8 de março: como estão as mulheres na TI?

O dia 8 de março é tido como o Dia Internacional da Mulher, mas você sabe a origem desse marco? Muitas pessoas não se interessam em saber e apenas assumem um caráter comercial vendendo anúncios de produtos e estimulando compras de flores, chocolates e acessórios de beleza. 

Será mesmo que é isso que as mulheres desejam? Eu, como mulher, afirmo que não, pelo menos, não todas nós. 

Queremos questionar o nosso espaço na sociedade, nos afirmar enquanto identidade que merece respeito e dignidade, desejamos oportunidades iguais e salários justos. Nosso objetivo neste dia é questionar onde a sociedade nos coloca, no lugar de subalternidade e mudar esse paradigma, romper com o status quo. E nós, mulheres de exatas, temos sim que nos posicionar e levantar outras conosco. Porque o nosso lugar é onde quisermos: na área de exatas, humanas, biomédicas, dentro de casa ou pelo mundo afora.

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Segundo dados recentes do IBGE (2019) as mulheres na área de TI representam somente 20% dos cargos ocupados (e quando se trata de posições de chefia esse percentual caí mais ainda). Então, você já parou para se questionar disso?

base de tudo está na ideologia de que TI e a área de exatas no geral não é lugar para as mulheres. O lugar delas é no cuidado: educação, saúde e administrativo. Sempre colocando a mulher na posição daquela que serve a tudo e a todos, nunca na posição de quem pode também ser servida por alguém. Partindo dessa ideia sem o menor fundamento científico, mas com total embasamento político e econômico típico da sociedade patriarcal, vemos pouquíssimas mulheres nas graduações de exatas. 

Eu mesma quando fiz minha graduação em TI no começo dos anos 2000 lembro-me que só existiam na sala eu e mais quatro colegas e o restante em torno de vinte e poucos alunos homens. Professores na graduação, todos homens. Professores no MBA, em torno de 80% homens.

Hoje, cursando Psicologia o quadro mudou completamente, minha turma é composta por quarenta pessoas e dessas somente seis são homens. Só tenho dois professores homens e a coordenação também é liderada por uma mulher. 

Quando falamos de profissões do cuidado as mulheres continuam sendo maioria porque somos ensinadas a cuidar, a servir, a nunca estarmos competindo de igual com os homens e mantendo essa estrutura social que nos separa e isola em quadrantes distintos no mercado de trabalho.

Outro ponto que dificulta o nosso acesso e a nossa permanência na área de exatas, principalmente, na área de TI é a deslegitimidade que sofremos por parte do mercado. Este majoritariamente masculino. Cansei de ouvir de colegas e chefes a frase de que não gostam de trabalhar com mulheres porque dão muito trabalho, são muito sensíveis, choram à toa e por aí vai o preconceito impregnado nas mentes das pessoas.

Eu já presenciei colegas, homens, chorando de raiva, socando a mesa, saindo e batendo a porta após reuniões tensas com a liderança. Então, pergunto: tudo bem trabalhar com pessoas com esse temperamento? É melhor ou pior do que encarar o choro de uma mulher? Percebam, em ambos os casos estamos falando de ausência de inteligência emocional para lidar com o agressivo e opressor ambiente corporativo, mas no primeiro caso a agressividade domina e no segundo a vulnerabilidade se expõe. E nós sabemos que não somos educados para encarar as nossas fragilidades, portanto, preferem a agressividade e as tem como algo natural. 

De natural não tem nada. Tudo não passa de construção social: homens agressivos e mulheres frágeis. 

Por isso, quando escolhi essa área e ao perceber na graduação que eu ingressava em um território que era masculino eu comecei a entender onde e como me posicionar para exigir o mesmo respeito. Então, caras colegas deixo aqui 4 atitudes que foram e são meu escudo contra o patriarcado:

  • Nunca aceite desacato ou desrespeito.
  • Imponha os seus limites.
  • Sempre estude, o conhecimento é um trunfo para nós.
  • Não tenha medo de ser vista como “estressada”, “nervosa” e tantos outros rótulos que usam para nos silenciar.

Eu tive diversos chefes homens e mulheres que foram verdadeiros carrascos, mas nunca aceite gritos, ofensas e comentários desrespeitosos. Assim como tive alguns líderes homens e mulheres que me fortaleceram e me ensinaram a me colocar e impor nesse mercado.

Fui orgulhosamente líder de algumas equipes, trabalhei sempre com mulheres buscando empoderá-las, mostrando que somos tão capazes e dignas quanto qualquer homem da equipe e que merecemos ser tratadas com igual respeito, e, hoje as vejo fortes e seguras em suas carreiras. Assim como liderei homens que não conseguiam demonstrar seus sentimentos e se fechavam mediante um ambiente opressor de trabalho e os ajudei a lidar com suas emoções e a expressar suas angústias para que não sufocassem e nem sucumbissem mais as pressões sofridas.

Todos nós, homens e mulheres, temos as nossas forças e nossas fraquezas. Somos humanos. Só queremos ser felizes. Por isso, no Dia Internacional das Mulheres eu os convido a essa reflexão: “O que eu posso fazer para contribuir com uma mulher na minha área para que elas ganhem igual espaço no mercado?” – olhe ao redor e veja se você vem agindo para mudar essa realidade desigual ou se vem se omitindo e mantendo tudo do modo desigual como sempre foi na sociedade.

E para vocês, mulheres, deixo aqui algumas dicas de curso gratuitos para investirem em suas carreiras.

Encerro desejando que sejamos todas nós mulheres, cis/trans/negras/brancas/indígenas/ricas/pobres, sejamos respeitadas, valorizadas e possamos ocupar todos os espaços que quisermos sem medo, sem injustiça e sem desvalor.

Não desista de você e dos seus sonhos. 

Carolina Souza

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Psicóloga (CRP 06/203773) e Especialista em Gestão de Projetos (PMP) atua há décadas no mundo empresarial. Certificada CPRE, SFC, ITIL com profunda experiência nas áreas de Engenharia de Requisitos, Análise de Processos e Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance. Palestrante. Colunista no PTI desde 2013 sempre colaborando com artigos focados no desenvolvimento profissional dos leitores e gerentes de projetos em início de carreira.

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