A minha intenção é compartilhar com vocês um pouco de como está sendo mudar de carreira após os 30 anos.
Desde menina meu sonho era ser psicóloga, mas, devido a minha origem social, – sou nascida e criada na periferia do RJ-, ser psicóloga era algo inatingível.
Eu deixei de lado esse sonho, e, durante o vestibular, lá com os meus 17 anos, escolhi medicina e mesmo com um ano de cursinho não passei (graças aos céus! rs).
A faculdade de medicina assim como a de psicologia na rede privada era algo fora de cogitação. Então, a escolha se deu pelo viés econômico: uma faculdade que desse para custear e me de retornasse boas chances de empregabilidade. Adivinhem para onde fui?
Quem me conhece já sabe a resposta: TI, claro!
E logo no primeiro ano da faculdade a primeira dependência (que durou mais uns 4 semestres.rs): programação C++.
Naquele momento a minha mente me dizia assim: “Você nunca vai conseguir emprego, você não sabe programar uma linha de código! Ferrou.”
Até que fui agraciada pelas áreas de Banco de Dados, Análise de Requisitos e a minha queridinha, Gestão de Projetos. Ufa! Havia esperança para mim.
Lá se passaram mais de dez anos, muitas empresas, diversos projetos desafiadores, certificações e cursos a perder de vista. Mas, o sonho ainda pulsava aqui dentro do peito.
Com onze anos de carreira, numa posição de média gestão eu entendi que a minha insatisfação não estava na empresa, mas do lado de dentro de mim. Eu não curtia mais TI, projetos de software e me interessava cada vez mais em olhar e cuidar das pessoas, suas dificuldades, em treinamento, em escutar sobre os projetos de vida dos meus colegas de trabalho.
Tirei um ano sabático e investi forte em autoconhecimento. Meu primeiro coaching executivo me ajudou a entender o rumo a seguir. Identificamos o coaching como uma área que me traria mais satisfação, fiz minha formação em coaching profissional e comecei a atuar na empresa em que prestava consultoria como analista de negócios.
O tempo de engravidar chegou, como uma boa GP, planejei e rodei meu projeto para que, após o nascimento da minha filha, pudesse tirar um ano sabático para maternar, esse seria o meu projeto prioritário.
Assim o fiz com alegria, mas a pessoa aqui é movida a produtividade e troca com o outro. Então, seis meses após o nascimento dela eu já estava na ativa atendendo meus clientes de forma independente.
Mas a gente não consegue fugir do nosso sentido, e, somente o coaching não me alegrava de verdade. Investi em coaching vocacional, muita terapia e Yôga (não acredito que sem autoconhecimento seja possível gerir nossas carreiras).
Ali estava ela de volta: a Psicologia me chamando. Só que a minha realidade naquele momento era uma mulher com mais de 35 anos, mãe de uma bebe, profissional independente, desmotivada em voltar para TI e vivendo numa cidade falida política, social e economicamente. Então, o momento da grande decisão: sair daquela cidade, mudar de Estado, ingressar em uma faculdade de cinco anos, casada e com uma filha ainda bebe. Que medo!
Mas, Nietzsche diz algo parecido com “Quando temos um porquê, suportamos quase qualquer como“. Então, eu tinha o meu porquê, a Psicologia, era isso que queria fazer pelo resto da minha vida, e, não era naquela cidade.
Me mudei com minha família para a rua da faculdade, vou e volto a pé, e em 2019 estava eu sentada no meio de adolescentes que ali iniciavam suas carreiras (e eu a minha segunda formação).
Se deu medo? Sim, pra caramba!
Se foi fácil? Não, nem um cadinho!
Se valeu a pena? Sim, sim, sim!
Descobri que a minha ideia inicial de clínica, ficar no consultório escutando o cliente, não era o que me fazia vibrar. Descobri a pesquisa acadêmica, a produção científica e estou encantada por essa área. Então, além dos cinco anos de faculdade, adicionei ao meu objetivo de nova carreira mais o mestrado e o doutorado, um total de onze anos de estudo formal.
Se às vezes dá vontade de desistir? Com certeza dá!
