionais de TI?
O que se sucedeu foram inúmeras abordagens e opiniões de grande aprendizado para mim; mas uma frase dita por uma Analista de Sistemas de grande porte, semeou o silêncio e vários balançares de cabeça em concordância:
“Os caras da Informática já foram mais respeitados!”
Compilando os argumentos de todos escrevo este texto para informação e reflexão.
Nos tempos atuais, onde a terceirização de serviços se tornou um sólido recurso para as empresas, quem mais sofre são os empregados; mas por quê? Há duas décadas, contratava-se um profissional por sua capacidade técnica e seu poder de apagar incêndios, algo prático para empresas e funcionários, nos bons e maus momentos, criando um vínculo entre eles. Em contra partida isso gerou também o enaltecer de “os caras”, aqueles que detinham o conhecimento de uma determinada área, enquanto os outros funcionários e a empresa jamais sabiam o que, e como, eles realizavam tudo. Claro que um dia isso teria que mudar para a garantia de que o conhecimento passasse a ser da empresa e não de um funcionário… e mudou!
Hoje o que se vê são esses mesmos profissionais de 30 anos atrás botando a mão na massa durante 10% do seu tempo de trabalho e na maioria restante elaboram relatórios de execução de atividades e de testes para que a empresa terceirizada possa ter subsídios na hora de provar a realização dos serviços ao cliente; eles não vestem mais as camisas das empresas dos clientes, pois sabem que amanhã estarão trabalhando em novos contratos. O Protecionismo da informação estimulado pelas empresas, apesar de necessário, é usado de forma ineficaz e apenas muda-se o dono do conhecimento: Antes era “o cara” agora são “os terceiros”. Em suma: os clientes continuam reféns dos outros.
Nessas 3 décadas, muitos profissionais tiveram que se adequar às novas práticas e ao mercado e conseguiram com louvor, porém, restou um ar saudoso do tempo em que os caras de TI provavam sua capacidade realizando o que precisavam, e não deixando de trabalhar 90% do tempo. E, por isso, estes profissionais de larga experiência, “dinossauros” para quem gosta do termo (eu não gosto), não se sentem tão valorizados como antes, e não devido aos salários, já que hoje são bem mais atrativos que anteriormente, mas sim em virtude do ambiente de trabalho, da falta de vínculo com a empresa e do respeito adquirido por suas realizações.
Nos tempos em que a informação tem maior valor que o dinheiro é extremamente necessário cuidar deste bem com a devida atenção e há de se pensar nos negócios, porém, não ao preço de minimizar a participação de grandes profissionais e suas benfeitorias. Os grandes comerciantes de serviços de tecnologia da informação devem entender que o maior bem que uma empresa pode adquirir, e que se deve manter, são seus recursos humanos.
Se não abrir os olhos para estes acontecimentos e começar a refletir sobre o real valor das coisas, daqui a alguns anos estes problemas poderão acontecer com você, e você está preparado para ser menos respeitado pelo mercado?
19 Comentários
Sou terceiro e discordo de o cliente ser refém do terceiro, pois efetuamos o contrato e o cliente tem acesso à todas as informações que são correspondentes ao seu ambiente, desde manuais de instalação de software à licenças, maquinário e informações contratuais. Talvez haja cenários aonde o cliente é refém do terceiro, mas aí vai de acordo com o que uma empresa quer pagar por um serviço, talvez seja algo em torno de preço X qualidade. E também tem o fator de que as empresas que terceirizam a TI, não dão muita importância pra essa área na grande maioria dos casos, aí contratando a empresa que cobra menos.
O PJ é o futuro dos profissionais de TI. Alguém discorda ?
Sou MEI e desde 2013, venho buscando espaço nessa área de prestação de serviço, o fator é que o investimento para ser um profissional qualificado é muito alto e muitas empresas não querem pagar o que de fato esses profissionais exigem.
O grande problemas nas empresas, estão nos departamentos de Recursos Humano,s que muitas vezes não tem a menor ideia sobre as qualificações desses profissionais.
