O que vale mais: bater o ponto ou gerar resultado?

A cada dia que passa, constato que grande parte das empresas ainda estão adotando um estilo bem conservador para medir e controlar a produtividade dos funcionários. Hoje em dia, o ponto eletrônico é utilizado como uma forma cômoda e fácil de automatização do controle que os gerentes deveriam fazer pessoal e diariamente como parte de suas responsabilidades. Entretanto, o que constatamos é que basta chegar ao final do mês e eles geram o relatório para ver se os funcionários cumpriram as oito horas diárias de trabalho. Pronto! Está feito o controle. Não precisa de mais nada.

Imagem via Shutterstock

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Só que isso não indica se durante essas oito horas o funcionário gerou resultados positivos (ou não) aos negócios, não indica a qualidade desses resultados, não demonstra se as metas de produtividade foram cumpridas e muito menos o nível de satisfação do funcionário e do cliente.

Por isso, para mim, fazer horas extras, chegar ao trabalho e não ter ideia de que horas irá sair, bater o ponto e cumprir rigorosamente essas oito horas não são meios adequados para gerir a equipe, os projetos e os resultados.

Em toda empresa tem aquele funcionário que cumpre a carga horária, mas, tem suas entregas sempre atrasadas; quando entrega, o resultado tem baixa qualidade; o cliente quase sempre fica insatisfeito com o produto e isso porque o funcionário não ficou nem metade do tempo dedicado a sua tarefa. Ele, provavelmente, passou mais tempo nas redes sociais, nos jornais, ao celular, no cafezinho e tantas outras maneiras de desperdiçar o tempo.

Então eu pergunto: para que serve avaliar um funcionário somente pelo relatório final do controle de ponto? Tendo em vista que isso não lhe dá informações suficientes para que possa gerar conhecimento sobre sua equipe e muito menos sobre o que está ocorrendo com ela e como poderia melhorar.

Sinceramente, não vejo esse controle como algo que substitua o trabalho de comunicação e orientação inerentes à função de gerente. Entendo isso como uma questão burocrática que gerentes preguiçosos se utilizam para mascarar sua ineficiente gestão da equipe.

Eu sou muito mais favorável a controlar, pessoalmente, observando, conversando, avaliando os funcionários e suas entregas do que apenas saber se eles estão as oito horas diárias na empresa. Um funcionário precisa se sentir motivado a estar aquelas horas no trabalho, ele precisa gostar e se sentir estimulado a produzir com qualidade, naquele período que foi acordado. E ultrapassar esse limite não deve ser algo rotineiro, pelo contrário, vejo isso como uma exceção e sinal de que algo foi mal gerenciado ou problemas não foram contornados adequadamente.

Pense nisso e valorize o que realmente importa e faz diferença na sua equipe e nos seus projetos, o capital humano.

Carolina Souza

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Psicóloga (CRP 06/203773) e Especialista em Gestão de Projetos (PMP) atua há décadas no mundo empresarial. Certificada CPRE, SFC, ITIL com profunda experiência nas áreas de Engenharia de Requisitos, Análise de Processos e Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance. Palestrante. Colunista no PTI desde 2013 sempre colaborando com artigos focados no desenvolvimento profissional dos leitores e gerentes de projetos em início de carreira.

Conecte-se com a autora em seu perfil no Linkedin e continue aprendendo sobre como crescer em sua carreira.


13 Comentários

Carlos Magno
1

Olá, tenho uma pergunta meio que “off-tópico”.
Bom, acompanho o PTi há alguns meses e nesse curto período já li todos os artigos do meu interesse.
Sem vocês dificilmente conseguiria estar apar de muitas coisas que gira em torno da área, tendo em vista que meu network é praticamente nulo!
Os artigos que mais curto são os não técnicos, onde o autor aborda um tema – Geralmente são coisas que vivencio no meu dia-a-dia, sei que é errado, mas não vejo nenhum colega da área falando nada a respeito (Talvez por falta de senso crítico, comodismo… sei lá!) – e expressa sua opinião com base em sua trajetória profissional . Este aqui, por exemplo!
Não vou entrar na questão de qual autor, ou autores, prefiro, mas você sem dúvidas é um dos meus favoritos!
O que eu gostaria de saber é se você, Carolina, me indicaria algum portal internacional no mesmo formato que o PTi?
É que eu gostaria de conhecer o dia-a-dia, a opinão etc. dos profissionais de Ti lá de fora e de quebra aperfeiçoar meu inglês.
Obviamente jamais deixarei de acompanhar o PTi!
Abraço!

