Quando o profissional de TI não está alinhado com o negócio…

Logo quando comecei a atuar na área de TI, fui iludido que o meu maior desafio seria correr atrás do conhecimento técnico para que as empresas disputassem para ter esses amplos conhecimentos adquiridos.

Porém, assim que os anos foram passando descobri que esse não era e nunca foi o maior desafio dos profissionais de TI. 

Não foi uma nem duas vezes que vi profissionais com gabaritos técnicos sendo mandados embora, enquanto outros, que não tinham tanto conhecimento assim, assumindo o posto em seus lugares.

O grande problema do profissional de TI muito técnico, é que ele é muito técnico!

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Pode parecer contraditório para você que é novato, mas quem está há anos na área sabe que é muito difícil encontrar um profissional de TI que sente empatia pelo negócio da empresa.

Esse é o nosso maior desafio, afinal, para que saber como instalar a última versão do Sistema Operacional com seus recursos avançados e suas configurações hiper complicadas, se na hora que o negócio precisar, você criar dificuldades de mudar os processos ou se adequar a realidade da demanda?

No mundo real, servidores, switches, roteadores, links de internet, estações de trabalho e toda a infraestrutura de hardware e software de uma empresa, são apenas para suportar o negócio dela funcionando.

Tudo isso é meio óbvio, mas muitos profissionais se focam em funcionamentos técnicos e se perdem no relacionamento com as áreas que geram a renda para a continuação do negócio da empresa, fazendo ela perder dinheiro, ter prejuízos e, consequentemente, fazendo ela optar por profissionais pouco “técnicos” para executar o trabalho, mas com relacionamento impecável no trato com o “cliente interno” de TI.

Um exemplo que posso dar para ilustrar esse problema, foi uma vez que a empresa onde trabalho precisou instalar uma ferramenta nova para efetuar vendas para o Black Friday, e com isso algumas portas do firewall estavam bloqueando a saída do tráfego. No procedimento corriqueiro, se deveria abrir chamado para a equipe de firewall, que aplicaria a regra seguindo a fila das outras solicitações já pedidas. Porém, não dava pra esperar, por isso foi pedido prioridade para o analista de Firewall, que era um excelente e gabaritado profissional. Porém, ele era de “pouco trato” e ficou irritado com a pressão e não atendeu ao chamado com prioridade. Resultado, a empresa perdeu mais de 3 horas do Black Friday e o profissional foi demitido.

Hoje, se você está em começo de carreira, entenda que a parte técnica é essencial, mas sua empatia em entender como a empresa que você trabalha funciona e não apenas como os sistemas de TI funcionam, também é crucial para sua sobrevivência no mercado.

O ideal é mesclar seus conhecimentos técnicos, com análises dos processos do negócio, para entender passo a passo não só como os sistemas de TI funcionam, mas para quê e para quem ele serve dentro do negócio da empresa.

Fazendo isto, você estará solidificando sua carreira e destacando-se dos profissionais que pensam apenas com a “mente de TI” e pouco ligam para o que a empresa faz no operacional para o negócio funcionar plenamente.

Você concorda, discorda, tem algo a acrescentar? Por favor, deixe seu comentário abaixo!

Franklin Ribeiro

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Bacharel em Sistemas da Informação pela Universidade Bandeirante de
São Paulo e pós-graduado em Segurança da Informação pela Universidade Nove de Julho.
Trabalha como Analista de infraestrutura de TI há mais de 10 anos, onde acumulou diversas
experiências em projetos de Software Livre e proprietário em grandes empresas
como Editora Abril, SciELO e 4linux.
Entusiasta da cultura DevOps, se especializou em ferramentas como Kubernetes, Rancher, GitLab, Ansible, Puppet, Rundeck, Docker, ELK, Jenkins, Terraform, Prometheus, Zabbix, Grafana.
Contribuindo sempre que pode com a comunidade do Software Livre, e apaixonado por aviação nas horas vagas.


13 Comentários

Bruno Fagundes
1

Excelente texto, Franklin. Cada vez mais, vejo o profissional de T.I ser essencial no negócio da empresa. Uma dificuldade que tenho é como identificar isso, como saber o que impacta no negócio.
No meu caso, trabalho em uma transportadora de médio porte e em caso de emergência, até consigo identificar no que consigo dar maior prioridade. Mas e quando está tudo “quieto”, como identificar melhorias? Como fazer algo que impacte no trabalho dos colaboradores e melhore o serviço deles? Ainda tenho dificuldade nisso.
Sou analista de infra.
De qualquer forma, parabéns pelo texto. Excelente.
Abraço.

