Procurei expor o estereótipo de um programador egocêntrico que se considera acima de qualquer regra, procedimento, método ou nível hierárquico. Esta estória é baseada em “fatos surreais”.
Sou programador de software. Digam-me a verdade, tem coisa mais inútil que projetos? Tem sim, gestão de projetos!
Vamos ser práticos, projetos só servem pra “encher linguiça”. O negócio é cumprir o que pedem. O cliente é quem manda! Se ele diz para fazer, vamos fazer, eu sei programar por que tenho que ficar fazendo um “monte de coisas inúteis” que não servem para nada. Isso mesmo, pra nada, vou explicar!
Levantamento de Necessidades: Isso eu mesmo faço, é simples, só anotar o que o cliente quer.
Documentação de Requisitos: Não precisa o cliente já disse o que quer, eu já sei tudo.
Diagramas de Casos de Uso, Sequência, Classes, Dados: Bobagem, já estou programando tudo.
Planejamento: Outra coisa inútil é só ir fazendo o que pedem.
Não sei por que, estes que se dizem “especialistas em projetos” ficam insistindo em planejar, comunicar, apurar custos, definir tempo, colocar um “método unificado”, besteira. Não vejo problemas em atender as necessidades do usuário sem usar nada disso.
O usuário já me conhece, somos amigos e fica mais fácil ele me pedir as coisas diretamente, não preciso informar ninguém. A qualquer momento (horário de almoço, corredor, por e-mail, até depois do expediente) ele me pede o que precisa e eu faço!
Não precisa avaliar os impactos, porque já conheço a estrutura do negócio e do sistema. É só programar o que o usuário pediu. Se por acaso depois que estiver pronto, o usuário pedir para mudar, não tem problema, afinal a idéia é ajudar o usuário e fazer o que ele quer. Isso não é “retrabalho”, é agradar o usuário.
Todas estas “balelas” de riscos, escopo, tempo e custo, não precisam ser considerados, já sei o que precisa fazer, não temos pressa e risco não tem, pois conheço tudo e confio muito no meu trabalho. Quanto à qualidade, ficará excelente, o programa vai ficar muito bom!
Durante meu dia-a-dia, vou escrevendo o código e testando, não precisa outra pessoa para fazer isso, afinal o grande teste será do nosso usuário. Quando terminar de fazer tudo e passar para o usuário, ele me passa se tiver algum problema e a gente vai arrumando tudo do jeito que o usuário quiser e desta forma vamos mantendo e arrumando o que for necessário, afinal não tem fim, por isso que não gosto de projetos, ou ter que ficar justificando meu trabalho para alguém que nem mesmo sabe programar.
FIM.
Depois desta breve estória de nosso programador egocêntrico, o que mais gostaria é que ninguém estivesse identificando esse personagem em sua equipe. Infelizmente não é bem esta a realidade de algumas empresas, na qual o EGO vale mais que os procedimentos e o profissionalismo, onde a exceção sempre vira regra.
A falta de pensamento sistêmico e visão estratégica fazem com que todas as técnicas e práticas do mercado vazem pelo “ralo” juntamente com a verba da empresa, porém, estas são “coisas” matérias que podem ser recuperadas, a pior perda é o conhecimento, capacidade e autonomia de profissionais preparados em detrimento de pessoas com o pensamento e comportamento do nosso programador egocêntrico.
Existem casos em que o falta de visão estratégica do cliente atrapalha muito os negócios e fazem com que o insucesso seja um companheiro quase que constante.
Quem faz parte de um grupo de “cabeças pensantes” tem que batalhar contra a falta de visão estratégica e mudar este cenário, caso não veja sucesso em suas investidas, chegou a hora de “startar” o projeto “vazari” (recolocação no mercado). Não fique vivendo muito tempo neste tipo de ambiente falido.
Tão comum quanto o estereótipo do programador egocêntrico nas equipes, encontramos profissionais desmotivados e fadados a serem considerados “meia-boca” porque seguem os procedimentos de mercado e não de amadores. Ocorre uma inversão de valores, onde o “certo está errado e o errado esta certo!”.
