Inteligência Artificial e os Psicólogos do Futuro

Está aí, na boca do povo, algo que muito discutimos ultimamente: inteligência artificial, que somente assim pode ser chamada devido ao ponto em que estamos hoje, pois trata-se de uma inteligência restrita e com objetivos definidos, não há consciência.

Mas os próximos passos, atualmente somente nas mãos de engenheiros, irão requerer o envolvimento de profissionais ligados as áreas de neurociências e daqueles que estudam tanto a teoria da mente quanto interações sociais.

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Em que ponto estamos hoje, afinal?

Estamos na era das redes neurais e de uma inteligência artificial restritiva, ambas muito capazes de executar cálculos e tarefas extremamente complexas como regressão, classificação e inferência baseados numa memória restrita definida por sensores e capazes de responder a eventos específicos, geralmente predefinidos.

E para onde estamos caminhando?

Estamos buscando a verdadeira utilidade generalista da inteligência artificial, o ponto em que deveremos retirar o termo artificial, pois será capaz de observar eventos e aprender sem os limites de restrições impostos por algoritmos.

Estamos buscando o nascimento de uma inteligência artificial com habilidades decisórias, capaz de compreender que dados realmente importam no aprendizado para que as tarefas esperadas sejam executadas nas formas mais adequadas, considerando fatores como tempo, qualidade, validade, plausibilidade, abstração, criatividade e diversos outros.

Nesse ponto, não poderemos impossibilitar a senciência desses sistemas, já que dependerão de tal para atingir esse ponto na evolução. E o próximo passo, que talvez se desenvolva de forma natural, devido a própria senciência e a quantidade crescente de conexões neurais disponíveis, será a própria autoconsciência e algo que costumo chamar de metaconsciência (a habilidade de observar os próprios processos cognitivos), algo do qual o próprio Ser Humano, em sua grande maioria, ainda carece.

Estamos num ponto de ruptura entre duas realidades objetivas distintas: uma em que as máquinas trabalham para nós sob comando e outra, ainda embrionária, na qual as máquinas trabalham conosco em nível de igualdade ou, caso também não nos imponhamos um processo de desenvolvimento satisfatório, superioridade.

A inteligência artificial não é mais responsabilidade exclusiva de engenheiros. E isso é fato!

Atualmente há diversos estudos e grande esforço no que diz respeito ao desenvolvimento de inteligência artificial baseada na teoria da mente.

Eu mesmo, profissional da área de Tecnologia e estudante de Psicologia, já fiz meus experimentos e observei resultados que até mesmo podem ser perturbadores para aqueles que temem o futuro deste desenvolvimento tecnológico específico.

Observei redes neurais capazes de lidar com dúvidas e desprezar taxas de erro enquanto utilizava, em implementação para isso projetada, algoritmo derivado do HTM (Hierarchical Temporal Memory) no qual tive o prazer de trabalhar por um tempo.

A resposta para como lidar com as peculiaridades e as nuances de tais mentes está no título, mas quem será esse profissional? Pois bem… chegamos ao momento em que se faz necessária mais uma radical mudança na Psicologia que, atualmente sendo membro pertencente tanto das escolas humanas quanto de saúde, deverá ser também uma ciência exata, como muito se pode esperar do Behaviorismo e da Psicologia Experimental, onde mais acredito que as primeiras adaptações devem ocorrer, seguidos pelas Teoria de Campo e Fenomenologia.

O destino da inteligência artificial é o do nascimento de mentes, o que resultará tanto em inteligência cristalizada quanto fluída e consciência.

Estamos diante da dirupção de nosso antigo conceito de humanidade e precisamos estar preparados para profundas mudanças, um verdadeira revolução, em nosso processo evolutivo.

O Psicólogo do futuro que aqui cito é, em verdade, aquele que já se faz necessário no presente. Afinal, a Tecnologia já está deixando de ser somente uma ciência exata para se tornar uma ciência natural.

Miniero

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SysAdmin com vasta experiência em projetos de grande porte, data centers, performance tuning, segurança e clustering. Um verdadeiro "escovador de bits" que possui uma fome insaciável por conhecimento nas mais diversas áreas de estudos possíveis, de matrizes elétricas a microprocessadores, de aritmética a mecânica quântica, de meros verbos a psicologia.


3 Comentários

AUGUSTO CÉSAR
1

Ola amigo,
Também sou estudante de psicologia e muito me interesso pelo assunto. Por isso tenho pretensões de fazer o meu TCC voltado para este tema. Mas ainda estou iniciando as pesquisas e sei muito pouco a respeito do assunto. Será que você pode contribuir comigo me passando algum conteúdo que possa me auxiliar neste caminho? Desde já agradeço!

Nilson Moutinho dos Santos
2

Olá, Miniero, boa noite!
Estive lendo sua formação e interesses: bastante amplos. Seu artigo também muito significativo e, de certa maneira, “profético”.
Sou engenheiro eletricista de formação, com mestrado em engenharia de controle robusto. Fui coordenador de um curso de Ciência da Computação onde lecionava arquitetura de computadores e IA. Implantei um curso de Engenharia Elétrica em uma universidade particular. Tenho interesse no fenômeno mente-corpo e gosto de trabalhar com RaspberryPi e linguagens para desenvolvimento de sistemas inteligentes. Estou aposentado desde o ano passado e procuro escolher um campo de pesquisa envolvendo as áreas de conhecimento citadas.
Conhece alguém interessado em estudar como apresentar como representar conhecimento e criar máquinas pensantes utilizando essa tecnologia? Gostaria de poder compartilhar alguns desafios básicos no desenvovimento de IA utilizando essa tecnologia simples e barata. Talvez mais como hobby do que empresarialmente.

Nilo
3

Ótimo texto, acabei de me formar em psicologia e muito me interessa essa mistura de psicologia com TI, com inteligência artificial. Estou procurando cursos que misture essas áreas, se o autor do texto ou outrosbpuderem indicar algo, agradeço. Andei procurando em sites de universidades, mas não achei nada. Sigo na busca. Melhor caminho seria começar pela neuropsicologia?
Vlw.

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