Quem saiu da faculdade e foi contratado como sênior logo no primeiro emprego?
Bom, eu não fui. E nem conheço alguém que tenha sido. Por isso, hoje começa a série de três artigos focados no público jovem que está iniciando a sua carreira: os estagiários.
Entretanto, as situações e dicas que trarei aqui não se aplicam somente a este público, afinal de contas, atitudes de empoderamento são úteis em qualquer fase da nossa vida.
Costumo receber um número significativo de mensagens de estagiários ou de universitários que estão querendo começar sua atuação no mercado de trabalho, além de jovens em nível júnior de carreira. Portanto, resolvi captar os problemas mais recorrentes e aliar com dicas que julgo indispensáveis para a carreira de todos nós.
Começaremos conversando sobre os chefes grosseiros que, infelizmente, não são raridades nas empresas, principalmente no tato com funcionários em início de carreira. O curioso é que todos nós (pelo menos eu acredito nisso) fomos um dia estagiários e não reclamávamos exatamente desta maneira hostil com a qual éramos tratados, então, como hoje agir de maneira análoga!? Contraditório, no mínimo.
Eu me lembro muito bem de quando comecei minha carreira, e, por sorte ou benção divina, fui afortunada com os meus primeiros líderes que me tratavam com respeito, humildade e gentileza. E olha que eu fui uma estagiária com um temperamento muito difícil de lidar: não sabia como expressar minhas frustrações e insatisfações de forma empática e agia com certa rispidez e muita inflexibilidade. Exemplos estes meus que não recomendo a nenhum de vocês. Por sorte, os meus líderes sabiam identificar que meu temperamento era causado pela minha pouca/nenhuma experiência profissional, onde acabara de sair do universo acadêmico e vinha com a ilusão de que tudo funcionaria conforme descritos nos livros [santa ingenuidade]. E, por diversas vezes, meu antigo diretor me chamava para conversar em particular na sala de reunião e me mostrava com muita empatia que meu comportamento não estava adequado e que chegava a causar ruído na nossa comunicação, ele me dizia que entendia que eu ainda estava me adaptando e que era muito comprometida com meu trabalho, porém, conhecimento se não estiver aliado com bom comportamento não me levaria a lugar algum.
Não foi fácil perceber meus erros, eu conversava diariamente com o meu pai (que é um exemplo de profissional que sabe se relacionar de forma positiva com os seus colegas) e ele reforçava tudo o que o meu diretor havia me dito (tal fato me deixava ainda mais revoltada, sim é essa mesma a palavra). Com muito custo e aborrecimentos eu me refleti demais até entender tudo o que eles lutavam para me ensinar. E fui desenvolvendo minha inteligência emocional sendo mais observadora de mim mesma e de como a minha reação impactava no meu desempenho profissional.
Passado o tempo de estágio e nível júnior, fui contratada como pleno e daí comecei a enfrentar um outro tipo de liderança, os maus líderes. A grosseria, a hostilidade, a má comunicação e os conflitos constantes se tornaram características do meu dia-a-dia, e, como vinha de uma experiência onde quem agia assim era eu e aprendi que isso não era o correto e nem me ajudaria a alcançar minhas metas (além de minar o clima todo em minha volta) comecei a perceber o quão nocivo era esse comportamento. Então, uma nova fase de evolução, amadurecimento e aprendizado começou na minha vida: como reagir a essas atitudes negativas dos meus chefes? Coloquei em prática tudo aquilo que aprendi com meu antigo diretor, meu pai e minha primeira gerente.
Meu pai me passou o primeiro ensinamento que levo comigo até hoje: não permita que ninguém grite com você.
