Na última semana foi anunciada a compra da operadora de telefonia de internet, Skype, pela gigante Microsoft por nada mais nada menos que US$ 8,5 bilhões. Mas até onde vai esse investimento, essa aposta da Microsoft?
A grande disputa no mercado de tecnologia deixou de ser apenas por dinheiro. Hoje, a briga é por audiência. O Skype é a maior operadora de telefonia pela internet. A base de usuários da empresa deriva de 700 milhões de downloads do aplicativo. O programa conecta dezenas de milhões de usuários conectados Simultaneamente e espalhados pelo mundo todo.
Ou seja, basta olhar esses números para enxergar o mar de oportunidades que a Microsoft passa a ter. Além de alcançar essa vasta gama de usuários, a empresa criada por Bill Gates também sai na frente de outros gigantes, como Facebook e Google, no mercado de telefonia via internet.
De forma maquiavélica, muitos já especulam que a Microsoft irá limitar o Skype apenas aos seus interesses. Plataformas Windows, Windows Phone, Xbox-Live, entre outras da marca irão contar com o programa, enquanto iPhone, iPads, MacBooks, Androids, e diversas outros sistemas ficariam órfãos do aplicativo.
Mas se levarmos em conta o histórico da Microsoft, quando ela é detentora de uma tecnologia, utiliza-a como um diferencial, embarcando os produtos junto às mais diversas plataformas. A reação mais provável não seria a descontinuidade da oferta do Skype para plataformas concorrentes da Microsoft, mas sim a de oferecer uma versão superior para quem utilize os produtos da marca.
Exemplificando: o Skype continuará tendo suporte no iPhone, mas a versão para Windows Phone será melhor, ou mais integrada com as demais funcionalidades do sistema operacional. Na medida em que a Microsoft agregue o Skype à sua plataforma mobile, ela cria um diferencial para sua plataforma, uma forma de atrair mais usuários e gerar maior competitividade a sua plataforma para smartphones, em relação à concorrência com as ofertas do Google (Android) e Apple.
Além de agregar um novo produto, oferecer um diferencial e englobar milhões de usuários com a compra do Skype, a Microsoft ainda passa a ter a oportunidade de alavancar uma área na qual anteriormente não havia obtido sucesso: o setor de Telecom. Com a aquisição da operadora de telefonia via internet, a Microsoft passa a gerar novas receitas, com perfil recorrente, modificando o perfil do fluxo de caixa da empresa.
Em resumo, a Microsoft não desembolsou US$ 8,5 bilhões por apenas um software. Ela investiu num conjunto de oportunidades, além do acesso a mais pessoas: audiência e usuários.
* Roberto Carlos Mayer é diretor da MBI, vice-presidente de Relações Públicas da Assespro Nacional e representante do Brasil junto à ALETI (Federação Ibero-Americana das Entidades de TI).