[Outra opinião sobre] Regulamentação da TI

Lendo um artigo do colega Anderson Nunes aqui, senti necessidade de argumentar alguns pontos. Especialmente nos comentários, percebi opiniões diversas e até equivocadas sobre a regulamentação da profissão e dos profissionais da TI. Fui profissional sem graduação por 15 anos. Em algum momento, percebi que o mercado [brasileiro] me cobrava um diploma, então providenciei. Espero, portanto, ter base para opinar um pouco sobre o assunto.

Diploma não prova competência

Sim, é verdade, um diploma não determina competência. O artigo do querido colega tem absoluta razão nesta conclusão. Vi inúmeros profissionais sem graduação serem mais competentes e produtivos que outros com diploma. Estes, inclusive, formados nas mesmas turmas de faculdade que frequentei. Também vi profissionais experientes ganhando embasamento ao frequentar sua graduação que, boa ou ruim, para quem tem foco, ensina muito. Me beneficiei de muitas teorias e direcionamentos para atividades que vinha fazendo apenas por intuição ou experiência. Faculdade ensina.

O mercado se vicia em alta exigência e baixo custo

O artigo citado, entretanto, cita os ‘sobrinhos’ ou ‘curiosos’ da profissão da TI como monstros que apavoram somente profissionais inseguros. Discordo, pois penso que a consequência da não regulamentação é o que o mercado faz a partir destes sobrinhos. Nunca temi curiosos e já mandei empresas exploradoras às favas ao longo dos meus anos na TI. Já tive bons empregos, bons salários; e já passei por desempregos e falta de projetos e dinheiro. O problema é além do sobrinho: o problema é que o mercado se vicia em alta exigência e baixo custo.

Qualquer um de olho no mercado está cansado de ler exigências de três certificações, cinco linguagens e ‘N’ caprichos para ser retribuído com um salário que vale um terço do preço de uma única certificação exigida. Nada em TI é barato para o profissional. De um mouse com mais qualidade à certificação reconhecida, passando por um laptop de médio porte, tudo custa muito. E a profissão exige, sim, folga, lazer, descanso para o renovar as energias e a continuação do trabalho bem feito.

Uma analogia: uma sujeira no canto da sala não é um problema; no outro dia também não… Mas aos poucos, o chão da casa fica cinza e ninguém lembra mais que era branco. Aos poucos, o mercado se acostuma a ter engenheiro como ascensorista, retrato de um Brasil de vinte anos atrás e de uma China atual, com empregados recebendo pouco e trabalhando muito, sem reclamar.

Naturalmente, a regulamentação da profissão deve vir acompanhada de responsabilidade. Um engenheiro, como um analista de sistemas, estudou teorias e cálculos que um técnico jamais conhecerá! E o engenheiro responderá criminalmente por volumes de responsabilidades (e vidas) que um técnico jamais deveria ver, assim como um administrador de dados deverá ser processado por falir uma empresa ao destruir dados. E uma vez que há risco, precisa ter salário para seguros e advogados. Advogados bons. O mesmo vale para médicos, que respondem por processos altíssimos todos os dias, dado o seu risco diário ao lidar com vidas.

Por que a resistência em regular a profissão?!

Antigamente dentes eram arrancados em barbearias. Antigamente não haviam anestesistas. Antigamente técnicos contábeis assinavam balanços. Por que há tanta resistência em regular a profissão da TI?! Todo profissional decente merece ser regulado por um órgão sério, do Programador-Técnico ao Administrador de Bancos de Dados. Perdoe a franqueza, mas há pessoas que tratam o profissional de TI como “vadia”! Até prostitutas tem mais ordem que algumas empresas que contratam um Analista de Redes e atribuem ao coitado responsabilidades sobre sistemas, bancos de dados e atendimento a usuários (sem perder o sorriso no final da curra).

Analista de Sistemas não tem que saber programar. Se souber é diferencial, jamais requisito. E sem uma regulamentação, vão continuar exigindo “graduação, certificação, php, java, humildade, esperanto e japonês”.