Além da faculdade, faço iniciação científica, atuo no projeto de extensão junto a comunidade da cidade e mantenho meu serviço de mentoria estratégica para profissionais insatisfeitos, assim como eu estava quando decidi mudar de carreira.
Hoje me sinto feliz, realizada com todas as frentes que desenvolvo profissionalmente, estou superando meus limites nesse EaD infindável de 2020, mas, com a certeza que caminho a cada dia mais perto daquela profissão que sempre quis para mim. O meu antigo sonho de menina hoje está se tornando real.
Por tudo isso, eu quero responder a perguntar inicial de texto dizendo a você que SIM, mesmo depois dos 30 anos é possível mudar de carreira. Mas, para ter consistência e você descobrir o seu porquê para suporta qualquer como é preciso investir com força no seu autoconhecimento.
E é bom demais caminhar na direção daquilo que nos move, nos impulsiona com discernimento, propriedade de nossas atitudes e nossos esforços.
Pensa nisso. Tchau!
12 Comentários
Excelente artigo, tem que ter muita coragem pra encarar essa aventura,
estou querendo entrar nesse processo, lendo histórias assim, me da mais motivação
pra seguir meu sonho.
Boa sorte na sua jornada e espero que consiga realizar todos os seus objetivos.
Obrigado!
Muito bom.
Tenho 30 anos, trabalho com Logística e quero migrar para a área de TI.
Aos 19 anos entrei na faculdade de SI, cursei os 4 anos, mas peguei 4 DP do ultimo semestre por falta e abandonei. Pois não tinha coragem de largar o emprego atual e já ganhava razoavelmente bem na época. Hoje, com 30, me arrependo. Mas considero que tudo serve de aprendizado e estou estudando para mudar de área, pois o dinheiro não é suficiente, temos que pensar na nossa saúde mental também.
Parabéns e sucesso.
Acabo de completar 41 anos, estou na TI desde 1996 quando comecei no curso técnico de processamento de dados. Passados 24 anos, já com faculdade de gestão de ti concluída, vasto conhecimento e experiência na área, não sinto que atingi o que eu queria, na verdade, estou bem frustrado. Há 4 anos fui demitido da empresa em que achei ter encontrado ali meu sentido pra vida profissional, sem conseguir oportunidades mudei pro interior e virei o “carinha da TI” que tem um currículo recheado mas infeliz na profissão. Recentemente ganhei uma bolsa pra Dev Full Stack, estou me esforçando e tentando ver se esse guinada de Infra pra Dev me trará novo sentido e novas oportunidades. Sigo caminhando, porém o tempo está passando…
Oi Anderson,
Bacana que também está nesse movimento de mudança, realmente a coragem é fundamental para não desistir mediante as dificuldades.
Tenha clareza dos seus objetivos e siga adiante!
Saúde e Sucesso!
Oi Denis,
Falou tudo! Precisamos (muito) pensar em nossa saúde porque não há trabalho que valha o nosso adoecimento.
Continue estudando e buscando uma área que lhe traga a satisfação em sua vida.
Saúde e Sucesso.
Oi Gedalias,
Um aprendizado que compartilho contigo é que nunca coloque em uma empresa o sentido da sua carreira, sabe por quê? Porque a empresa é um fator complexo e externo que não tem a sua vida como foco de sucesso. O objetivo de toda empresa é o seu crescimento, lucro, competitividade no mercado. Então, depositar nela essa expectativa é assumir o risco da frustração.
Talvez aí nessa cidade do interior em que você mora, seja uma interessante oportunidade de você se destacar profissionalmente. Talvez essa bolsa para Dev possa, sim, ser um novo direcionamento que lhe desafie e gere mais satisfação.
Agora, não pense que o tempo está passando porque assim você mantem o seu foco no que já foi, no passado, e, deixa de estar alerta para o que no momento atual, no presente, a vida pode estar lhe ofertando. Nós temos essa tendência de viver ou focados no que já foi ou no que está por vir. Mas, na realidade, em nenhum desses lugares nós conseguimos fazer alguma coisa. Só conseguimos construir algo no aqui e agora, pensar nisso pode ser bom para esse novo rumo da sua carreira.
Saúde e Sucesso.