Franklin Ribeiro
2

Bruno Fagundes, Obrigado pelo comentário, realmente identificar melhorias no negócio e nos processos de TI quando está tudo funcionando normalmente é um desafio, por isso que a área de Governança hoje está em alta, pois com um olhar “de fora” é mais fácil identificar problemas e melhorias nos processos. Abraço

Claudio Eden
3

Muito bom suas colocações Franklin Ribeiro. Corroboro contigo no que diz respeito ao alinhamento do profissional de TI (e outros) com os interesses da empresa, com o negócio em sí.
Isso faz parte de todo um grande movimento pelo qual o mundo corporativo vem passando, diria até que por questões de sobrevivêcia e não mais por destaque apenas.
De certo modo, um artigo que escrevi aqui mesmo nesse portal – https://www.profissionaisti.com.br/2017/03/5-dicas-de-ouro-para-o-salario-dos-seus-sonhos/ – , está nessa linha de pensamento.

Franklin Ribeiro
4

Obrigado Cláudio, li seu post também é agregou realmente ao que quis dizer. Obrigado e abraço

Fagner Bezerra
6

Ótimo texto Franklin!
Aproveito para comentar minha nova “visão” sobre esse assunto no dia a dia, e confesso que nos meus 4 anos de TI, (ate cerca de uns 5 meses atrás) ainda assim pensava, mais com toda certeza, devo meu inicio de mudança de pensamento a meu supervisor de equipe que faço parte. ele assim com você, tem buscado apresentar essa visão para os demais profissionais da área. (nome do mesmo é Erimanteia, creio que não ah problemas cita-lo). mais como ia dizendo. ele tem contribuído para equipe com essa visão de “uma TI menos técnica e com mais técnicas empresariais” (se é que assim posso dizer).
Realmente o mercado mudou, e precisamos urgentemente nos adequarmos a ele e nos aperfeiçoarmos.
Que sejamos profissionais do negocio!
Forte abraço e obrigado pelo texto enriquecedor!

Rodrigo
7

Excelente texto Franklin. No começo da minha carreira eu pensava a agia da mesma forma do técnico citado como exemplo no texto. Mas qualquer profissional que se preze, sabe que as coisas não são assim e que o “negócio” da empresa tem que andar e se adequar a ele.
Parabéns.

Marcelo Almeida
8

Franklin.
Muito bom o texto! Parabéns! Me identifiquei enquanto lia. Já vi o exemplo descrito no texto acontecer e também já aconteceu comigo mesmo. E foi só com o tempo e reflexão para perceber que eu, como profissional de TI, deveria mudar para sobreviver na área.
Bruno.
Também já tive uma situação assim. O que me ajudou muito foi fazer uma análise SWOT. Dê uma estudada neste método porque vale muito a pena. Vai te dar uma visão e direção.

Franklin Ribeiro
9

@Cayque
Obrigado pela força.
Abraço
@Fagner
Obrigado. É realmente importante ter um mentor com uma visão mais holística do negócio para ser um bom gestor e tirar a melhor parte técnica da equipe de TI, ao mesmo tempo que atende o negócio com qualidade.
Abraço
@Rodrigo
É bem característico da nossa inexperiência agir assim, acredito que todos que venham da área técnica pequem nesse quesito em início de carreira. É bem verdade que alguns não são só no início mas na carreira toda rsrs.
Abraço
@Bruno
É como eu disse acima, a inexperiência muitas vezes nos faz agir assim. Ótima dica do SWOT, vou até incluir em próximos posts.
Abraço

Vinicius Alves das Neves
10

Ótimo texto.
Uma ferramenta muito boa para a TI entender como seus serviços impactam no negocio da empresa, é o Plano de Continuidade do Negocio – PCN. Quando se elabora o PCN, da forma correta, ambos os lados, Negocio e TI visualizam esse alinhamento, a importância e o impacto que os serviços de TI tem no negocio.

Rone Mendonça
11

Caro Franklin,
Sem discordar do seu texto, tenho dúvidas se as empresas de fato procuram profissionais de TI com perfil no negócio ou se elas têm a visão de que precisam de profissionais de TI que as ajudem a crescer e não apenas façam os “computadores” funcionarem.
A maioria dos anúncios de vaga para gestores de TI pedem formação em Ciências da computação, Sistemas de informação ou Engenharia de sistemas. Nada contra estas nobres formações, mas são técnicas. Raramente você vê uma empresa solicitando alguém com formação em administração ou economia. Isto sem contar os casos que a vaga remete a Gerente de TI SAP, por exemplo, como se o propósito da vaga fosse atuar com o SAP e não gerenciar a equipe para que o SAP funcione bem.
Trabalho com TI há mais de 15 anos, fui programador e operador de computador, formado em Ciências contábeis, pós graduado em gestão da TI e MBA em Gestão Empresarial além de ter gerenciado grupos multidisciplinares que foram de 8 a 40 pessoas. Ou seja, um perfil mais de negócio do que técnico. Mesmo assim estou há 7 meses sem um trabalho vivendo de consultorias pontuais cada vez mais escassas.
Mas enfim, o texto é nobre e verdadeiro. Falta apenas combinar com os gestores das empresas e com os recrutadores/headhunters.

Leandro Xavier
12

Acredito que em pouco tempo a sigla TI (Tecnologia da Informação) será substituída por TN (Tecnologia de Negócios).

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