A Gestão do Conhecimento (KM – Knowledge Management), é uma prática que tem suas origens nos tempos mais remotos da história da humanidade com uma aplicação importante até os dias de hoje. Apesar de essa prática reportar à épocas remotas, na atualidade sua importância é crescente, principalmente no ambiente corporativo.
Devido à globalização, a inovação passou a ser uma prática indispensável para a criação, ou mesmo a manutenção, do diferencial competitivo. Assim, cada vez mais os resultados das empresas dependem diretamente do conhecimento de seus colaboradores, em especial dos talentos e dos líderes. Neste contexto, as empresas criaram ambiciosos projetos com o objetivo de extrair de cada funcionário o conhecimento tácito e guardá-lo em suas bases corporativas de conhecimento, de forma a manter suas informações estruturadas e aumentar seu potencial de inovação.
O principal conceito por trás desta visão top-down de Gestão do Conhecimento é a trilogia dado–informação–conhecimento.
Os dados são como registros isolados, inputs em um sistema. As informações, por sua vez, são conjuntos de dados organizados conforme uma determinada racionalidade, possuem um sentido auto-contido. Já o conhecimento, por fim, é a utilização de uma ou mais informações para uma finalidade específica. A trilogia acima descrita pode ser, portanto, melhor assimilada de acordo com o exemplo de cada item da trilogia explicitado a seguir:
- Dado: 2.
- Informação: 2 pães comprados.
- Conhecimento: 2 pães comprados, logo não preciso mais comprar pães.
A grande maioria dos projetos corporativos de KM fracassou, pois se acreditava que bastava a criação de repositórios que permitissem (ou obrigassem) os funcionários a explicitarem todo seu conhecimento, que eles o fariam como mais uma tarefa qualquer de sua rotina. Havia uma ênfase excessiva na tecnologia, que era colocada como o fator exclusivo de sucesso. Logo, o descaso com as questões culturais foi a grande causa do elevado índice de fracassos.
KM e Cultura Organizacional
A cultura organizacional é composta por preceitos, normas institucionais, características físicas, tecnológicas e ambientais, anseios e comportamentos de seus funcionários (dependendo do conceito pessoal do que é ou não interessante e da bagagem cultural dos indivíduos). Assim sendo, é um ponto chave para o sucesso de iniciativas de gestão do conhecimento.
Contudo, não basta explicitar o conhecimento individual e deixá-lo armazenado em repositórios especialistas. Neste ponto, o maior valor é gerado quando coletivamente se constrói o conhecimento e as decisões, através da colaboração de uma equipe. E, ao se tratar de trabalho em equipe e colaboração, encontram-se barreiras culturais associadas a perfis individuais.
Para transpor essas barreiras é necessário um grupo de condições específicas que estimulem a colaboração e que deixem os agentes desse processo seguros quanto a sua importância para a corporação e quanto à forma que o conhecimento compartilhado será utilizado. Portanto, é preciso dar suporte ao aprendizado em todas as suas fases: antes da tarefa (informações e competências necessárias disponíveis), durante esta (tornando o registro do processo de criação natural) e depois (avaliando os resultados e identificando pontos de melhoria). Dessa forma, os usuários se sentirão confortáveis e seguros em um ambiente de confiança mútua onde é possível a colaboração e o compartilhamento do conhecimento.
Essas condições propícias para o estímulo à colaboração, muitas vezes consideradas secundárias nas empresas, permitem que tanto o resultado do conhecimento coletivo quanto o seu processo de criação fiquem registrados, podendo ser, portanto, reutilizados. Constitui-se, assim, uma efetiva Gestão do Conhecimento.
De Gabriel Renault Magalhães com a colaboração de Marta Abrão.