Existem muitos artigos que tratam de uma forma filosófica a visão de como se gerenciar uma equipe, a diferença entre chefe e líder, como a gestão pode ser aplicada no desenvolvimento dos projetos e assim por diante. No entanto, uma equipe de TI possui alguns desafios próprios que um gestor, principalmente recém atribuído a função, deverá se preocupar.
Focado em você que almeja liderar uma equipe de TI, analisaremos alguns pontos que serão importantes nesta trajetória e as principais características e desafios deste tipo de líder.
O tamanho da equipe
Quando se fala em equipe de TI, o tamanho da equipe é sempre algo relevante. Geralmente é proporcional ao tamanho da empresa em que ela atua, grandes empresas com diversas filiais possuem normalmente uma equipe de TI maior do que empresas menores, e a complexidade das tarefas normalmente também é proporcional ao tamanho da empresa. Mas neste ponto já surge o primeiro fator importante, essa regra não é sempre aplicável, o que determina o tamanho da equipe de TI é a área de operação da empresa e o quanto a TI implica na produtividade. Grandes industrias, por vezes, possuem equipes de TI reduzidas, pois não necessitam de muitos recursos computacionais, por conta disso mantem o básico internamente e o restante terceirizam, pois o foco da empresa é sua produção, seja de peças de automóveis ou calçados, o foco é que as máquinas produzam. Normalmente possuem uma equipe de apoio ao funcionamento das máquinas, que normalmente possuem um líder da área técnica em automação ou mecânica e um escritório que gerencia todo o resto.
Já em empresas focadas em serviços e ligadas a áreas de ensino como colégios, faculdades e universidades a equipe de TI costuma ser maior mesmo que a empresa em si não seja tão grande, pois a demanda pelos recursos da TI são muito grandes, serviços como a manutenção de sistemas on-line, laboratórios, vendas, emissão de documentos, armazenamento de dados, controle de acesso de clientes e uma infinidade de recursos devem estar disponíveis para que a empresa possa desempenhar seu papel, caso contrário grandes prejuízos poderão ocorrer. Nestes casos as equipes de TI são maiores e com diversas ramificações que vão desde engenheiros de software a auxiliares de laboratório, uma grande cadeia que precisa trabalhar de forma sincronizada para o bom funcionamento da empresa.
Obviamente o tamanho da equipe e as funções desempenhadas pelos colaboradores determinarão o grau de dificuldade em se gerenciar o trabalho de todos que fazem parte da equipe.
Formação do gestor
Outro ponto de extrema importância para a gestão de TI, é a formação do gestor. Normalmente os cursos que formam os profissionais de TI são focados na parte operacional e técnica devido à natureza da área, ou seja, profissionais de TI, em sua maioria, sabem desempenhar suas funções, mas não gerenciar o funcionamento do departamento como um todo. A parte burocrática, documentações e contratos, projetos e prazos precisam de alguém que tenha um mínimo de conhecimento em gestão para realizar a tarefa. Por conta disso era comum a contratação de uma pessoa com formação em administração para o cargo, o que causava o complicado problema de se lidar com algo que não se conhece plenamente. Mesmo que este realizasse cursos, como gestão de TI ou algum outro curso nesta área, a falta de vivência e conhecimento técnico na área criava gestores que precisavam de outros profissionais como “muletas gerenciais” para realizarem seu trabalho, ou seja, escolhiam um ou dois profissionais da equipe para auxiliar na parte técnica, ajudando em casos que necessitem de conhecimento profundo, como termos técnicos e tecnológicos que envolvem o trabalho.
