O Facilitador de Equipes e Projetos: O que fazer e o que não fazer

Olá amigos,

Conforme mencionado no meu artigo anterior, dedicaria este artigo a um papel que anda muito em moda hoje em dia: o tal facilitador.

Muitas correntes defendem que o papel central de “líder de equipe” ou “gerente de projeto” deve possuir um perfil de maior liderança e menos gerencial. Veja na tabela abaixo algumas características que diferenciam liderança e gerenciamento:

GERENCIAMENTO LIDERANÇA
Tarefas Pessoas
Controle Fortalecimento
Eficiência Efetividade
Fazer certo as coisas Fazer as coisas certas
Velocidade Direção
Práticas Princípios
Comando Comunicação

O que entendo que devam ser características de um bom líder facilitador:

  • Comunicador;
  • Integrador;
  • Remover impedimentos da equipe e/ou projeto;
  • Coach;
  • Propiciar um ambiente onde a equipe tenha autonomia para tomada de decisões;
  • Incentivar a equipe a trabalhar de forma auto-organizada;
  • Ajudar na resolução de conflitos;
  • Promover o entendimento sobre o propósito do projeto entre todos os envolvidos;

Agora algo que vem me preocupando é o entendimento errado sobre o papel do facilitador, devido a alguns mantras repetidos e cursos como: “torne-se um mestre facilitador certificado em 2 dias”.

Então vou listar algumas armadilhas que um bom facilitador deve evitar:

1) O mantra das equipes auto-gerenciáveis
Conceito repetido à exaustão por muitos, é um algo que não acredito por um segundo (vejam minha opinião completa sobre auto-gerenciamento neste artigo).

Acredito sim em equipes auto-organizadas, ou seja, equipes que sabem o que deve ser feito e como deve ser feito. O facilitador deve propiciar um ambiente para que a equipe trabalhe de forma auto-organizada, mas deve sempre validar se a equipe está focada em atender os objetivos do projeto, se existem membros “se encostando” em outros, se a produtividade da equipe está dentro do esperado.

Caso o facilitador identifique desvios, ele deve tomar as devidas ações: coaching, orientação, treinamento ou mesmo substituição dos membros da equipe.

“Mas Vitor, existem guias ágeis que falam que as equipes “auto-gerenciáveis” são responsáveis por remover seus próprios membros e tomar as ações dentro da equipe. O facilitador apenas remove impedimentos”.

Como costumo dizer, existem horas que entre o que diz um guia e o mundo real existe um abismo! Não devemos nos prender a mantras e sim a aplicação prática dos conceitos. O facilitador deve ter um forte perfil de liderança, mas não pode deixar de lado algumas características gerenciais.

2) O facilitador que só facilita quando tem a palavra final
É aquele facilitador que adora ouvir a opinião da equipe nos 15 minutos diários, depois gasta mais 45 dizendo o que a equipe tem que fazer e como fazer, e ai de quem discordar!

Isto quebra o conceito de auto-organização, além de “engessar” o potencial da equipe.

3) Facilitador de equipes, dificultador de projetos
É aquele facilitador que faz tudo pela equipe e vê todos os demais envolvidos no projeto como “adversários”, sejam outras equipes técnicas envolvidas, clientes, gerentes de projeto, escritórios de PMO.

Acredita que conhece mais sobre o produto do projeto do que o cliente final que irá usufruir dos benefícios/resultados do produto. De que adianta fazer tudo pela equipe se, perante ao projeto, este facilitador torna-se um impedimento? Para pensar: Neste caso, como remover o impedimento do projeto? 🙂

Mencionei 3 exemplos, porém, é claro, temos muito mais situações onde o papel do facilitador acaba mais dificultando do que facilitando.

“Mas Vitor, muito difícil ser um facilitador então! Ele tem que ser um líder, mas não pode abrir mão de conceitos de gerenciamento! Não pode engessar a equipe, porém, não pode deixar o caos se instalar! Tem que ser um coach, um cara que inspira a equipe, mas que é firme na hora da cobrança! Afinal de contas como ser um bom facilitador?”

Te digo que não existe resposta pronta, mas o facilitador deve trabalhar intensamente na questão da inteligência emocional, assunto que irei explorar um pouco mais no próximo artigo.

Abraços e até o próximo artigo!

Vitor Massari

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Profissional com mais de 15 anos de experiência em projetos de software. Sócio-proprietário da Hiflex Consultoria, profissional PMP e agilista, acredita no equilíbrio entre as várias metodologias e frameworks voltados para gerenciamento de projetos.
Lema: "Agilista convicto sempre, agilista obcecado jamais"


1 Comentários

Kadu Marcassi
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Gostei da matéria! Já passei por esses papeis de “dificultador de projetos”, “engessador”, “controlador estressado”, e acredito que temos que observar com atenção cada situação, cada contexto, e principalmente saber avaliar a maturidade e consciência das pessoas envolvidas e só depois pensar em quais estratégias podemos usar.
Acho legal esse equilíbrio entre controle e autonomia enquanto a equipe amadurece até virar, quem sabe, uma “mitológicas” equipe auto-gerenciável.
O Rafael Buzon explora bastante essa questão (https://rafaelbuzon.com/site/), vale a pena dar uma olhada.

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