Outro dia estava conversando com um amigo sobre o Linux, sistema que fará 20 anos no ano que vem. O Linux já representa hoje uma força econômica considerável, com um ecossistema estimado em 25 bilhões de dólares. Está em praticamente todos os lugares. Quando fazemos uma pesquisa no Google ou lemos um livro no Kindle é o Linux que roda nos bastidores.
O Linux demonstrou de forma inequívoca o potencial do desenvolvimento de sistemas de forma colaborativa, que é o cerne do modelo Open Source. Seria praticamente impossível para qualquer empresa de software, sózinha, criar um sistema operacional de seu porte e complexidade. Estima-se que o custo de desenvolvimento de uma distribuição como a Fedora 9, com seus mais de 204 milhões de linhas de código corresponda a quase 11 bilhões de dólares. Para chegar ao kernel 2.6.30 (mais de 11 milhões de linhas de código) o investimento seria de mais de 1,4 bilhão de dólares.
Para se ter uma idéia do volume de trabalho em cima do kernel, nos ultimos 4 anos e meio, a média foi de 6.422 novas linhas de código adicionadas por dia, além de outras 1.687 alteradas e 3.285 removidas. Do 2.6.24 ao 2.6.30 a média subiu para 10.923 linhas de código adicionadas por dia. Quem teria cacife financeiro para sustentar, por si, um empreendimento bilionário destes?
Portanto, o Linux é uma força no presente. É usado não apenas em web servers e print servers, mas a cada dia vemos mais e mais aplicações core das empresas operando em plataformas Linux. A IBM, por exemplo, consolidou seu ambiente de computação interno (seus sistemas internos) em plataformas mainframe System Z, rodando Linux.
O Linux ainda tem muito espaço para crescer. É bem provavel que vejamos uma migração mais intensa de ambientes Unix como Solaris e HP-UX para Linux, devido a incerteza quanto ao futuro destas plataformas. Qual será o futuro dos servidores Solaris sob a nova administração de uma empresa de software como a Oracle, que não conhece os meandros dos modelos econômicos do setor de hardware?
E as plataformas baseadas em Itanium? Manter uma linha de processadores demanda muito investimento e é necessário que haja escala suficiente para haver retorno financeiro. Em comparação com a linha Xeon, o Itanium não é um produto de alto volume para a Intel. Embora a Intel não publique o seu volume de produção, analistas de indústria estimavam que em 2007 o ritmo de produção era de 200.000 processadores por ano. Segundo o Gartner, em 2007 o número de servidores Itanium vendidos foi de 55.000. Número muito pequeno quando comparado com os 417.000 servidores RISC (da familia Power da IBM e das demais tecnologias) e os 8,4 milhões de servidores x86.
Mas, e o futuro? Com as mudanças que já estão acontecendo, como a crescente disseminação da computação móvel e o modelo de computação em nuvem (Cloud Computing), como o Linux se posiciona?
É uma resposta fácil. O Linux, que não conseguiu muito espaço nos desktops está se posicionando como plataforma dominante na computação móvel, como smartphones, netbooks e tablets. No seu último ano fiscal que se encerrou em 30 de junho do ano passado, a Microsoft pela primeira vez reconheceu em seu relatório para os acionistas que os sistemas Linux para máquinas cliente, basicamente netbooks, da Red Hat e Canonical seriam ameaças ao seu negócio. Anteriormente, só havia reconhecido a ameaça do Linux nos servidores. O relatório está em http://tinyurl.com/kr723z. Também nos smartphones está claro que o sistema Windows, que dominou a era dos desktops não conseguiu decolar na computação móvel, com o Windows Mobile perdendo espaço a cada dia.
E quanto aos servidores? Nestas máquinas o Linux está altamente alinhado com as tendências de virtualização e cloud computing. Alguns pontos positivos sobre o Linux chamam a atenção, quando falamos em cloud. Primeiro, o Linux opera em praticamente qualquer plataforma de hardware, o que facilita o provisionamento, alocação e gerenciamento de recursos computacionais em nuvem. Podemos criar desde uma nuvem baseada em plataforma x86 como o Google até nuvens em mainframes IBM, aproveitando o alto throughput e facilidade de virtualização destas máquinas. O custo de licenciamento é outro fator interessante. Embora existam distribuições licenciadas, um provedor de infraestrutura em nuvem, pelo grande numero de servidores que deverá dispor (falamos aqui em milhares ou dezenas de milhares de máquinas), poderá adotar, pela escala, versões Linux não comerciais. Virtualização é outro plus do Linux, com diversas tecnologias disponiveis como Xen (base da arquitetura de cloud da Amazon) e KVM.
Hoje, se olharmos Linux em cloud já vemos seu uso como base tecnológica da nuvem do Google, da Amazon, do Force.com do Salesforce e de startups como 3Tera (recém adquirida pela CA), Elastra e Mosso, entre outros. E com certeza seu uso se alastrará pelas futuras ofertas de nuvens.
Fonte: Blog Nas Nuvens