É mais ou menos como colocar alguém que não sabe dirigir para dar opiniões sobre o comportamento de um carro. Ele pede para um motorista dirigir, e por meio dos dados fornecidos ele cria sua própria opinião, mas sempre por meio de outra pessoa. Esse método funciona, mas cria uma perigosa associação, pois alguns membros da equipe que participam na gestão podem fornecer dados não necessariamente corretos ao gestor e induzi-lo ao erro. O mais apropriado seria o gestor ter o mínimo de conhecimento sobre a área, o que fatalmente necessitaria de uma formação em computação. Por exemplo: caso um gestor, com uma formação em administração ou qualquer outra área, gerenciasse a TI de uma empresa e fosse alertado por sua equipe para modificar o banco de dados do A para o B a base de um custo muito elevado, mas, que em contrapartida proporcionasse um grande aumento de produtividade, como ficaria esta decisão? O gestor não tem um conhecimento suficiente para saber se esta é ou não a melhor opção para a empresa, fica completamente a cargo da equipe que poderia estar pensando em causa própria, seja para facilitar sua vida, seja por qualquer outro motivo que não traga vantagens à empresa. Claro que ele poderia pensar, consultar outras pessoas, contratar uma consultoria e muito mais, no entanto, isso requer tempo e dinheiro. Caso o gestor fosse da área por conhecimento de causa ele poderia tomar essa decisão.
Hoje, por conta destas características, já está é solicitado que profissionais de TI tenham formação em gestão para assumir tais responsabilidades nas empresas. Profissionais em infraestrutura, programação e suporte podem procurar se especializar em gestão para assumir posições de liderança dentro das empresas. Os cursos de pós-graduação, principalmente os chamados MBAs (Master of Business Administration), são boas opções para profissionais de TI que querem no futuro alcançar cargos de chefia dentro de suas empresas.
Lidar com equipes heterogêneas
Mesmo que o gestor possua uma formação em uma das áreas da TI, dificilmente ele conhecerá todas as facetas de um departamento que possua diversas funcionalidades. Caso a formação do gestor seja ligada a área de desenvolvimento, como analista de sistemas, por exemplo, terá um pouco mais de dificuldade para compreender termos e problemas técnicos das áreas de infraestrutura, suporte e hardware. O mesmo ocorre no caso contrário, para uma analista de suporte, por exemplo, problemas relacionados à programação de sistemas podem ser mais difíceis de compreender. Mas neste caso, independente do ramo de atuação, um profissional formado em TI terá o mínimo de conhecimento para que, com o auxílio de membros da equipe, possa tomar as corretas decisões e identificar possíveis erros de análise de sua equipe e poder corrigi-los sem comprometer a produtividade e principalmente a lucratividade da empresa.
Finalizando
Obviamente que não basta somente realizar cursos, por conta própria o profissional precisa interagir com a área de gestão, da mesma forma como a TI possui sua complexidade, a gestão é uma ciência dotada de conceitos e paradigmas próprios que somente a mescla de estudo e experiência poderá lhe ensinar. Iniciar aos poucos estudando e participando em projetos poderá trazer bons frutos e benefícios para o futuro gestor.
Se deseja ser um gestor, tenha em mente que além de ganhar mais que os outros da equipe terá muito mais responsabilidades, pois além de responder à gerência da empresa, terá que lidar com todos os desafios do departamento de tecnologia da informação que por si só já é uma tarefa árdua. Fazer com que todos os profissionais trabalhem para um objetivo único é quase como um trabalho de um maestro numa orquestra.
Este é o ponto na gestão de TI, ter em mente que não é só necessário conhecimento em TI, mas também em gestão, pois a união do conhecimento nestas duas áreas será o diferencial para superar qualquer desafio que venha a aparecer.
4 Comentários
Excelente artigo, mostra o que acontece realmente dentro das organizações, e os desafios que o gestor tem que assumir no seu dia a dia, tomando decisões como gestor e ao mesmo tempo decisões técnicas.
Parabéns pelo artigo, com uma visão bem realista e prática das necessidades de um gestor de TI. Grande parte das empresas de TI de médio porte tem a realidade de profissionais de perfil técnico assumindo a função de gestão. É de fato um grande desafio e de superação. Forte abraço.
Excelente artigo. Parabéns!
Artigo muito bom. Retrata bem o nosso cenário de TI.