Olá carolina!! Tento medicina há 4 anos, e comecei a pensar mais na área de tecnologia, por estar em expansão cada vez mais. Mas são tantas opcões que me sinto meio perdido. TI, analise se sistemas, ciencia e engenharia da computação, … Sabe qual possui maior demanda e perspectiva de crescimento?
Oi Thiago,
Um grande salto entre áreas, hein.
Trabalhei com um desenvolvedor que saiu da área de Java para medicina, hoje é pediatra na rede pública. Olha que interessante o caminho inverso, não é mesmo?
Você está certo sobre TI ser um mercado promissor e expansão. Se a sua questão for empregabilidade com alto salário, indico TI, sem dúvidas. Entretanto, se a sua paixão for cuidar do outro, atuar de forma mais íntima e próxima às pessoas, sinto que a TI pode não ser o caminho.
Da área de TI a parte de desenvolvimento é sempre uma boa escolha. Repare que agora na pandemia, o e-commerce está explodindo e, naturalmente, vagas para programação estão em alta. Então, não tenho como lhe dar A resposta certeira. TI é dinâmica e o cenário do mercado condiz com a demanda do aspecto sócio econômico do momento.
Mas, antes de mais nada, acredito que você precise encontrar a resposta para esse perguntar: “O que você faria até de graça, se não precisasse trabalhar e pagar as contas, de tanta satisfação e felicidade que lhe gera?”
A partir dessa resposta ficará mais fácil encontrar as respostas das outras perguntas sobre o caminho a seguir.
E uma reorientação de carreira também pode ajudar nesse entendimento e na definição do caminho mais promissor a seguir.
Abraços.
Muito boa a matéria, está de parabéns. Me identifico um pouco pois trabalho em uma contabilidade desde meus 17 anos e estou na mesma empresa até hoje como primeiro emprego, porém, agora com 30 anos estou migrando para a área de desenvolvimento, onde terminei minha faculdade de Analises e Desenvolvimento de Sistema em Junho do ano passado. Vejo a dificuldade para essa migração, da Contabilidade para o Desenvolvimento, pois não consegui nada no momento ainda. Mas sigo estudando e perseverante. Uma hora chega. rsrs
Olá Rossan,
Obrigada. É uma mudança, e, como toda mudança ela não será fácil =)
Mas, pelo que escreveu se preparou bastante para isso. Será que dentro dessa empresa em que atua teria como mudar para o setor de TI?
Outro ponto importante é avaliar a sua senioridade em relação a busca de oportunidade no mercado. Em Contabilidade entendo que a sua experiência lhe posiciona em um nível pleno ou sênior, talvez. Entretanto, em TI será iniciante, júnior. Você está considerando isso?
Agora, pensando na sua bagagem de contabilidade com TI, a área de SAP pode ser interessante, pensou nisso?
Sucesso e continue perseverando na busca de seus objetivos!
Abraços.
Boa tarde, Carolina!!
Estou fazendo 30 anos esse ano e sempre fui da área do Direito (entrei em 2010 na faculdade e só consegui formar no final de 2019). Embora tenha sido sempre um excelente profissional, sempre tive uma certa paixão por TI e alguns conhecimentos acerca disso, sendo meio que um usuário com conhecimentos médio-avançado.
No Direito sempre trabalhei com licitações, legislativo ou no poder judiciário, mas com um pé de que um dia iria agregar conhecimento de tecnologia ao meu curso.
Atualmente faço pós em Direito Digital e Proteção de Dados.
Não obstante, estou pensando em iniciar uma 2ª graduação: tecnólogo em TI na área de Segurança da Informação OU de Banco de Dados…. Mas considerando que, apesar de conhecer um pouco de TI, sou ignorante quanto às profissões na prática, estou em uma eterna dúvida de qual cursar.
Em tese, creio que Segurança da Informação se alinha mais com minha Pós e 1ª graduação, onde posso misturar o Direito e experiência.
O que sugere??
Oi André,
Essa sua ideia de seguir pela Segurança da Informação alinhando com sua pós me parece muito boa!
Se está curtindo o conteúdo que está vendo na pós, creio ser uma ótima escolha.
Quanto as possíveis atuações na área, permita-se descobrir e analisar durante a sua graduação, onde entrará em conhecimento com outros colegas, professores e terá mais repertório para escolher.
Boa sorte.
Abraços.