O artigo compara um programador (que reconheceremos aqui como técnico) a uma pós-graduada. Na comparação, conclui que o técnico é mais ‘produtivo’ que a graduada. Muito me espanta! Primeiro porque um técnico (de programação, de redes, de enfermagem, de engenharia civil…) não executa as mesmas funções que um graduado nas referidas áreas. É claro que na função de levantar paredes, o peão será mais ‘produtivo’ que o engenheiro, então o que representa uma comparação deste tipo?

Me pergunto se, na necessidade de uma defesa em um processo, meu colega contrataria um estagiário de Direito (ou um paralegal) para sua defesa, já que seria mais ‘produtivo’ que um advogado sênior, com seu estudo comprovado e provável experiência. Se contrataria um açougueiro para operar ponte de safena em seu filho, já que ele corta como para vender sashimi. A comparação parece exagerada, mas o programador do artigo trabalhava como porteiro. [Oi?!]

Por fim, um desabafo: Dá vergonha ver colegas achatarem a TI. No final, desculpo um pouco o mercado ou a mídia que veicula notícias como “o mercado está aquecido, mas falta qualificação”. A culpa é nossa! Nós não somos patriotas da nossa profissão! E sem tal sentimento de defesa, nos entregamos ao patrão como prostitutas em países pós-guerra. Triste.

Em tempo: especial agradecimento a Dione Sanga pelo comentário no outro artigo.

Fernando Rego

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Profissional com mais de 10 anos em TI. Experiência em análise de sistemas, gestão e desenvolvimento de projetos de sistemas. Experiente em ambientes Open Source, apaixonado pelo Linux e o poder do Shell.


42 Comentários

Alexandre Luis Vignado
1

Penso que muitos confundem regulamentação com certificação.
Uma certificação, como o nome diz, “certifica” que ele conhece aquele conteúdo, seguindo um padrão de avaliação da entidade ou órgão que fornece o certificado.
Ninguém é contratado como “PMP”, como “MCTS” e sim com alguma função apropriada relacionada a ela.
A regulamentação ajudará a criar certos “limites” para a profissão, porém temos que ter cuidado pra estas limitações não prejudicarem o trabalho do profissional.
Exemplo: Um Analista de Sistemas que sabe programar e encontra um problema em um sistema, porém o programador está ausente.
Hoje ele pode resolver, com a regulamentação ele poderia dizer “Não, esta não é minha função pois no sindicato X diz que no meu regulamento eu não preciso escrever códigos. Vamos aguardar alguns dias para o programador voltar e completar uma linha de código”. Se a regulamentação não for bem utilizada pode dar o efeito contrário das vantagens que ela representa, forçando a empresa a criar novos cargos no momento da contratação, exemplo “Especialista em Sistemas”, cargo que não existe na regulamentação.
Certificações são importantes principalmente para processos de seleção. Um bom processo de recrutamento, ao receber os currículos, não conhece nenhum dos candidatos. Este processo custa dinheiro, ele não tem tempo de ler, interpretar e buscar saber se cada candidato realmente tem a experiência que divulga no currículo.
Neste ponto entra a certificação, que é uma garantia a mais para o profissional de RH que escolheu um candidato com maiores chances de atender a necessidade da vaga. Basicamente a certificação separa você entre as pilhas de currículo, mesmo que infelizmente alguns com certificação nunca tenham praticado aquilo que estudaram para se certificar e na pilha sem certificados tenha profissionais excelentes. Eu particularmente penso que se o profissional é excelente, ele ganha bem o suficiente para ter a certificação relacionada, com uma garantia a mais de sucesso em caso de voltar ao mercado.
Abraços.
Alexandre.

Diego Alves Rodrigues
2

Nunca comento, mas dessa vez mereçe o meu elogio. Análise sóbria da realidade atual da profissão. Regulamentar, em um país que mal sabe o que fazemos, é entregar dignidade. É a profissão do futuro que aqui nunca chega. O Brasil não é os EUA. O bom profissional, em empresas sérias, é bem remunerado e a regulamentação não mudaria isso. Infelizmente temos poucas empresas sérias e muitas parasitas.