Pode parecer meio óbvio, mas no momento em quem um chefe agride um estagiário com grosseria a primeira atitude é o aumento do volume da voz, ou seja, o chefe logo chega gritando. Nesse momento, oriento você, estagiário, a ser manter firme e não responder aos gritos também, mantenha um tom de voz assertivo e diga ao seu chefe que o está escutando. A forma como você dirá essa frase fará com ele perceba que gritar não irá acionar nenhuma reação emocional sua, pois, mantêm-se no controle da sua emoção – é provável que ele diminua o tom e volte a falar de forma natural. Por outro lado, se você continuar ouvindo em silêncio ou gritar de volta ele terá conseguido te desestabilizar e daí por diante não será mais nenhuma conversa, mas sim gritos desconexos e muito estresse.
Outro ensinamento que obtive com meu diretor é em relação ao tom que você usa nas suas colocações: não precisa ser agressivo.
Se o seu chefe discordou de algum ponto de você ou veio lhe corrigir em público, seja tranquilo e firme na sua resposta, não demonstre que está acuado ou amedrontado, não demonstre fragilidade; pergunte de maneira consistente e tranquilizadora como poderia atender a necessidade dele e que está empenhado em fazer diferente (e melhor). Com esse tipo de resposta você terá neutralizado os argumentos dele para lhe criticar e julgar, além de demonstrar seu engajamento em aprender/corrigir e fazer melhor, reforçando o seu comprometimento com a empresa.
Por fim, um aprendizado que a vida me deu e compartilho com vocês: desenvolva a sua inteligência emocional, converse com os mais experientes, escute atentamente o que as pessoas mais velhas e experientes tem a lhe ensinar, e, não conceda a ninguém (seja chefe/gerente/diretor/professor etc) o direito de duvidar da sua verdade, da sua competência, da sua dedicação, dos seus valores, não deixe que lhe subjuguem.
A primeira (e mais importante) pessoa que tem que acreditar e respeitar você, é você mesmo.
Todos aqueles que chegaram ao sucesso e conquistaram os seus objetivos enfrentaram dificuldades, pessoas que quiseram lhe puxar o tapete, ouviram indelicadezas e grosserias em algum momento de suas vidas, mas, o que lhes diferenciou daqueles que sucumbiram a essas pessoas negativas foi a forma com a qual optaram por reagir a estas dificuldades: eles simplesmente optaram por superar e não somatizar.
Orgulhe-se de seus esforços. Respeite as diferenças. Não saía por aí julgando os outros.
Cuide dos seus objetivos. Estude. Aprimore-se.
Vença seus medos.
Supere seus obstáculos.
Desafie-se diariamente.
Forte abraço a todos os estagiários!
S U C E S S O
8 Comentários
Olá Carolina, excelente texto, alias aprendo muito com seus artigos e de outros autores do site.
Mas como agir com estagiários desinteressados e descomprometidos que não respeitam horários, ficam a maior parte do tempo no smartphone, internet e etc.
Trabalho como técnico em informática em uma faculdade, e sou responsável por liderar uma equipe de estagiários e os mesmos são alunos da faculdade. Acredito por serem alunos e ainda não serem formados, possuem muito do comportamento de estudantes que fazerem bagunça e não serem tão responsáveis.
É uma equipe pequena são apenas três estagiários, mesmo sendo poucos nos vejo como uma equipe.
Ontem mesmo agi como o chefe do titulo do artigo, pois já tinha perdido a paciência e fui grosseiro, pois parece que tem horas que não adianta conversar e tem que jogar tudo o que voce aprendeu em cursos de liderança e gestão de pessoas para o ar.
Não gosto de agir como fiz ontem pois não gosto que me tratem com grosseria e não gosto de ser injusto.
Obrigado.
Olá Marcos,
Primeiramente, obrigada por compartilhar conosco sua experiência, a família PTI (autores e leitores) cresce muito com essa troca.
Respondendo sua questão, me questiono sobre a seleção destes estagiários: será mesmo que os critérios utilizados eram compatíveis com a necessidade da vaga? Será que está claro para eles o que a faculdade enquanto empresa espera deles (como funcionários e não alunos)? Como eles veem você: um líder de fato ou um monitor de turma talvez? Há quanto tempo eles estão cursando a faculdade? Será que já tiveram outra experiência profissional?