Gostei da matéria e parabéns pelo site. Sou também, assim como os amigos, prestador de serviços na área de HelpDesk e concordo que “nós” já fomos mais respeitados, e essa mudança deve gerar inovação. Antigamente prestava o serviço e mandava a NF no final do mês e pronto. Agora precisamos ter um perfil “mais corporativo”, apresentar relatórios e gráficos sobre os serviços prestados e realmente justificar o investimento do cliente.
E concordo com o Newton, o PJ, no meu caso, oferece mais garantias para a continuidade de qualquer empresa de suporte.
Trabalhei 5 anos e meio em uma empresa de grande porte na parte do Ti, ganhei muita experiencia, porém, os tempos são outros.
Hoje sou MEI e tenho minha empresa com alguns contratos e vale a pena (se você trabalha bem e se especializa na área), antigamente fazia muito e ganhava pouco e não tinha o reconhecimento necessário, isso e fundamental para o profissional, hoje muitas empresas nem ligam para o suporte, não investem e querem uma mega infraestrutura.
O técnico de Ti perdeu seu respeito, quantas e quantas vezes ouvi falar que técnico e enrolado e que não faz direito, muitos não entendem que informatica não e que nem trocar uma lampada e que exige responsabilidade.
Trabalho na área de suporte a bastante tempo. Realmente as coisas estão mudando. Mas o que poderia ajudar a melhorar é regulamentar o orgão de classe para área de TI. Pois assim quando uma empresa contrata-se um profissional teria que ser regulamentado no orgão. Pois hoje qualquer um que mexe com TI faz qualquer serviço e por qualquer presso e qualidade ruim.
Rafael, belo texto abordagem bem feita, e concordo que já fomos mais respeitados. Porém, eu gostaria de deixar uma reflexão para os leitores do seu site, o que determina o valor de qualquer profissional é a sua raridade no mercado. Mesmo terceirizado nós temos um trunfo muito poderoso em nossas mãos, cada cliente tem uma particularidade, ou possui alguma deficiência onde podemos ajudar. Saiba proporcionar qualidade e melhoria de serviço para o seu contrato e este cara nunca mais vai deixar você ir embora, não estou falando para ocultar informação não, que é anti ético, estou dizendo para buscar um diferencial mesmo que esteja fora do escopo, somos de TI, e existimos para otimizar, automatizar e dinamizar processos.
“A falta de respeito”, aos profissionais da informática vem da falta de certos regramentos. Como não haver um conselho que regule a profissão semelhante aos conselhos de engenharia, enfermagem, OAB, etc.
Assim, qualquer um ou qualquer empresa trabalha do jeito e da forma como bem entende.
Para muitas empresas, informática em especial Redes e programação, é tida como área para adolescentes e jovens entrando na fase adulta (< 22 anos). Não porque têm facilidades de aprendizado, etc, Mas, porque elas (empresas) sabem que essa gurizada mora com os pais e tem tudo custeando como faculdade, cursos, viagens, etc. Então, tirando para pagar a prestação da moto e do carro, mais uns trocos para as festa e comprar roupas já esta bom.
Desta forma, pagam salários cada vez menores, hoje, um programador bom seja qualquer for a linguagem de programação e com um bom inglês esta recebendo quase que a mesma coisa que um cobrador de ônibus, sem desmerecer os cobradores, mas é uma realidade. A tendência é cada vez ser menos.
Têm muitos profissionais competentes com certificações que não consegue receber mais que R$3000, salvo algumas exceções. Em redes então, nem se fala.
De que jeito os profissionais de TI, vão querer respeito se não tem um piso salarial da categoria estabelecido em lei. Um engº, segundo o CREA, não pode recebe menos de R$4500,00.
Hoje, quem esta como gerente, gestor, supervisor recebendo mais que R$4000, logo será substituído por outro com o salário menor, à medida que o mercado fique inchado de "profissionais".