Lincoln S. Barbosa
3

Concordo plenamente com a matéria! Sou técnico de hardware sênior e já tem 4 anos que estou trabalhando em uma empresa como Analista de TI. Fiz vários cursos como Jquery, Javascript, Html5, CSS3 e me viro bem em php. Hoje sou o faz tudo na empresa. Hardware, rede, sistemas internos, manutenção em banco de dados, suporte aos usuários e clientes, até certificado digital sou eu quem organiza. Se eu comentar o meu salário aqui com vocês, acredito que vocês fariam uma “vaquinha” para me dar uma força. Não tenho graduação em TI, sou graduado em Logística empresarial, área a qual não atuei, pois sempre fui totalmente ligado à informática. A graduação em Logística veio por uma oportunidade em uma época em que eu acabava de ser pai e passei no vestibular pra pagar apenas R$ 50,00 por mês da faculdade. Como eu não tinha graduação nenhuma, embarquei de cabeça. Além dos outros afazeres, ainda tenho que gerenciar 2 servidores, sendo 1 Linux e 1 Windows. Faço meu trabalho com muita dedicação, mas sinto que de certa forma a empresa se prevaleça por eu não ter esta graduação. Pretendo me graduar em TI a partir do ano que vêm, espero ter passado minha situação atual a qual eu acredito que muitos passam por aí.

Fernando Rego
4

Caro Lincoln S. Barbosa, obrigado pelo retorno e faço bons votos de que consiga concluir em bom tempo a sua graduação. Sabemos o quão sacrificante pode ser estudar e trabalhar, especialmente em uma área em que “sair no horário”, mesmo para fazer uma prova ou assistir a uma aula pode ser mal visto. Persevere, caro colega!

Fernando Rego
5

Prezado Alexandre Luis Vignado, muito bem observado. Só peço que não desconsidere exemplos simples como o de um procedimento incorreto feito por um médico de uma especialidade dificilmente (ou nunca) será revisto por um de outra especialização.

Renan Colebrusco
6

Também sou a favor da regulamentação. E de que existam órgãos e sindicatos que protejam e orientem esses profissionais. Infelizmente hoje a realidade aqui no Brasil em quase todas as áreas no mercado se resume ao que foi colocado: “alta exigência e baixo custo”. O que praticamente “obriga” os profissionais a aceitarem tudo para não ficar desempregados. Realmente temos que valorizar nossa profissão.

Marcos Aurelio
7

Olá, tenho uma formação técnica em informática, minha dúvida pode ser um pouco off topic, mas gostaria de saber a opinião dos colegas e do autor do texto se voces acham que tem diferença um curso técnico de um tecnólogo só porque esse último é emitido um certificado como graduado e dando direito a pessoa a fazer uma pós graduação.
A minha opinião que os dois teriam o mesmo nível em se falando do que se é aprendido, e pra mim um certificado de tecnólogo e um certificado técnico “disfarçado” de graduado, pois tenho colegas programadores que são formados em cursos tecnólogos e tudo o que eles sabem e aprenderam no curso tecnólogo no curso técnico também aprendi. Acho até que os cursos técnicos deveriam acabar já que o mercado valoriza muito mais um tecnólogo.
Inclusive uns dos meu coloegas analisando meus códigos no git me elogiou e fiquei contente em saber que um profissional na área gostou dos meus códigos.
Não estou desmerecendo meus colegas, longe disso e nem estou dizendo que um curso de graduação não é importante pelo contrario desejo fazer um curso de graduação na área de desenvolvimento de sistemas.
Mas gostaria de saber a opinião de voces, se acham que existe muita diferença em um tecnólogo para um técnico.
Obrigado.

Fernando Rego
8

Caro Renan Colebrusco, fico feliz em ter conseguido passar bem meu entendimento da importância em termos uma regulamentação. Estou certo de que há prós e contras em ambos os lados mas, como você, entendo que a regulamentação é importante. Obrigado pela contribuição.

