Gestão com Pessoas: Só quem gosta desenvolve pessoas

Quando escolhi seguir a área de exatas, a pergunta que mais respondi foi: “Por que você escolheu Tecnologia da Informação?”. E a resposta super original sempre foi, na limitada visão de mundo que eu tinha, eu acho mais fácil lidar com máquinas. E para lidar com pessoas foram necessários anos de investimento no meu desenvolvimento de carreira.

Realmente é muito fácil lidar com máquinas, outro dia o Joaquim Fagundes, consultor com 15 anos em experiência no desenvolvimento de lideranças, disse exatamente que hoje as crianças de 3 anos já usam computador, elas só não nascem falando, porque não sabem qual o idioma devem falar. Isso quer dizer que a minha limitada visão estava correta, as máquinas são fáceis de lidar. Travou, reinicia. Quebrou o monitor, troca. O disco rígido pifou, substitui e baixa o backup.

Mas as pessoas não são assim, são as máquinas mais complexas e intrigantes que um estudioso tem o privilégio de desvendar. Ainda assim não se torna algo simples, suas ricas nuances de vida, experiências e complexidades que o formam, merecem atenção especial. Não existe uma fórmula que você cria e aplica em todos como se fosse uma linha de montagem. Cada um tem pontos fortes e oportunidades de desenvolvimento a serem desvendados e canalizados, o tempo de processamento é diferenciado e não adianta tentar acelerar, é personalizado (estamos falando de pessoas).

Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas que me transmitiram dicas e conhecimentos, mas eu fui presenteada em minha trajetória por dois mentores (um no início da minha vida profissional e outro quando resolvi dar uma guinada). Esses mentores em especial eram pessoas que gostavam de pessoas, sem tempo ruim para um papo franco, olho no olho, doído muitas vezes, cheio de insights e que confesso, me faziam ir do choro ao riso ou vice-versa. Provavelmente se essas pessoas que gostavam de pessoas não investissem tempo na minha vida eu não seria o que sou hoje. Muito obrigado aos meus amados mentores.

Eu sempre os olhei com aquele olhar de “quando eu crescer quero ser como você”, não que eles fossem perfeitos, longe disso. Mas a senioridade em que os temas mais complexos eram discutidos, clarificados e pontuados, me davam a segurança de argumentar, ponderar e decidir. Outro dia recebi uma mensagem de um amigo, ele está conquistando os seus sonhos e eu tive o prazer de mentorear seu início profissional, na mensagem ele dizia que se um dia ele for metade do que eu sou ele ficaria feliz. Uau!!! Penso com muita alegria que estou quase no patamar dos meus mentores, pois era isso que eu dizia a eles e se ouvi isso de um discípulo estou bem.

Lógico que esse olhar de gratidão que me foi lançado por ele foi fruto de muito investimento. Pessoas que gostam de pessoas investem o que possuem de melhor em seus mentoreados quando são escolhidos. Não é difícil gostar de quem gosta de pessoas, por isso nunca vai faltar quem te convide para essa rica experiência de mentoreamento. Invista tempo, não pesque por ele, ensine-o a pescar, converse, converse, converse, abra-se para essa pessoa de verdade, seja sincero, franco, honesto, amoroso, ponderado, firme, mas lembre-se que nada acontece num estalar de dedos. As vezes, confesso, o pensamento é cansei, não tem mais jeito, mas tem sim… precisamos é investir tempo.

Eu tenho a grata oportunidade de ter mentoreados em vários níveis de desenvolvimento e alguns apenas acompanho de longe a caminhada, já não temos o mesmo contato, já sairam dos casulos e voam livres como borboletas. Como é gratificante saber que aquela pessoa um dia foi uma das pessoas que você gostou e investiu. Nos papos com os amigos eu sempre digo, quando pego no seu pé é porque gosto de ti, se eu não gostasse não me importaria.

Pessoas que gostam de pessoas se importam com elas, as buscam, querem estar com elas e investem nelas. E colhem com certeza muitas mensagens e olhares de gratidão. Moisés, líder que libertou o povo hebreu do cativeiro Egípcio, escreveu uma oração no qual um dos trechos destaca “Ensina-nos Senhor a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” Salmo 90:12, que essa seja a sua oração como mentoreador. Alcance e mentorie muitos corações de tal forma que eles sejam sábios. E o tempo também te torna mais sábio.

Renata Lopes

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Renata Valéria Lopes. Profissional com mais de 20 anos na área de Tecnologia da Informação. Graduada em Processamento de Dados, Pós-graduada em Gestão Empresarial e Gestão de Pessoas com Coaching. Leitora compulsiva, blogueira, apaixonada por redes sociais e estudante em constante desenvolvimento, acredita na cooperação, colaboração e compartilhamento do conhecimento como forma de aprendizado.


3 Comentários

Marcelo Costa Almeida
1

Renata.
Parabéns pelo seu post. Muito bonito e sincero.
Nós da área de TI temos uma certa dificuldade para lidar com pessoas. Mas, inevitavelmente em algum momento de nossa vida profissional, teremos que trabalhar em grupo, desenvolver pessoas e etc.
Quando eu escolhi a área de Exatas e especificamente o curso de TI na faculdade, tive a mesma idéia que você teve, que é muito mais fácil trabalhar com máquinas do que com pessoas.
Atualmente, estou cada vez mais buscando informações e lendo livros sobre liderança e de como gerenciar pessoas. O que é muito mais complexo que máquinas.
Muito obrigado por compartilhar esta maravilhosa experiência.
Tenha um ótimo dia.
Felicidades!

Frederico Augusto de Camargo
2

Renata,
Muita sensibilidade sua ao tratar deste assunto e principalmente, falar de mentoração. Profissionais de TI às vezes cam de para-quedas na área de Gestão, muitas vezes devido às suas habilidades técnicas e não por suas habilidades interpessoais.
O ambiente acadêmico não fornece aos novos profissionais a oportunidade de desenvolver essas habilidades. E, por vezes, por esta ideia de que TI é apenas “lidar com máquinas”, poucos se interessem por desenvolvê-las.
Por essa característica acredito que trabalhar na área de TI seja complexa a ponto de haver mesmo essa necessidade de, ao optar-se pela carreira de gestão e liderança, investir nessas habilidades e as empresas devem possuir políticas de mentoração para desenvolver estes profissionais “em casa”.
Parabéns.

Renata Lopes
3

Marcelo e Frederico,
Grata aos dois pelos comentários. É muito bom conhecer a experiência de vocês também.
Abraços

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