Lucas Alcântara
2

Excelente texto, Carolina. Parabéns.
Penso exatamente a mesma coisa que você. A produtividade nem sempre depende do tempo em que se fica na empresa. Porém, como funciona para as empresas, legalmente falando, se a justiça do trabalho exige em portaria a utilização de ponto eletrônico? Se o funcionário for produtivo o suficiente para sair da empresa antes do horário “comum”, o que assegura sua postura perante a lei, um contrato para determinar que a mesma não exige cumprimento de carga horária?

jayr Filho
3

Ótimo texto, é como sempre falo, gerente tem que ser motivador, sempre mostrar ideias, e também chamar o funcionário para conversa, agita-lo para ter, um bom serviço.

Carolina Souza
5

Olá Lucas,
Acho que o funcionário precisa seguir o horário acordado em contrato, cumprindo as horas de trabalho indicadas, via ponto eletrônico, em se tratando de CLT. A questão mora em ultrapassar essas horas, como se fosse mais produtivo e uma prática comum, o que nossa experiência nos mostra não ser verdadeiro. Quanto a liberação antes do horário, acho negociável caso a caso, desde que no final do mês não haja saldo negativo (e nem acréscimos desnecessários).
Obrigada pelo retorno 🙂

Carolina Souza
6

Olá Carlos,
Obrigada por nos acompanhar no PTI, essa troca de experiências (autores x leitores) também contribui muito para o nosso dia-a-dia e crescimento profissional. Infelizmente não conheço nenhuma indicação internacional para lhe indicar, pois, costumo ler mais artigos técnicos.
Talvez, em fóruns da área específica que você desejar encontre indicações.
Em contrapartida, gostaria muito de receber sugestões de temas (não técnicos) do cotidiano para que eu possa elaborar novos textos.
Fique à vontade para sugerir =)

Fernando Palhares
7

Parabéns pelo texto Carolina. Há mais de 10 anos eu ouvi a seguinte frase: “Não interessa a hora que vc chega ou sai, mas qdo eu precisar das informações do seu trabalho elas devem estar atualizadas e serem precisas”. Eu era o mais novo estagiário da empresa e estava acostumado ao sistema de bater ponto todo dia e sempre tive problemas com isso. Essa forma de pensar, a princípio, me deixou surpreso e com o tempo demonstrou ser o mais importante, ou seja, não adianta controlar os horários, mas sim a qualidade e as entregas.
Vale ressaltar que esse pensamento não é adaptável a qualquer segmento de negócio, como Indústrias e outros setores que atuam como linha de produção. Nesses segmentos o processo é o mais importante e o tempo é o mais importante. Sucesso a todos.

Carolina Souza
8

Olá Fernando.
Obrigada pelo comentário.
Essa frase que lhe disseram tem muito a ver com o que falei no texto 🙂
Quanto a adaptabilidade desse texto para outras áreas, acho que se formos extrair a essência, que diz “faça o seu trabalho bem feito”, conseguimos levar para todos os setores. Mas, concordo que no segmento de linha de produção o processo e as regras são fundamentais também.
Abraços.

Daniel
9

A qualidade do serviço prestado e o tempo de entrega são os mais importantes na avaliação dos gerentes e devem ser mensurados. Porém tem a parte legal que é cumprir 8 horas diárias de trabalho, e dar intervalo de almoço de no mínimo 1 hora e máximo de 2 horas.
Portanto muitas empresas esbarram neste problema de não deixar o funcionário trabalhar mais de 8 horas, cumprir seu almoço e entregar tudo no tempo previsto.
No caso do meu serviço fico de plantão no celular depois do horário orientando os funcionários da empresa por telefone como devem resolver os problemas encontrados no desenvolver do trabalho e ainda fazer conexões remotas quando necessário. (Normalmente problemas acontecem pois algum funcionário deixou de fazer algum procedimento que impede a realização de outros e preciso conectar para realizar os procedimentos). Como não marco o pronto não recebo estas horas e nem folgo.

Carolina Souza
10

Olá Daniel,
Complicada essa situação. Essa escala de 24 x 7 precisa ser controlada de forma que garanta as horas trabalhadas pagas (seja em dinheiro ou folga). Acho que você poderia conversar com o RH da sua empresa, pois, esta forma não é legal para contratos CLT.
Abraços.

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