Fernando Rego
9

Olá, Marcos Aurelio, eu não desmereço em nada o curso de tecnólogo. Dois brilhantes profissionais do meu convívio são tecnólogos, além de outros com quem cursei diversas matérias. O que entendo é que o curso de tecnólogo é mais focado, mais dinâmico e, portanto, mais focado ao negócio. O de graduação, mais abrangente e diverso, sendo assim, focado ao negócio como ao científico. Minha opção pelo curso de graduação é que alguns concursos exigem mais horas de formação superior; e como eu presto concursos, vez ou outra…

Marcos Aurelio
10

Abusando da sua boa vontade Fernando, como voce acha que o mercado “enxerga” os cursos tecnicos?
Eu percebo que já algum tempo o mercado desvaloriza o curso tecnico ou estou enganado?
Mais uma vez obrigado. 🙂

Fernando Rego
11

Essa discussão é mais longa que a resposta mais óbvia. Eu, enquanto contratante, gestor ou consultor de contratação, valorizo experiência e pontuo igualmente o tecnólogo e o bacharel. Minha opinião é que RH não sabe contratar profissional de TI. Sequer por culpa deles. Temos muita tecnologia, muita sigla que confunde até mesmo os envolvidos na área, imagine RH. A descrição de cargo diz “experiência em dns” e o currículo dia “experiente em administração de servidor de domínio”: RH reprova. Acima de tudo, acho que estamos vivendo numa utopia arrogante de classe média ignorante, que acha que ter uma médica como babá “só porque posso pagar” é chic. Não passa de esnobismo. A média pode até estar passando por uma fase em que aceite o dinheiro, mas em duas semanas parará de limpar a fralda do bebê; então o patrão vai reclamar na TV que falta gente qualificada. Dizem que dinheiro resolve tudo. Ilusão. Arrogância. Técnicos são para trabalhos técnicos. Analistas para projetar. Somente uma regulamentação [séria] ajudará a separar um do outro e pagar o justo a cada um.

Marcos Aurelio
12

Concordo com voce quando diz que o pessoal de RH não sabe contratar profissionais de TI.
Só pra deixar claro que quando digo técnico estou me referindo ao curso Técnico em Informática que tem como certificação técnica e não ao tecnólogo que tem uma certifica como graduada.
Mas suas respostas me ajudou muito. Obrigado.

Fernando Rego
13

Marcos Aurelio, seguindo a linha de raciocínio do artigo, assim como um técnico contábil sabe fazer alguns balanços, mas se restringe à técnica e à “mão na massa”, com uma regulamentação decente, espero que um técnico certificado seja hábil na técnica de implementar o que seu curso técnico propõe.
Citando a Enfermagem como exemplo, um Enfermeiro planeja, administra e coordena. Já um Técnico em Enfermagem executa (mão na massa) efetivamente o trabalho.
Há muito mais mercado para técnicos. Sempre deve haver. Porém quem segue a sequencia dos estudos deve ser melhor utilizado em trabalhos que exijam certo nível de análise e projetos.

André Marinho
15

Prezado Fernando,
Parabéns pelo artigo, embora bem estruturado o raciocínio não concordo com um ou outra colocação. Acho muito temerário quando comparamos a área de T.I com outras, haja vista a quantidade de particularidades, mas é bom ouvir opiniões diferentes. Gostaria de fazer uma pergunta, você fala com tanta propriedade e citando apenas benefícios da regulamentação é como se contemplássemos um oásis no deserto árido, mas como você tem certeza assim? Por exemplo você conhece um exemplo real dentro da área de T.I em outros países que deram certo?