Acho que todos nós, em algum momento de nossas vidas, agimos de forma inapropriada com os outros e nos arrependemos posteriormente dessa atitude. Esse é o primeiro passo para não repetir novamente: reconhecer o erro e se arrepender. Diante desta consciência – de que não agimos de acordo com a forma com a qual gostaríamos de sermos tratados – podemos nos perguntar: onde posso melhorar da próxima vez? O que faria diferente se pudesse voltar no tempo?
Essas reflexões são muito mais reveladoras e transformadoras do que o sentimento de culpa ou autojulgamento. É uma abordagem de autocoaching que pode nos ajudar a superar nossas limitações.
Pense nisso e se quiser me mande uma mensagem para conversarmos mais.
Abraços.
Carolina obrigado pelas dicas. E realmente a seleção não é feita como vc descreveu, meu superior chega com os candidatos sem nenhum criterio de seleção.
Seguirei suas dicas para na próxima vez deixar o mais claro possível o que espero do candidato.
Mais uma vez obrigado. Abraços.
Carolina ,trabalhei por 17 anose fui demitido da cooperativa pelo meu superior por não aguentar as grosserias e realmente não estava tendo condição mental para trabalhar, creio que muitos passam por isso.
Olá Marcos,
Lamento muito. É triste demais saber que é tão comum ter chefes tão nocivos ao funcionário.
Mas, a vida sempre nos dá a chance de recomeçar. Enfrente esse momento como um novo começo, com persistência, esperança e empenho. Você vai conseguir!
Aqui na torcida pela sua felicidade!
Abraços,
Carolina.
Excelente texto! É realmente desmotivante e totalmente contra-produtivo quando pessoas sem noção de liderança e inexperientes assumem cargos de “poder”. Já fui muito desrespeitado no ambiente de trabalho. Os assédios morais eram constantes. Sorte que sempre fui muito paciente com as coisas. um amigo sempre diz: “Tudo passa… Você é bom. Faz o certo e confie em você”. E nas horas de fraqueza, é importante ter essas pessoas boas por perto. Confesso que pensei em sair da empresa diversas vezes(que é uma empresa muito boa). O que aprendi com essa situação, foi que independente de tudo, temos que confiar no nosso trabalho e não esquecer dos nossos objetivos! Isso é muio importante. Quando eu fazia as coisas e mesmo tendo feito meu melhor e ela arrumava um motivo banal para criticar, por dentro , o sentimento que dominava era: “Eu sei que sou bom e isso não me abala!”. Como ela era nova, sabia que no meu lugar ela não aguentaria muito tempo. Pois quando alguém a tratasse da forma que ela me tratava, ela não ia ter o principal que foi citado no texto: “equilíbrio emocional”.
Oi Vinicius,
PARABÉNS pela resiliência!
Uma característica importantíssima nos tempos modernos.
Continue assim: confiante, perseverante e resiliente.
Você vai chegar aonde deseja e será muito difícil alguém lhe barrar!
SUCESSO!
Abraços.
Infelizmente, Carolina, o problema é que têm empresas com péssimos recursos humanos, onde os empresários que gerenciam o negócio não têm o mínimo de moral e caráter e cobram dos funcionários as falhas e vícios que eles mesmos apresentam. Passei por isso uma vez em uma experiência profissional, e não adianta engolir muitos sapos, pois senão o colaborador vai ter um mal súbito. É igual um casamento falido onde o cônjuge tenta manter as aparências, mas a convivência beira o insuportável. Até na hora de assumir erros muitos empresários e gestores colocam a culpa no CNPJ, mas o empregado quando vem a cometer falhas é responsabilizado de forma personalíssima. Como vc disse gestão de pessoal é o mais importante!