Grandes aquisições não são raras no setor de tecnologia, nos acostumamos a ver cifras bilionárias e marcas conhecidas trocarem de mãos ao ponto que, quando a Adobe anunciou que estava adquirindo a Marketo por US$ 4,75 bilhões, não ganhou mais do que uma nota de rodapé na maioria das publicações.
Mas eis que 2018 ainda nos reservava espaço para algo bem surpreendente: No dia 28 de outubro, a IBM anunciou a aquisição da Red Hat por US$ 34 bilhões!
Sim, a gigante azul não estava de brincadeira e comprou todas as ações da Red Hat por US$ 190 cada, fazendo assim a terceira maior aquisição da história do mercado de tecnologia nos EUA, ficando atrás apenas da fusão Dell-EMC em 2016 (US$ 67 bilhões) e também da aquisição da SDL pela JDS Uniphase em 2000 (US$ 41 bilhões).
“A aquisição da Red Hat é uma mudança de jogo. Isso vai mudar tudo sobre o mercado de nuvem“
A declaração de Ginni Rometty, chairman da IBM, não poderia ser mais precisa e reflete uma estratégia bem comum no mercado de tecnologia: Não reinventar a roda! A IBM é reconhecidamente uma das empresas que mais influenciaram a tecnologia que usamos atualmente, revolucionando o mercado de computadores pessoais e criando o conceito de estrutura cliente-servidor com conexões remotas, o que é essencialmente uma versão embrionária da Cloud Computing que conhecemos hoje. Apesar disso, era necessário aceitar que a gigante azul não conseguiu acompanhar a tendência tecnológica mais importante do momento, ficando razoavelmente atrás da concorrência quando o assunto era Nuvem.
A solução era bem simples: quando dinheiro não é um problema, não há maneira mais rápida de se ganhar know-how do que adquirir uma empresa que já o tem. Bem, comparada a IBM, com seus 107 anos de existência, a Red Hat ainda era uma iniciante, mas em seus 25 anos de existência, a empresa do chapeuzinho vermelho deixou de ser apenas mais uma distro de Linux, passando a se tornar referencia no mercado de Cloud Computing, com uma receita em 2017 de belos US$ 2,9 bilhões, e um lucro operacional que chegou a US$ 288 milhões em 2018.
Com essa aquisição, a IBM se torna um dos maiores provedores globais de nuvem híbrida, algo considerável, visto que esse é um mercado emergente de US $ 1 trilhão. Como parte do negócio, a IBM garante que a Red Hat permanecerá seguindo a linha open-source, comprometida com a contínua liberdade do código aberto e próxima da comunidade, e também mantendo parcerias já estabelecidas com grandes provedores de nuvem, como o Amazon Web Services, Microsoft Azure, Google Cloud, Alibaba e, obviamente, IBM Cloud. No final, a Red Hat será uma entidade distinta dentro da divisão Hybrid Cloud da IBM, liderada pelo atual CEO Jim Whitehurst, que está se juntando à equipe da IBM.
Muito além dos bilhões de dólares investidos em um mercado trilionário, a aquisição da Red Hat pela IBM é um movimento estratégico que mais uma vez demonstra inequivocamente que tendências como nuvem hibrida e multi-cloud ganharão cada vez mais espaço nos próximos anos.
Já comentei em uma postagem anterior que apenas no ano passado, o mercado de cloud cresceu 29%, chegando a impressionantes US$ 117 bilhões. O que veremos na década de 20, será uma jornada ampla e irrestrita a troposfera digital, afinal a nuvem é para todos, desde megacorporações, até a mais contida das pequenas empresas, essa é a mensagem que está nas entrelinhas do negócio IBM-Red Hat.