Marco Lemanovo
17

Umas das melhores matérias e ponto de visto que li até hoje. Correto, ponderado e na mira da verdade.
Sou mestre em ciência da computação pela UCF(Florida), bacharel em matemática aplicada pela USP e proprietário em USA e BR de empresa de TI.
Gostei muito do seu texto e apesar de geralmente somente ler resolvi lhe dar os parabéns.
O mercado de TI no Brasil é extremamente prostituído sim. Eu já vi absurdos de “profissionais de TI” formatando máquinas a R$ 20,00. Eu nem entregaria minha maquina a um curioso desses, quanto mais ser profissional de TI.
Regulamentação é necessária sim, mas não mandatoria, aqui em USA umas das poucas profissões que não precisa de regulamentação é justamente TI, mas a mente é outra. Outra cultura e ambiente.
Muito do que está ocorrendo hoje no Brasil é culpa dos profissionais de TI que não se valorizam como deveria.
Entendo que exista todo um país em recessão, uma tal crise, mas tem acredito que alguém bem preparado supera facilmente isso, DESDE QUE, quem está avaliando/contratando saiba o que está fazendo, por isso fiz questão de na minha empresa a gestão de pessoas ser feita por uma profissional de TI com uma posterior formação em psicologia, as contratações tem sido cerca de 80% mais corretas.
Parabéns pela texto!

Fernando Rego
18

André Marinho, agradeço muito a mensagem e o questionamento. Com muito cuidado ratifico as palavras “séria” e “decente” quando apoio uma regulamentação. É claro que me preocupa demais pensar que podem radicalizar e colocar todo profissional não certificado para fora do mercado, assim como uma regulamentação que mais atrapalhe que ajude.
A questão é que enquanto nossos colegas ficarem alheios a este assunto, alheios à política, outros decidirão por nós. Advogados e juristas decidirão por profissionais de TI como nós deveremos trabalhar.
Para termos uma ordem séria, um conselho decente, precisamos debater, argumentar. Estou certo de parte da minha visão seja cega ou inocente e que o “outro lado” veja coisas melhor. Mas não cabe polarizar. Cabe sentar e buscar o melhor para a profissão e os profissionais.
Mencionando outro mercado, o colega Marco Lemanovo menciona o americano. Há menos regulamentação, mas porque não há necessidade. Nossa cultura é diferente. Não significa que não possamos mirar num mercado melhor. Mas ainda precisamos de balizamento.

Fernando Rego
19

Mestre Marco Lemanovo, muito agradecido pelas palavras. Enriquece e contribui muito ter retornos como os que recebo aqui, especialmente o seu por não ser um hábito.
Me meti em alguns debates após esta publicação e preciso reconhecer que eventualmente um profissional de TI e psicólogo pode funcionar com excelência em função de RH; assim como uma grande amiga, comunicadora e analista de testes de software há vários anos pela IBM.
Esta questão da regulamentação merece esse debate com tamanho cuidado por essas e outras questões: minha amiga é uma exímia profissional de TI com formação em Marketing. A TI perderia muito em não tê-la como colaboradora. Assim como provavelmente a Administração e o RH perderia se não pudesse contar com a sua recrutadora.

Leandro
20

Concordo em praticamente tudo no texto!
Só uma coisinha que ficou confusa nos comentários.
Bacharel é graduação!
Tecnólogo é graduação!
Técnico não é graduação!
Só para separar as coisas.
Abraço e Parabéns pelo texto!

Juliana
21

Quero parabenizá-lo pelo regido. Ao meu conseguiu expressar , muitas das frustrações, sentimentos e descredibilidade para com a profissão e os profissionais na extensa e diversificada área de TI. Sou a favor da regulamentação da profissão, pois me sinto desrespeitada, desvalorizada e humilhada:
– por ser mulher em uma área onde se imperam homens, e o desrespeito prevalece;
-pela quantiosidade monetária investida ;
-as exigências e obrigações para se pretender a um cargo, a uma vaga são extensas e o retorno, não acompanha .

Marcos Aurelio
22

Leandro isso mesmo… O meu medo era esse que meus comentarios ficassem confusos, mas é isso mesmo o que eu quis dizer.
Tecnologo é graduação, Técnico não é.
Por isso que perguntei o que os profissionais da área acham em relação ao curso Técnico. Porque acho que o mercado não valoriza muito o curso Técnico em informatica.

