Há cerca de sete anos decidi ingressar em uma nova etapa profissional. Junto com meus sócios, iniciei um novo projeto que visava, fundamentalmente, ajudar as empresas a buscar um melhor ambiente de trabalho. Desde então vejo-me, com freqüência, refletindo sobre a visão que alguns gestores têm sobre este assunto. Muitos ainda confundem trabalhar para a obtenção de um ambiente de trabalho mais saudável com ter atitudes paternalistas, e reagir a elas dizendo: “isto é uma empresa, um negócio, não uma instituição de caridade para atender a reivindicações de funcionários”.
Apesar de muitos gestores não pensarem desta forma, ainda existe uma abordagem negativa e inconsciente que acaba por adiar decisões importantes na área. É fruto do preconceito com o assunto. Tenho vivido diversas situações onde alguns gestores, por exemplo, não querem fazer um diagnóstico de clima para não gerar falsas expectativas na empresa. Ora, expectativa se combate com comunicação adequada, e não ignorando ou negando a realidade.
Abrindo um parêntese, acho importante contar como foi meu processo de transição para esta área: durante muitos anos, atuei como consultor de processos de negócio e sistemas, gerenciando projetos de transformação em grandes empresas, que envolviam muitas equipes e com elevado número de pessoas integralmente trabalhando na busca de um mesmo resultado final.
Esses projetos, por mais complexos que fossem e por mais desgaste que proporcionassem, acabavam dando certo no final. Uns com mais qualidade, outros com menos, mas o fato é que todos chegavam lá. E eu sempre me perguntava: o que fez a diferença desta vez? O apoio e o patrocínio que a empresa forneceu? A qualificação dos consultores e profissionais? O bom planejamento do projeto? A tecnologia empregada? Claro que tudo isso é importante para o sucesso, mas o que me chamava mais a atenção eram a dedicação e comprometimento das pessoas, a forma de focar no resultado final, sacrificando até suas vidas particulares, fazendo aquilo porque acreditavam que atingir o resultado era um desafio mais que profissional: era uma meta pessoal, intransferível.
E quanto mais se cultivava uma atmosfera de projeto satisfatória, com comunicação adequada e transparente, feed-back contínuo, bons relacionamentos entre pares e subordinados, confiança e reconhecimento pelas etapas conquistadas, maior dedicação, produtividade e qualidade eram percebidas como resultado final. Estava aí a resposta.
Quando comecei a viver e absorver a realidade que, de fato, o ambiente é bastante responsável pelo produto gerado, e não somente o “quanto eu ganho por mês?” ou “quando serei promovido?”, encontrei o grande motivador para mudar definitivamente de área e me envolver na gestão do clima das empresas. E fecho o parêntese.
O dia-a-dia das empresas não é diferente. Comprovadamente, funcionários satisfeitos e motivados, num bom ambiente, produzem mais, e com mais qualidade. Algumas organizações prestam muita atenção a isso. Mas a maioria, nem tanto. Assim, a troca de experiências, conhecimento de casos de sucesso e insucesso e iniciativas sinérgicas e compartilhadas são fundamentais para que os gestores possam quebrar paradigmas, agregar conhecimentos específicos e se motivar cada vez mais a investir e atuar nesta área.
Vamos agir?
Artigo de Sergio Fernandes, parceiro do Ezencutivo.