Olá amigos do PTI,
De uns tempos pra cá comecei a ver diversos artigos acadêmicos sobre o tal “modelo híbrido” em gerenciamento de projetos como “nova” tendência no gerenciamento de projetos.
Minha primeira reação foi: “Como assim, nova tendência?” Quem acompanha meu trabalho, seja através de artigos, como também treinamentos, coaching e mentorings sabe que defendo a combinação de métodos e ferramentas que gerem o melhor resultado para os seus projetos, sem se preocupar de “ser PMBOK” ou “ser Scrum”.
Quem teve oportunidade de assistir minha palestra “A Arte do Tailoring em Projetos Ágeis” no Agile Trends viu que até mesmo em um projeto 100% Agile você pode mesclar diversas ferramentas e técnicas do próprio Agile, sem se preocupar se está sendo “Scrum”, “XP”, “FDD”, etc.
O que está acontecendo na verdade é que finalmente as pessoas estão colocando um ponto final em algumas das discussões mais inúteis e improdutivas dos últimos tempos: Waterfall versus Agile ou Scrum versus PMBOK e outras similares. Fazendo uma analogia, por muitos anos estas discussões foram conduzidas como paixões clubísticas. Era como se um palmeirense tentasse convencer um corintiano a se tornar palmeirense e vice-versa, ao invés de “vamos assistir o futebol bem jogado independente de paixões clubísticas”.
“Mas Vitor, na teoria é muito bonito esse discurso que tudo pode ser aplicado! E na prática?”
Ok! Vamos ver alguns exemplos de projetos que podem utilizar tanto a abordagem Waterfall quanto a abordagem Agile:
Vamos tomar como exemplo um projeto de engenharia voltado para ramos imobiliários (prédios, casas, condomínios). Um construtor do ramo imobiliário geralmente leva no mínimo 18 meses para conseguir iniciar uma obra, pois temos diversas fases sequenciais a serem concluídas: Escolha do terreno, estudo do que pode ser construído, desenvolvimento de projetos de arquitetura, licenças na prefeitura local, desenvolvimento dos projetos complementares – estrutural, elétrica, automação, hidráulica, esgoto, etc. Somente após a conclusão destas fases, que seguem uma abordagem Waterfall, é que se inicia a construção da obra.
A fase de construção pode ser desenvolvida através de Agile, pois as iterações de curto prazo ajudam a eliminar os diversos riscos e incertezas existentes ou identificados no decorrer da obra. O escopo (Product Backlog) é refinado progressivamente com uma visão de médio prazo (rolling lookahead planning) e com a condução do projeto sempre alinhada à filosofia Lean (neste caso com Lean Thinking e Lean Construction).
Outro exemplo em que pode ser utilizado uma abordagem híbrida: projetos de software que dependem de uma arquitetura pré-construída. Em muitos projetos é viável criar a arquitetura de forma emergente dentro das iterações, mesmo podendo existir um certo retrabalho (leia mais a respeito no livro Succeding With Agile, Mike Cohn). Mas em outros casos se não houver um bom tempo gasto com a definição e planejamento da arquitetura, o chamado Scope Creep pode se tornar uma realidade dura e cruel no projeto! Nestes casos utiliza-se uma abordagem Waterfall no início (waterfall-up-front) para construção da arquitetura e uma abordagem ágil para o software que será construído com base nesta arquitetura.
Então novamente reforço que não existe nada de “novo”! Quem não se prende a radicalismos e xiitismos com certeza já aplicou algo similar a alguns dos modelos descritos neste artigo. Para quem está vendo este assunto como novidade e escrevendo sobre o assunto, fico feliz em ver algo que defendo há no mínimo 10 anos se tornar uma real tendência no nosso mundo de projetos!
Abraços e até o próximo artigo! 🙂
1 Comentários
Vitor, utilizo este “MODELO HÍBRIDO” nos projetos que desenvolvo no meu dia-a-dia e vem proporcionando sucesso em todas entregas cadas vez mais com qualidade e dentro do cronograma.