Jonatas
23

Inicio no próximo semestre meu curso de graduação para a área de TI, e vendo os comentários aqui no site, fico me perguntando se estou indo para um buraco sem volta, uma perda de tempo. No estado onde moro as empresas são bem “meia-bocas”, logo, todo aquele estresse de conseguir o primeiro emprego espera por mim, minha principal aposta(e única saída) são os concursos públicos. É claro que esse problema no excesso de certificados e a falta de vontade das empresas em moldar os iniciantes não é só com a TI. Engenheiros, mesmo com a regulamentação sofrem de tal problema, afinal, onde há fiscalização?
Acho que o problema esteja no país, no modo de pensar. Porém, uma coisa de cada vez, certo? Acredito que a regulamentação seja apenas um começo de algo que precisa mudar ainda mais, não só na nossa área; não gosto pensar que a medicina da dinheiro fácil e é a carreira de sucesso, enquanto a TI você vai ter suar a camisa, dar o sangue. Eu sei que ninguém fica rico após a graduação, mas até a uma pós ou doutorado, eu gostaria de ver boas oportunidades, sem precisar viver de migalhas.
As promessas para os próximos anos na TI são boas e, talvez, eu seja apenas um jovem de 18 anos preocupado demais com o futuro.

Fernando Rego
24

Oi, Juliana, agradeço seu pronunciamento. Infelizmente mulheres são mesmo bem discriminadas, ainda mais em determinadas profissões, especialmente as que lidam com cálculos. Tenho uma irmã que faz Engenharia Civil e imagine o que passa em campos de obras ou mesmo nos escritórios onde trabalha.
Tenho uma historia curiosa para contar. Tive uma cliente uns anos atrás que trabalha em faxina de obra. Ela é gerente de uma empresa que faz exatamente o citado: faxina após obras em imóveis. Para quem já fez obra, tem noção do que é recolher e levantar cascalho, tijolo, sacos de pedras e cimento, além da poeira que parece que nunca acaba. Sabe que ela só tem faxineirAs? E o motivo, diferente do que muitos possam pensar, é que homem não aguenta o peso. Achei que tinha a ver também com capricho e cuidado, mas não: peso é o fator principal. Sem surpresas, por fim. Se a procriação dependesse de nós homens, o mundo teria se acabado faz tempo. Tem que ser muito forte para aguentar ser mulher, seja levantando cascalho, seja desenvolvendo sistemas. Parabéns (e obrigado) por sua garra.

Fernando Rego
25

Jonatas, olá. Sim, tudo que relatou passa pela cabeça de cada um. E o segredo é o mesmo: amar o que faz. Parece cliché, mas é meio que receita de bolo pra tudo. Filhos dão trabalho e estressam, sem amor, não dá pra ter. Cães idem. Casamento idem. E TI é uma das profissões mais exigentes neste sentido. TI não é para qualquer um. Há quem entre em várias faculdades por modismo e segue a vida (eventualmente até mesmo infeliz, mas ainda com sucesso). TI exige mais.
Dinheiro e reconhecimento são importantes, também portanto o artigo foi criado, mas sem amor, não haveria profissional de TI. Triste é quando o mercado abusa desse amor.
Se é isso mesmo que você quer, siga concurso, monte seu negócio… Mas não desista. E exija melhorias.

Regis Miranda
26

Faço uma reflexão a mais sobre este artigo.
Já olharam os requisitos para concursos em TI? concurso para programador, a pessoa tem que saber 10 linguagens, rede, qualidade de software, análise, etc, etc, etc…
Fazendo um paralelo, se este mesmo concurso fosse contratar um motorista a pessoa teria que saber dirigir de carroça até ônibus espacial.
Em um mercado regulamentado, esta farra acabaria….

