Este é o terceiro e último texto de uma série de artigos sobre um dos meus assuntos preferidos: carreira no exterior.
No primeiro artigo, falamos um pouco sobre as motivações que nos levam a buscar um desafio profissional no exterior. No segundo, mostramos alguns dos caminhos que podem ser percorridos para abrir a primeira porta profissional no exterior. Nesta última parte, vamos falar sobre os principais desafios e vou compartilhar algumas das minhas experiências dos últimos 3 anos e meio trabalhando e vivendo na Austrália, bem como as de outros profissionais que também vieram para este lado do mundo e conseguiram crescer em suas carreiras.
O primeiro desafio: obtendo o visto adequado
O primeiro e talvez maior desafio na busca do crescimento profissional fora do Brasil é encontrar a forma mais adequada de poder entrar e permanecer no país de destino, com permissão para trabalhar. Como comentei no texto anterior, dependendo do tipo de empresa em que você trabalha atualmente, talvez a sua oportunidade esteja mais perto do que você imagina. Multinacionais de vários ramos hoje em dia oferecem programas de expatriação temporária (e as vezes até permanente) para seus funcionários. Porém, se este não é o seu caso, busque informações sobre sponsorships ou imigração qualificada.
No meu caso, por exemplo, lá em 2006 resolvi pesquisar sobre os programas de Imigração Qualificada da Austrália e do Reino Unido, que concedem visto de residente permanente aos que atendem os requisitos com sucesso. Este tipo de visto não apenas permite trabalhar full-time no país de destino sem restrições, como também permite que você viva no país por tempo indeterminado (independente de estar empregado ou não).
Obter o visto adequado aos seus objetivos é essencial, crucial, obrigatório, fundamental para que você não se sinta frustrado poucos meses ou anos depois de chegar no país que escolheu apenas para ter que lidar com o drama de não poder ficar permanentemente (se essa for sua vontade).
Armadilhas
A pergunta mais popular que recebo dos leitores do meu blog é mais ou menos essa:
“Estou indo com visto de estudante e quando chegar aí eu procuro alguma coisa na minha área. O que você recomenda?”
O que eu recomendo? NÃO VENHA. Simples assim.
Explico: se você, que já domina o idioma do país de destino, pretende imigrar com o objetivo de trabalhar full-time, na sua área de atuação, buscando crescimento profissional, não caia na tentação de vir com um visto mais fácil de obter (visto de estudante ou turista, por exemplo).
É muito, mas muito comum mesmo ver profissionais com ótima qualificação no Brasil, pós-graduação e anos de experiência no mercado brasileiro chegarem aqui com um visto que não lhes permite trabalhar full-time e que acabam sofrendo com a frustração de dominar o idioma, querer trabalhar, possuir skills e experiência mas esbarrarem em um pré-requisito legal: o visto.
Claro que a situação que descrevi acima é totalmente diferente de quem realmente vem para estudar idiomas ou outros cursos. Para quem busca mais conhecimento, ou seja, possui um objetivo totalmente diferente do discutido acima, a única coisa que posso recomendar é: VENHA AMANHÃ MESMO! Se você é jovem e quer fazer um intercâmbio e estudar no exterior, você tem 100% do meu apoio. Será uma experiência de vida impagável e inesquecível.
Nem tudo são pedras no caminho
Meu amigo também de Porto Alegre, Guilherme Ramos, que também vive aqui em Sydney, resolveu vir para a Austrália com o visto de estudante e parte do seu plano era tentar um emprego, mesmo que part-time, na sua área, desenvolvimento em PHP. Seu plano, porém, era claro e suas expectativas estavam definidas de acordo: caso ele não encontrasse um emprego que lhe agradasse, ele voltaria ao Brasil meses depois, feliz por ter tido a experiência de viver alguns meses em um país maravilhoso e ter estudado inglês em um país que a fala nativamente.
Com um punhado de sorte e muita insistência, o Guilherme encontrou uma empresa que lhe ofereceu um sponsorship e o convidou para trabalhar full-time.
Hoje, o Guilherme trabalha no time de desenvolvimento da Yahoo Australia e é um dos casos de sucesso que tenho orgulho de compartilhar, principalmente porque já éramos amigos em Porto Alegre, muito antes de decidirmos sair do Brasil.
Assim como o Guilherme, conheço vários outros casos de profissionais que, com a dose certa de planejamento e conhecendo-se suficiente para não haver grandes decepções ou frustrações, partiram para o exterior sem grandes pretensões e hoje são profissionais de sucesso nos países que escolheram.
E afinal, sonho ou objetivo?
Repito a pergunta lá do início do primeiro texto a convido você leitor a refletir:
Esse seu desejo de partir para uma carreira no exterior continua sendo apenas um sonho? Ou já virou um objetivo concreto?
Se virou um objetivo concreto, ótimo! Então vejo você em breve aqui em Sydney… ou em Londres… ou em Dubai, Nova York, Berlin ou seja lá onde a sua determinação te levar 🙂