Quando estar on-line e off-line?

Quando foi a última vez em que você saiu e deixou o celular em casa? Me fiz essa pergunta e não consegui me lembrar de quando isso aconteceu comigo. Seria repetitivo dizer que estamos cada vez mais conectados, afinal isso é muito perceptível. O que tem sido surpreendente, pelo menos para mim, é a necessidade cada vez maior das pessoas estarem conectadas full time.

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Não faz muito tempo que encontrei uma matéria abordando o novo comportamento entre jovens, o Sleep Texting. Nada mais é do que responder a mensagens de textos enquanto estão dormindo. Isso mesmo: há quem não se desconecte nem durante o sono! A tecnologia é, com certeza, uma ferramenta que nos auxilia muito, mas será que estamos passando muito tempo on-line e esquecendo da vida off-line?

Embora a maioria das pessoas passe uma boa parte do dia conectada – seja a trabalho ou a lazer –, a tendência é que isso aumente com o passar dos anos. É só observar as crianças e adolescentes pela cidade. Nos shoppings, nas lanchonetes, nos parques, a maior parte deles tem smartphones e parecem absortos nisso. Uma pesquisa realizada pelo grupo MSL, especializado em comportamento, mostra que dentre quatro países pesquisados, o Brasil é o que permite às suas crianças o acesso mais precoce a aparelhos celulares: Enquanto na China a idade considerada ideal pelas mães para os filhos terem o primeiro celular é 14, aqui no Brasil é 11.

Sou totalmente a favor do uso da tecnologia no nosso dia a dia, mas acredito que ela tem que ser uma aliada nos nossos relacionamentos. É claro que ferramentas de conversa servem, em muitos casos, para aproximar, principalmente quando a distância física é um empecilho. Entretanto, o que se vê comumente são pessoas que deixam de aproveitar algum momento com a família e amigos e só ficam com os olhos atentos nos seus dispositivos móveis, preocupando-se em registrar tudo com a câmera ou em conversar pelo celular.

Recentemente fui assistir a uma peça de teatro e percebi que algumas pessoas estavam mais interessadas em registrar tudo em fotos e vídeos do que em ver a peça. Há até uma campanha chamada “Se Preferir, Eu Desligo para Você” que defende o não uso de eletrônicos nesses locais. Apoiado por atores de peças teatrais, o movimento quer conscientizar os frequentadores de teatros e casas de show da importância de vivenciar o espetáculo e deixar de lado por alguns minutos seus aparelhos.

Na minha opinião, um dos fatos que mais ilustram essa preocupação das pessoas em registrarem é a última visita do Papa Bento XVI ao Brasil. Por onde ele passava, era possível ver multidões com suas câmeras em punho. A maioria das fotos e vídeos, em poucos minutos, estava compartilhada nas redes sociais.

Outro dado divulgado pela MSL, que chega a ser engraçado, é que 28% das brasileiras abririam mão do sexo por um mês para não ficarem sem o smartphone. Isso só demonstra o quão as pessoas estão apegadas a essa conectividade em tempo integral.

Então, eu acredito que para tudo é preciso ter bom senso. Durante um almoço com os amigos, um jantar em família, uma tarde de domingo no parque, tente aproveitar os bons momentos e experiências que a vida oferece. Enfim, use a mobilidade a seu favor e não contra.

Imagem via Shutterstock


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