Souza Fernadez
27

Assunto polemico.
A Área de Ti no Brasil, necessita sim de regulamentação, piso salario e teto salarial e dificultar a contratação de profissionais não formados. Porque? é simples, proteger nossa categoria e não os formados, a não regulamentação protege apenas os donos de empresas.
Sou formado em Sistemas de informação e Engenharia Civil.
Amigos, vocês dão murro em ponta de faca, não existe salários altos em Ti, existe a falta de um único profissional em uma linguagem desconhecida ou pouco entendida. Ponto, nada além disso…. ganhar 3 a 4 mil, estudando todo dia para se atualizar e ainda ter que trabalhar mais de 8 horas por dia, amigos, amigos, vão abrir uma empresa, uma mercearia bem centralizada já daria mais que isso gastando menos do tempo da sua vida.
Em quanto no Canada, EUA, China…. o mercado contrata um ara sem conhecimento, treina, e paga muito bem… No Brasil, você se prostitui, estuda sozinho em casa, faz hora em casa para terminar projetos, mostra resultado e ganha uma miséria… E vocês ainda não defende a regularmentação?
Olha… por isso continuo fazendo um ou outro site para pagar uma parcela do meu carro, porque Ti é brincadeira aqui no Brasil… graças a Deus que fiz outra formação.

Paulo Rossi
30

Achei muito legal o artigo, bem como, também penso que deve ter uma regulamentação da TI. Porém, só discordo no ponto que diz que um Analista de Sistemas não tem que saber programar. Sabemos que trabalhar com sistemas, é necessário conhecer o sistema e suas lógicas, bem como, diagnósticar os erros. E a única forma de fazer isso, é programando. Então, sem saber programar, pra mim não é um Analista e sim um usuário. No meu ponto de vista, para ser um profissional à nível, além de graduado, tem que ter conhecimento amplo. É o mesmo cenário do Médico e da Enfermeira. Não é porque as enfermeiras que colocam a agulha do soro, que o médico não tem que saber como também colocar. Na realidade é ele que deve avaliar a qualidade e se foi devidamente colocado.

Adriano R. Balani
31

Concordo plenamente com seu artigo, pois ha uma somatoria de problemas basicos na TI, sendo um dos principais a “prostituição” do profissional ou para os mais eruditos a auto desvalorização, Acho que está demorando a regulamentação da TI, conheço muitos balconistas de farmacia que resolveram problemas de doença melhor e mais rapido que muito medico, nem por isso eles tem um consultorio. Acho que o tecnico, graduação ou nivel tecnologo é o primeiro passo para quem tem vontade de ser um profissional melhor. Não é o curso que faz o aluno é o aluno que faz o curso! fica a dica!

Cléo Quintiliano Fernandes de Brito
32

Opinião sóbria, sensata e racional. Pensamento no futuro e não apenas no agora. Concordo plenamente. Isso irá fazer todos, graduados e não graduados correrem atras de conhecimento.

Gustavo Molina
33

A proposta de reserva de mercado e imposição de restrições de trabalho, com as consequentes diminuições salariais, só vai servir para o sindicato ganhar mais dinheiro, e o Brasil afundar mais. O país já tem dificuldade com tecnologia. Não consegue competir com outros países, e vai dar mais esse tiro no pé aumentando ainda mais a dificuldade com tecnologia. Perdem todos. Desde os “protegidos”, até a sociedade. O mercado de TI vai diminuir muito com isso, pois não vai mais ser competitivo. Vai ser muito mais fácil e barato para uma empresa fazer outsorcing para a Índia do que empregar no Brasil. Cabe lembrar que até SUPORTE TÉCNICO e divulgação tecnológica estão engessadas nessa reserva de mercado, segundo o projeto de lei. Sim. O atendente telefônico de suporte técnico vai estar sujeito a essa reserva de mercado. Se ainda não leu o absurdo do projeto de lei, pode ler no link. Destaco essas partes: Art. 4º As atividades e atribuições dos profissionais de que
trata esta Lei consistem em:
I – planejamento, coordenação E execução de projetos de
sistemas de informação, como tais entendidos os que envolvam o
processamento de dados ou utilização de recursos de informática e
automação;
II – Elaboração de orçamentos e definições operacionais e
funcionais de projetos e sistemas para processamento de dados, informática
e automação;
III – definição, estruturação, teste e simulação de programas e
sistemas de informação;
IV – elaboração e codificação de programas;
V – Estudos de viabilidade técnica e financeira para
implantação de projetos e sistemas de informação, assim como máquinas e
aparelhos de informática e automação;
VI – fiscalização, controle E operação de sistemas de
processamento de dados que demandem acompanhamento especializado;
VII – suporte técnico e consultoria especializada em
informática e automação;
VIII – estudos, análises, avaliações, vistorias, pareceres,
perícias e auditorias de projetos e sistemas de informação;
IX – ensino, pesquisa, experimentação e divulgação
tecnológica;
X – Qualquer outra atividade que, por sua natureza, esteja
incluída no âmbito de suas profissões. http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=7A7B9C3AF4479A770E9863871554632F.proposicoesWeb2?codteor=1452917&filename=PL+5101/2016

