Transição de Carreira: 4 atitudes necessárias que você deve ter

Caro Leitor, Admirável Leitora,

Tanto tempo não publico por aqui, não é mesmo?

Deixe-me explicar: nos últimos meses estava dedicada exclusivamente ao final da graduação. E, finalmente, sou PSICÓLOGA!

Nesse período, a minha transição de carreira passou pela fase mais crítica, longa e difícil: a graduação.

Foram longos 5 anos onde, tive minha segunda filha, mudei de casa, enfrentei junto com você a pandemia do Covid-19, perdi clientes, parei de trabalhar, comecei os estágios obrigatórios e vivi momentos de crise que me fizeram pensar muito em desistir. Só não fiz, graças a primeira atitude que se você estiver pensando em mudar de carreira precisará ter: o foco.

1. FOCO

Sem foco e certeza do que me motivou a fazer esse movimento de migrar de uma carreira sólida, em Tecnologia com Gestão de Projetos, para uma área completamente oposta a de ciências humanas, eu não teria conseguido me manter fiel a essa jornada.

Principalmente, pelo fator idade. Sou uma mulher 40+ e isso traz desafios internos e externos complexos.

O etarismo é um fenômeno cada dia mais presente em nossa sociedade e coloca à margem profissionais sêniores por conta de um estereótipo de que perdemos o famoso “sangue nos olhos” para produzir. Esquecendo, que o sangue continua a circular em nossas veias e usamos muito mais a nossa sagacidade alinhada a nossa experiência do que um puro e simples impulso juvenil.

Assim, mantendo o focono título de psicóloga, segui a minha jornada de transição. Sem dúvida, o ponto mais difícil foi o de me ver em uma posição de estagiária novamente. Depois de 15 anos atuando no mundo corporativo, me deparar em uma posição tão principiante foi desafiador. Onde, fui salva pela segunda atitude, minha capacidade de adaptação.

2. ADAPTABILIDADE

Consegui internalizar o entendimento de que, de fato, eu era iniciante na nova carreira. Portanto, estar na posição de estagiária era parte do processo. Reconhecer os meus pontos fortes e de vulnerabilidades contribuiu para que escolhesse melhor as empresas e as áreas para estagiar. Entretanto, nem tudo foi perfeito. Errei em algumas escolhas, e, como falei antes, o etarismo se apresentou de forma cruel em uma das empresas de RH em que estagiei. Fui designada a uma posição de ‘limpadora de currículo morto’ varrendo dezenas de pastas do gaveteiro, jogando fora currículos datados, repetidos, comido por traças ou sujos. Sem dúvida, essa vivência foi a pior de todos os anos de faculdade e afetou o meu autoconceito.

Ainda nessa experiência, numa tarde a empresa estava recrutando centenas de profissionais. A recepcionista me orientou a juntar todos os currículos descartáveis em um saco de lixo na recepção. Segui com a limpeza, quando ao depositar mais algumas dezenas de papéis o saco arrebentou! Sentadas na recepção estavam a recepcionista e outra estagiária, ambas com seus vinte e poucos anos, elas olharam, viram os currículos se espalhando pelo chão, e, nenhuma se ofereceu para me ajudar a recolhe-los. Eu pedi um novo saco de lixo e continuei ajoelhada recolhendo os currículos, sendo observada pelos candidatos que aguardavam serem chamados para o teste.

Juro para vocês, naquele momento a minha mente só me fazia uma pergunta:

Carolina, o que você está fazendo com a sua carreira!?

E a resposta veio por meio da terceira atitude, resista.

3. RESILIÊNCIA

Respirei fundo, foquei no diploma, catei tudo e coloquei no saco. Assim, finalizei o dia de estágio e fui para a minha casa.

Ainda consigo lembrar dos meus pensamentos, pelo caminho de volta recordei os três últimos anos que tinham passados até aquele dia. Lembrei o quanto essa minha decisão afetou a vida da minha família e pensei que não seria justo comigo e com eles desisti. Não agora e nem por conta desse episódio. Havia de ser o único! Para aquela empresa, no próximo estágio (foram 4 estágios obrigatórios nos 2 últimos anos de gradação), certamente eu não voltaria. E não voltei.

A lição aprendida, como boa Gerente de Projetos que sou foi a de que nem sempre vamos conseguir dar o nosso melhor.

Não por incapacidade nossa, mas por falta de espaço do outro. Aquela empresa tinha diversos problemas de processos de trabalho, o modo de tratar as pessoas candidatas era frio e nada acolhedor. A aplicação dos testes era feita de modo automático e sem nenhuma humanização. Aceitavam currículos impressos das pessoas desempregadas que passavam lá para entregar, mas, na realidade, só lotava aquele arquivo morto. Ninguém acessava, com seriedade, aquelas informações. Obviamente, a maior parte da busca era feita no sistema da própria empresa ou em outros sites de recrutamento.

Eu observei tudo isso e poderia ter contribuído com orientações para otimização dos processos de trabalho. Mas, não me deram espaço. Nem se quer demonstraram interesse em escutar.

Para uma profissional comprometida com resultados de excelência e respeito ao ser humano, viver aquela experiência foi um aprendizado de tudo o que não queria ser enquanto psicóloga de RH.

4. CONFIANÇA

Confiar no processo foi o que me salvou de tantas situações onde pensei em desistir. No ano seguinte, vivenciei as melhores experiências nos estágios. Encontrei em um equipamento de saúde do SUS o espaço para oferecer todo o meu conhecimento e a minha experiência em prol do cuidado com  saúde mental das pessoas atendidas. Acredite, valeu a pena não ter desistido naquele dia do saco de lixo arrebentado.

Conheci pessoas incríveis e desenvolvi projetos inovadores. Obtive os melhores feedbacks possíveis das pessoas atendidas.

5. DICA BÔNUS!

Não desista dos seus objetivos enquanto fizer sentido lutar por eles.

Se você também pensa em mudar de carreira e tem mais de 40+ saiba que os desafios serão grandes, mas não instransponíveis, se fizer sentido para você.

Agora, espero que a gente volte a se encontrar todo mês, por aqui, pois, quero compartilhar novas orientações para você gerenciar a sua carreira e ser mais feliz no seu trabalho.

Aproveito para convidar vocês a me adicionarem no Linkedin, por lá o conteúdo tem uma frequência maior.

Te encontro no próximo artigo!

Carolina Souza

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Psicóloga (CRP 06/203773) e Especialista em Gestão de Projetos (PMP) atua há décadas no mundo empresarial. Certificada CPRE, SFC, ITIL com profunda experiência nas áreas de Engenharia de Requisitos, Análise de Processos e Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance. Palestrante. Colunista no PTI desde 2013 sempre colaborando com artigos focados no desenvolvimento profissional dos leitores e gerentes de projetos em início de carreira.

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