Continuando a série de empoderamento para você que é estagiário, hoje vamos tratar de um assunto que pode causar certo desconforto: o não saber.
Quem me acompanha nos textos já deve saber que comecei minha carreira de TI como estagiária de AD (Administradora de Dados) em DB2 para Unix. O detalhe: eu só tinha visto e usado Windows na minha vida!
Como foi minha recepção no estágio? Assim olha:
“Bem-vinda Carol. Conhece AIX? Não? Tranquilo, toma aqui esse livro de DB2 para Unix, dá uma lida depois a gente conversa.”
Considerações importantes:
- o livro era na verdade o manual do DB2 no Unix (todos os S.O).
- o manual era todo em inglês (e eu nunca havia lido nenhum livro em inglês).
- nunca tinha visto um prompt de comando de um database.
Feitas as considerações, prossigamos…
Eu simplesmente fiquei paralizada diante daquele manual de mais de 300 páginas! Minha reação: recorri ao grande amigo de todos nós nos tempos atuais: Mr. Google =)
E com o Google Translate fui me adaptando às primeiras páginas, até que do segundo capítulo em diante já consegui caminhar de forma mais independente. Lido o manual, meu líder técnico começou a passar SQL’s simples para dar manutenção, gerar consultas e, em menos de 6 meses, já estava atuando também como DBA. Passado um ano fui contratada como DBA Jr. de DB2.
Foi fácil? Não mesmo. Era um desafio rodar cada instrução DML. Eu havia decidido iniciar minha carreira pela área de banco de dados porque fiquei encantada estudando os livros de C. J. Date na faculdade e quando me vi diante de um SGBD real simplesmente vi que não sabia fazer nada. Não sabia como transportar a instrução SQL que escrevia no papel durante as provas para o prompt de comando do Linux.
Fiz besteiras em dados de produção, não sabia a diferença entre ambientes (desenvolvimento/teste/homologação/produção), cometi erros bobos e outro mais sérios, porém, nunca me deixei travar por não saber, afinal de contas, esse era o meu papel: ser estagiária. Eu estava ali para aprender e depois ajudar, mas, para isso o meu líder técnico tinha a responsabilidade de me orientar e ensinar tudo aquilo que eu não sabia.
Então, queridos e queridas, não ingressem no seu estágio com vergonha por não saber, é justamente para aprender que você está aí e foi contratado como estagiário. Se não tiver ninguém designado para lhe ensinar peça orientação de quem lhe contratou, não fique navegando na internet, de bobeira no celular, enrolando na copa, estudando para a faculdade, essas atitudes não estão associadas a um profissional comprometido, sério e engajado. Portanto, não siga por esse caminho.
Se você deseja ser respeitado, quer realmente aprender, crescer na sua carreira, praticar toda a teoria que você conquistou com seus estudos, aproveite cada minuto do seu estágio para mergulhar no universo real da sua profissão.
Busque aprender praticando. Teoria adquira na faculdade.
Se não sabe, peça ajuda.
Se errou, reconheça, admita e aprenda com o seu erro.
Erre sempre erros novos.
Agradeça a quem lhe orientar.
Faça networking com os profissionais que poderão lhe ensinar muito além do conhecimento técnico.
Identifique em quem se inspirar para evoluir constantemente.
Forte abraço!
S U C E S S O
6 Comentários
Olá Carolina, tudo bem? Primeiramente parabéns pelo artigo, muito bom! É muito bom ver que há pessoas que pensam como você. Porém, infelizmente o mercado de trabalho, ao menos onde moro, não é assim.
As empresas que contratam para estágio querem alguém que já saiba de tudo, fazendo o serviço de um efetivo e pagando por um estagiário. Infelizmente essa é a realidade. E pelo que andei pesquisando não é só onde moro e sim na maior parte do Brasil.
Sou louco por tecnologia, faço curso tecnólogo de Sistemas para Internet e tenho pretensão de, assim que terminar este, cursar Sistemas de Informação. Mas já imagino o quão difícil vai ser arrumar algo aqui.
Boa tarde Carolina, tudo bom?
Então concordo em partes com a opinião do David, muitas empresas no próprio banner já divulga uma série de requisitos, escutei poucas histórias parecidas com a sua. Geralmente se apreende sim no estágio, mas com um conhecimento mínimo.
“Você disse que conhece/já estudou servelets em Java certo? Mas e JSF? Não? Toma aqui uma apostila X e vai ler, dúvidas me fale aqui… Depois lhe passo uns exemplo”
Isso são casos que já vi, mas chegar de cara limpa para aprender algo, é difícil de se ver, infelizmente.
Na minha opinião as empresas deveriam nos seus requisitos colocar algo do tipo para vagas de estágio, Lógica de programação, Java, banco de dados, SQL…
Serem genéricas! E lá, ele ira aprender as tecnologias mais específicas da empresa.
Abraços.
Oi Carolina como sempre gosto muito dos seus textos 🙂 .. você tocou num assunto que realmente eu queria saber sobre, queria ter lido isso a mais tempo. Então, tenho 19 anos e curso Desenvolvimento de Sistemas, e eu mesmo já recusei um estágio com medo que na hora que precisarem de min eu não conseguir ajudar, me cobro mt nisso, chego a ficar chateado quando desconheço tal assunto…mas as vezes a culpa nem é da pessoa e sim da grande exigência por parte da empresas que temos hoje em dia para o cargo de Estagiário, isso me deixa abismado.
Oi Lucas,
Muito obrigada pelo feedback!
Querido sempre é tempo de aprender e recomeçar (ainda mais com 19 anos..rsrs).
Confie no seu conhecimento, o que você aprendeu e no que já vivenciou. Apodere-se da sua situação de estagiário, não se exija além da conta.
Mostre às empresas o seu empenho em aprender e produzir com qualidade – isso é essencial.
Boa sorte.
Abraços,
Carolina.
Olá Henrique,
Obrigada pelo comentário. Concordo contigo, para iniciar no estágio o anúncio da vaga poderia sim ser mais generalista e, tendo conhecimento do básico, a empresa desenvolveria o conhecimento prático (nas ferramentas próprias de sua realidade) no estagiário.
Abraços,
Carolina.
Olá David,
Obrigada pelo comentário, fico feliz!
Não acredito que precise se preocupar antecipadamente com possíveis dificuldades futuras. O mais importante é focar no presente e dedicar o melhor de si em aprender, praticar e gerar excelentes resultados.
Nós não conseguimos mudar o outro, e muito menos as empresas, porém, temos o total controle sobre as nossas ações e somos capazes de alcançar o nosso melhor – basta que haja disciplina e comprometimento.
Sucesso!!
Abraços,
Carolina.