Não somos profissionais para fazer o que achamos certo ou errado, baseado em gostos pessoais, mas sim para fazer o certo, seguindo fluxos, hierarquia, regras, boas práticas e etc.
O conteúdo deste artigo pode causar diversos sentimentos, mas, por favor, não confundam firmeza com agressividade.
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10 Comentários
Se tem profissionais que se encaixem nessa sua estória que mudem de profissão, a gerencia de projetos é essencial e o planejamento mais ainda. Afinal, que profissão não necessita de um bom planejamento e uma gerencia de custos e riscos ?
Muito bom este post Parabéns Marcelo alias estamos nesse caos que se encontra o setor graças a falta de planejamento anterior o planejamento é fundamental.
Bah, nada a ver esse artigo….
Isso aí é papo de gerente de projeto que não entende nada de computação e quer justificar seu trabalho.
Enquanto tiver gente pensando assim, os projetos vão continuar falhando e os clientes continuarão insatisfeitos, pagando fortunas por horas de gerenciamento ao invés de pagarem bons desenvolvedores para realmente resolverem os problemas.
http://programming-motherfucker.com
Quem trabalha em empresas que possuem esse tipo de profissional sabe o quanto é complicado! Espero que logo possamos extinguir essa espécie!
Parabéns pelo post, muito bom
Eis um belo exemplo deste tipo de profissional:
C. Code
9:43 em 10 de maio de 2011 3
Bah, nada a ver esse artigo….
Isso aí é papo de gerente de projeto que não entende nada de computação e quer justificar seu trabalho.
Enquanto tiver gente pensando assim, os projetos vão continuar falhando e os clientes continuarão insatisfeitos, pagando fortunas por horas de gerenciamento ao invés de pagarem bons desenvolvedores para realmente resolverem os problemas.
http://programming-motherfucker.com
Isso mesmo, troca de profissão filho.
Post Ótimo…
Esse post tem toda razao. Hoje em dia temos que planejar tudo, nao quero dizer que o planejamento fara com que de tudo 100% certo porem dimunuira muito o risco do seu projeto fracassar e consequentemente sera menos custoso. Hoje em dia planejamento eh tudo.
É interessante ser testemunha de duas situações (ficticias):
1 – PROJETO SEM GERENCIAMENTO: Que no final não pôde ser implementado em produção pois esqueceram de codificar corretamente a interface do modulo de login, impedindo que os usuários acessem a aplicação via web.
2 – PROJETO COM GERENCIAMENTO: Onde o prazo para testes/implementação foi estourado pois o gerente (sem conhecimento/postura) ficou focado em detalhes desnecessários, forçando os programadores a se preocupar com o que não importava.
CONCLUSÃO: Nos dois casos o que realmente interessa é BOM SENSO (conhecimento técnico aliado a conhecimento de negocio).
Hoje trabalho em TI, mas antes trabalhava em processos de industria metalurgica: Mudam as empresas, mas os perfis não mudam. Os dois mundos tem problemas correlatos.
TÉCNICOS: Aprendam a negociar (politicamente) seus pontos de vista.
GERENTES: Preocupem-se em entender quanto tempo demora para codificar um extrator de base de dados que movimentará 40.000.000 (quarenta milhoes) de registros diariamente.
Semper Fi !
Belo post! parabens.
Só não concordo muito com o seu final “Não somos profissionais para fazer o que achamos certo ou errado, baseado em gostos pessoais, mas sim para fazer o certo, seguindo fluxos, hierarquia, regras, boas práticas e etc.” pois acho que um profissional que fica preso somente as praticas da empresa se acomoda e acaba se “perdendo no tempo”.
Mas a importância de projetos é essencial sem duvida!
O Marcelo sempre escrevendo coisas do dia-a-dia de quem trabalhar em TI.
É pessoal temos estes profissionais em varias empresas e o pior é que costumam queimar o trabalho de quem tenta fazer as coisas de uma forma próxima do ideal.
Vamos torcer para que eles sumam do mercado, mas se ajustando a realidade.
Parabéns Marcelo