A regulamentação e a criação do conselho é a solução. Nós não temos um código de ética e responsabilidade profissional assim como as outas áreas. O mercado não possui uma referência clara afim de se organizar para que o setor e todos os envolvidos tenham qualidade na carreira. Segundo dados de uma matéria que assisti no Olhar Digital, o Brasil está com déficit de mais de 140.000 profissionais de alto nível. Um outro dado também mostrado no Olhar Digital é o índice de abandono da profissão. As pessoas se formam, estudam muito e quando chega num determinado momento da carreira não suportam mais a pressão e a falta de perspectiva no futuro abandonando a área. Elas comparam a TI com outras áreas como; saúde, engenharias que não seja relacionada a TI, arquitetura, marketing, turismo e até direito etc… e chegam a conclusão que não vale a pena tanto esforço por nada. O número é assustador….mais de 70% abandonam a carreira até 5 anos após formados. Isso é incrível quando a nível global, a TI é o quarto mercado do planeta em movimentação econômica. Na ordem…indústria química, metalúrgica, alimentos e depois vem a TI. Um outro paradigma é: somos em grau de importância para as empresas, depois da diretoria, o setor mais estratégico da organização. Tudo passa por nós. Tudo funciona porque nós atuamos. Os diretores decidem porque nós colocamos as informações que precisam de forma rápida em suas mãos. Mas somos vistos como custo perverso e não como investimento.Comparando com marketing; Um projeto de marketing é visto como investimento e não como despesa. Deveríamos sermos vistos assim também.Por isso acredito eu que um código de ética, a regulamentação do setor e um conselho que zele pela classe seria a saída.
O próprio profissional da area criou isso. E uma regulamentação na área seria necessário para tirar alguns profissionais que se acham qualificados e conseguem tirar empregos de profissionais qualificados por “QI”, amizade e outros fatores
Já fui gerente de TI de uma empresa conceituada e sei que ninguém na empresa entende as limitaçoes da tecnologia e acham que somos capazes de tudo, de agradar todos e de fazer milagres com o orçamento. Hoje sou Consultor e me especializei em Disaster Recovery e ITIL pois ficar apagando fogo nunca mais.
Não tem muito o que falar apenas INFELIZMENTE! Porém no final de semana quando tem incêndio de quem eles lembram? É o rádio de quem que toca sem parar? Quem realmente resolve os problemas e fazem implantações para melhorar o trabalho?
Concordo com todos os comentários acima e digo mais, infelizmente tem muita gente de outras áreas se aventurando em TI, aceitando qualquer salário para pagar faculdade, curso,etc , desmerecendo e tirando a oportunidade de quem realmente é de TI. Engraçado que TI aceita profissionais com formação de administração, contabilidade, psicologia, marketing, Rh, etc… Mas nós da TI não somos aceitos nessas áreas.
Concordo plenamente com o artigo citado, a área de TI com o passar dos anos foi sendo segregada dentro das empresas até o passo onde surgiu a terceirização em massa dos funcionários dessa área. A falta de regulamentação atrapalha e muito a definição de fato da identidade do profissional de TI, infelizmente ao meu ver o futuro dessa área como já disseram nos comentários é a pessoa virar PJ não fazendo mais parte de uma empresa e sim de várias através dos serviços,
acho q o processo de terceirizacao de servicos reduziu garantias e desqualificou o profissional, devido a valorizacao financeira do profissional, pq posso ser muito bom em uma área porém o valor definido pela empresa desqualifica e satisfaz o informata, sem contar que a empresa contrata profissionais e querem exigir titulos e nao valorizam os titulos…. por isso muitos formados desistem e migram pra outras áreas. .. e ainda vem reportagens dizer que o mercado ta favoravel e pagando bem pra N’s profissionais…. aaaa va se catar ….