Jair
34

Todos no abraço suicida da burocracia. Vão ficar desempregados, mas se serão desempregados felizes, tá valendo. 🙂

Rodrigo
35

Excelente artigo, aproveitando o seu vasto conhecimento no mercado posso tirar uma dúvida ?
Um profissional com CREA de Técnico de Informática Industrial teria um diferencial tendo em vista a regulamentação da profissão ?

Alexandre Couto
36

Pessoal…. Sei que de fato tem uma resistência em aceitar a regulamentação…. Mas e uma necessidade pois um Técnico ou Engenheiro…. Advogado…. Medico e até o Jornalista tem conselho de regulamentação…. São respeitados!!!! Eu não tenho como assumir ser Técnico em Mecânica se só sei trabalhar mas não tenho um CREA para validar uma manutenção ou parecer de defeitos e etc….. Já passei por varias empresas de TI e pude ver que muitos dos gestores e etc… Tem opção por aqueles que sabem mas não tem certas certificações para não pedir um salario digno e certo…. Pois uma certificação mais barata é da “Microsoft” certo!!! Quem faz uma graduação Tecnologo ou Bacharel sabe o quanto fez para lutar…. Bem acredito que isso vai mudar um pouco esse universo….

Fernando Rego
37

Oi, Rodrigo. Obrigado pelo retorno. Pwnsando na teoria da regulamentação, creio sim que um Técnico do CREA irá se beneficiar. A boa das últimas notícias é que uma entidade ligada à TI está conduzindo a regulamentação. Esperemos que seja decente e não cheia de corrupção e tendências.

Gustavo Molina
40

Fernando: Não sei se você tem alguma noção do mercado. Aparentemente, pelo que você diz, e sendo bem generoso, você não tem muito conhecimento do mercado. Então deixa eu explicar: o Brasil já não é muito competitivo mundialmente.
Como essa informação não é algo que você certamente vai acreditar só por eu falar, pode ler um relatório sobre competitividade mundial. Está em inglês, mas tenho certeza que você consegue ajuda de alguém para entender, ou mesmo usar um tradutor automático. http://www3.weforum.org/docs/WEF_GlobalCompetitivenessReport_2013-14.pdf
Ao colocar essa dificuldade a mais, ele vai se tornar ainda menos competitivo.
Como consequência a área de tecnologia no Brasil vai diminuir ainda mais. Vai ser mais fácil desenvolver em outros países do que no Brasil.?
Por que uma empresa viria desenvolver no Brasil se for muito mais fácil e menos burocrático desenvolver em outro país ?
Abracos.

Alessandro Ambrosio
41

Licenciatura é graduação!
Bacharel é graduação!
Tecnólogo é graduação! (2,5 anos e 3 anos. Ou seja, dependendo da faculdade, é só um ano de diferença para um Bacharel)
Técnico não é graduação!
Só para separar as coisas.
Abraço e Parabéns pelo texto!

CRISTINA FERREIRA
42

Para explicação aos leigos.
Um curso superior de licenciatura forma professores;
Um curso superior de bacharelado, forma bacharéis;
Um curso superior de tecnologia;
Um curso que forma tecnólogos não é um curso técnico.

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