Ao ler o título dessa matéria alguém pode achar que estará lendo uma fábula infantil tipo “A formiga e a cigarra” ou tantas outras que povoaram nossa imaginação durante a nossa infância.
De fato resolvi fazer essa brincadeira propositalmente para falar desse tema que está tão em evidência hoje em dia – “A computação na nuvem”. Todos nós que atuamos no mercado de Tecnologia da Informação nos acostumamos a essa tradução literal do inglês Cloud Computing.
Muito superficialmente, computação em nuvem tem a ver com a disponibilização de recursos computacionais sob demanda através de uma rede de computadores. Tal rede de computadores poderá ser pública ou privada e pressupõe a habilidade de permitir a um usuário submeter determinada tarefa, por exemplo, a utilização de uma planilha eletrônica ou o acesso a banco de dados, a um provedor de serviços, sem a necessidade de possuir o programa de planilha ou de banco de dados.
Como conceito o dispositivo a partir do qual um usuário irá se utilizar de serviços via Computação na Nuvem, terá somente recursos mínimos de software e hardware para operar, como por exemplo, o Sistema Operacional e um Navegador Web. Muito mais parecido com um terminal de acesso conectado a rede através da internet, do que um computador completo, seja ele um Notebook ou um Desktop.
Por isso fala-se tanto hoje na convergência entre os Smartphones, os Tablets e a Computação na Nuvem. Fica razoavelmente fácil supor que por suas características, tais dispositivos se encaixam perfeitamente nesse novo modelo de utilização de recursos computacionais.
Talvez a melhor analogia para solidificar o conceito de Computação na Nuvem seja com a de serviços tradicionais como água, luz, telefone e televisão a cabo. Nenhum de nós imagina a hipótese de, nos dias atuais, ter de possuir uma usina hidroelétrica para iluminar sua casa, nem de ser uma operadora de telefonia para falar ao telefone.
Nos acostumamos a consumir todos esses serviços “sob demanda” e, mais ainda, a pagar por eles “sob demanda”.
E, esse é o novo grande paradigma do setor de tecnologia da informação: a migração dos modelos tradicionais de comprar/vender com os quais nos habituamos, para o modelo de pagar/receber por consumo.
A grande maioria dos atores tradicionais desse segmento econômico, Fabricantes, Distribuidores, Revendas e até mesmo os usuários finais, ainda não tem respostas para a enormidade de dúvidas que estão pairando no ar.
Dentro do universo de Computação na Nuvem nos acostumamos com diversos novos jargões – Saas (Software como serviço), IaaS (Infraestrutura como serviço), DaaS (Desktops como serviço), PaaS (Plataforma como serviço), todos eles criados/adotados para representar as múltiplas novas oportunidades advindas da Computação na Nuvem.
E cada uma dessas novas oportunidades abre-se um leque gigante e multifacetado de opções e riscos para os distribuidores de TI. Caberá aos Distribuidores serem os novos provedores de Infraestrutura de TI? Ainda difícil e prematuro responder afirmativamente. Nos mercados mais maduros, principalmente o norte americano, a grande maioria das ofertas de IaaS (Infraestrutura como Serviço) tem partido de fabricantes como Google e Microsoft.
Qual será o papel reservado para a Distribuição nesse futuro cada vez mais próximo? Agenciadores, Agregadores, Provedores? As respostas certamente ainda terão de ser escritas. O que se pode afirmar categoricamente é que os distribuidores exercerão um papel essencial dentro desse novo contexto, uma vez que já dominam um modelo de negócio que exige capacidade de administrar créditos a granel, vender e entregar pulverizadamente e com grande diversidade geográfica, gerenciar múltiplos fornecedores e clientes, cobrar e receber por conta de terceiros, intermediar a integração de diferentes tecnologias, tanto quanto agentes de integração, quanto como os próprios integradores e, acima de tudo, se habituarem ao papel de “meio de acesso” entre fabricantes, revendedores e consumidores de TI.
Indiscutivelmente a Computação na Nuvem vai mudar e influenciar a forma como os distribuidores de TI fazem negócios e terá um papel crítico nos resultados dessas empresas.
Segundo a IDC, ao longo dos próximos cinco anos os negócios mundiais com Computação na Nuvem deverão triplicar, alcançando US$ 42 Bilhões já em 2012, chegando aos US$ 150 Bilhões em 2013. Certamente uma porcentagem significativa desses números vai acontecer em nosso mercado e, os distribuidores deverão estar adequadamente preparados para participar de uma boa parcela desses novos negócios.
E a responsabilidade dos distribuidores de TI aumenta na medida em que são e continuarão a ser o elo nesse ecossistema conectando Fabricantes, Revendas e Consumidores.
A expectativa de milhares de revendedores será a de encontrar nesse futuro que está a caminho, as ofertas de Computação na Nuvem que estarão comercializando, nos Distribuidores de TI com os quais se acostumaram a trabalhar, com os quais estabeleceram relações de crédito e parcerias estratégicas de longo prazo.
*Mariano Gordinho, Presidente da ABRADISTI