Olá, concordo em não ser mais respeitado, tenho 23 anos de experiência na área de TI, passando por desenvolvimento de ERP´s, varias linguagens, implantações, gerente de área, gerente de projetos e quando cheguei à 10 anos de experiência percebi isto, que de fato foi o que todos relataram, resolvi diversificar minhas qualificações em outras áreas corelatas sem deixar a TI. Foi a melhor coisa que fiz. Pois o Patrocinador, não quer saber suas qualificações, problemas. quer o sistema funcionando no orçamento e prazo estabelecido, se não for atendido 100% que atenda o necessário caso contrário aciona o judiciário, e ele esta certo, porém é humanamente impossível ser excelente um tudo e ter uma equipe diversificada ou fornecedor que atenda. E quando você for excelente em uma área terá apenas 5 anos terá que aprender uma nova tecnologia. Por isso da galera nova vir, sem experiência, aprende na fogueira e quando é para aumentar seus justos valores pelo serviço é melhor dispensar e começar de novo. Com isso quero chegar das varias falhas de sistemas em empresas e que cobram o profissional responsável e não paga nada mais por isso. Os escritórios de projetos conseguem quase extinguir estes problemas, mas basta apenas um palavra do patrocinador “Coloca para rodar” e tudo vai por água baixo. Todas as áreas tem seus problemas, sem exceção, influência de demandas, economia, sazonalidade e politica. Mas a área de TI no mundo inteiro é igual. Apenas alguns privilegiados terão o salário maior, não dormiram, perderão suas vidas, famílias por não delegar suas responsabilizardes, pois tem medo do Patrocinador escolher o próximo. Sou à favor sim de profissionais de TI serem PJ, trabalharem em diversas consultorias ou empresas, como o modelo dos profissionais de medicina.
Sou profissional de TI há 17 anos e gestor de TI há 14, portanto, seguem, abaixo, minhas contribuições.
1- FALTA DE RECONHECIMENTO: é fato! Mas essa falta de valorização é muito mais culpa nossa, profissionais, do que de terceiros. Atualizar-se em TI não é simplesmente ser expert em banco, desenvolvimento, análise. É muito mais q isso. E, qdo não nos atentamos para essa realidade, estamos fadados ao preconceito e às consequências decorrentes – não reconhecimento, desprestígio, desvalorização etc.
2- CONSELHO DE CLASSE: conselhos profissionais que regulem as profissões são um dos principais alicerces para o crescimento e consolidação dessa profissão. Eqto não houver um conselho que nos regule, acreditem, estaremos sempre à margem. Assim, a principal luta que precisamos travar é a de estabelecer, urgentemente, um conselho de profissionais de TI.
3- PROFISSIONAL DE TI DO FUTURO: ensino isso constantemente à minha equipe, meus filhos e a quem quer que possa: o profissional do século XXI será aquele que detiver conhecimentos largos de tudo. Acabou aquele q se denominava “O cara”. Hoje – e assim será por muitos anos -, o profissional de TI acessível, competente e indispensável, é aquele que detém conhecimentos gerais sobre o negócio da empresa, além de outras ciências que o auxiliarão a conhecer e determinar a solução para o negócio da organização que o contratou. Saber direito, administração, filosofia, sociologia, contábeis e português será condição suficiente e necessária para o profissional de TI respeitado e valorizado se estabelecer no mercado vigente e do futuro.
É isso!
estou entrando na área agora, tenho 19 anos, ja tenho curso técnico em redes de computadores e em 2018 vou fazer faculdade, estou na duvida em qual fazer, a minha preferencia é ciências da computação, caso não consiga vou para GTI, para quem é mais experiente, esse mercado vale mesmo apena?
Parem de sonhar! Se o mercado fosse “regulado” (o que nunca vai acontecer), o mundo literalmente acabaria, visto que os melhores profissionais (tanto engenheiros de software, quanto de rede e eletrônica) não têm formação em “análise de sistemas”, “sistemas de informação” ou “redes”, que são cursos de segunda categoria. Encarem a realidade: se está ruim, é porque você está procurando no lugar errado ou não é bom o suficiente. O mercado esta super tranquilo para a maioria dos profissionais com nível alto.
A propósito: reclamar desta minha mensagem não vai fazer tua realidade melhorar. Seja homem e bote p/ quebrar!