Sobre Softwares Proprietários – Retratação

Olá, pessoal

No artigo “Porque software proprietário não é bom pra ninguém” confesso que cometi vários erros, mas os que mais pesaram foram dois: afirmar que “toda licença é atrelada ao hardware” e que “todo linux é proprietário”. Pois bem, antes de mais nada saiba que eu não sou nenhum guru na área de “software livre” e apesar de ser usuário do Windows desde o MSDOS 6.0, acompanhei toda história da maioria dos produtos da Microsoft e achava que OEM e FFP fossem basicamente a mesma coisa, o que descobri tardiamente não ser, mas antes que você vá se achando no direito de chutar cachorro morto saiba que a maioria de quem trabalha como suporte não sabe a diferença entre ambas, então para evitar que você passe pelo vexame que eu passei, vou esclarecer isto pra você.

  • OEM (Original Equipment Manufacturer) é aquele sistema da família Windows (geralmente Home ou Home Edition) que vem instalado quando você compra um equipamento novo, que é uma parceria que a MS tem com algumas empresa, como HP, LeNovo, DELL, etc; A licença vem impressa (colada como um adesivo) na parte externa do equipamento (Conjunto CPU/Notbook/Notebook);
  • FPP (Full Packaged Product) é aquela que você compra, que vem numa caixa, com CD/DVD original, vendida em lojas de informática e, geralmente, no caso do Windows Seven é Professional/Ultimate.

Dessas duas a OEM é a mais barata, porém, essa “morre” com o equipamento, ou seja, essa licença é destinada exclusivamente para o equipamento novo, que veio instalado o sistema.

No caso da FPP a licença pode ser usada para outro equipamento, bastando ter que ativá-la novamente.

Agora vamos ao “software livre”….

Denomina-se software livre o sistema/software que é baseado na licença GNU/GPL, onde se tem liberdade de executar o programa, para qualquer propósito, ou seja, quem quiser poderá copiá-lo, estudá-lo, alterá-lo, aperfeiçoá-lo e distribuí-lo livremente, até porque se não fosse assim como os fabricantes de outros dispositivos iriam desenvolver os drivers para que seu dispositivo funcione no sistema?

Quando eu disse que “Linux é tão proprietário…” eu pensava nas grandes distribuições, como RedHat, Mandriva, etc pois desconhecia que existia “distrôs” totalmente livres. Mas não fiz essa afirmação com total ignorância, pois estava pensando nos diversos drivers de placa de vídeo, por exemplo, que usam drivers não-livres e em programas que são distribuídos livremente, baixados e instalados via internet pelo “Central de Programas Ubuntu”, só pra citar, boa parte deles são gratuitos, mas não livres, pois não atendem ao critério principal da licença GNU/GPL, a liberdade de estudar, modificar… se o desenvolvedor libera o código-fonte do seu sistema/software, então ele se encaixa nos termos da licença GNU/GPL, do contrário, nem precisa ser um guru pra entender isso.

Quanto ao fato de se adotar software livre num projeto depende muito de cada caso, mas nenhum projetista de sistema seria ignorante, pra não dizer burro, de não planejar, mensurar, analisar cada fator e então verificar a possibilidade de se fazer um projeto que seja adequado ao caso.

O Linux ainda não está maduro o suficiente para que possa chegar à altura do Windows ou MAC OSX. Talvez exatamente por falta de consumo, que estimula o crescimento, que exige investimentos, enfim, é uma reação em cadeia.

Exemplo desse tipo de falta de incentivo é o relato que eu li no site Agni.Art.br, onde cita o relato de “Dave Walker, um líder da comunidade Ubuntu que foi convidado pela Canonical para ir até seu escritório em Londres conferir o novo projeto gráfico. Em um artigo escrito para o site Linux User & Developer, Dave relatou que os designers envolvidos na nova concepção do Ubuntu utilizavam MACs e softwares proprietários na criação do projeto. Disse também que a equipe fez questão de salientar que gostariam de ter utilizado o Ubuntu e suas ferramentas no projeto, mas não tinham a familiaridade necessária para tal”.

A maioria dos servidores usam Linux, grandes empresas sobrevivem usando Linux, porquê cargas d’água uma empresa não pode sobreviver? Porquê, primeiro: não estamos prontos para o Linux; segundo: muita gente gosta, muita gente defende, mas poucos tem coragem de por a cara à tapa; terceiro: ninguém toma iniciativa, pois estamos acostumados à uma certa comodidade e não se mexe em time que está ganhando…

É claro que é sacanagem comparar Gimp com Photoshop, mas mesmo assim tem linuxiita que jura que faz as mesmas coisas no Gimp que faria no Photoshop… não que eu agora esteja do lado do software proprietário, mas só pra dizer que eu não fiz uma comparação e sim uma relação, ou seja, tente fazer algo melhor do que desistir na primeira tentativa, como diria Winston Churchill “O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”.

Fazer um projeto baseado em software livre é desafio que exige análise, conhecimento, empenho, paixão e sobretudo ousadia.

Quando eu escrevi esse “infeliz, inútil, ridículo” (como alguns “colegas” classificaram) artigo eu estava pensando em pessoas como eu, que adoraria ver minimizado esse câncer chamado pirataria, que dá dinheiro aos bandidos para comercializar drogas e armas que cerceiam a liberdade das pessoas honestas, seja em SP, RJ, Rondônia… se eu escrevi esse artigo, eu fiz por paixão e não para ganhar rank, colocar meu nome em evidência nem pra ser famoso entre a comunidade geek, nerd ou seja lá qual for a classificação em que você se encaixe.

Tudo bem que eu irritei algumas pessoas que dependem dos softwares proprietários para garantir seu dia a dia, mas não fiz com essa intenção, eu estava pensando naqueles que usam softwares piratas com intuito de fazê-los mudar de atitude: ou compre ou use uma alternativa livre.

Mesmo que o cenário do software livre fosse o contrário, ou seja, se 93% dos usuários usassem Linux e somente 7% usassem Windows+MAC mesmo assim essas empresas não entrariam em falência, talvez aumentasse o custo de seus produtos, porém elas mesmas iriam começar a mudar de atitude e tornar seu software competitivo ou adequado à nova realidade.

Agora quanto aos comentários, eu agradeço aqueles que entenderam a mensagem e me “puxaram a orelha”. Aprendi muito, meu conhecimento aumentou, aprendi a lição e, caso eu venha escrever algum artigo técnico eu prometo pesquisar mais, dominar o assunto e só então dissertar sobre ele.

Todos somos passíveis de falhas, vemos todos os dias exemplos de constrangimentos, boatos, erros, gafes cometidas por diversas pessoas em evidência na mídia, porque eu, reles mortal não poderia errar?

Robert Strohmeyer não disse no ano passado que o Linux tinha morrido? Tudo bem que era apenas um truque de marketing, mas porque cargas-dágua ele ia colocar sua integridade profissional em xeque-mate à toa?

Agora quanto aos comentários maldosos, aos “xingamentos”, humilhações que sofri seja no blog, seja no twitter, eu só posso dizer que todo mundo erra e aprendemos com nossos erros. Alguns mal educados deveriam pelo menos ter o bom senso de não ofender uma pessoa sem saber o estrago que isso pode causar pra si mesmo, pois tudo que se diz e se escreve em blogs e redes sociais leva sua assinatura, mesmo que você esconda por trás de um apelido, pseudônimo ou filtros, está associado à você e uma impressão ruim é sempre mais marcante que a que você causa depois, não se pode espalhar um saco de areia ao vento e depois querer juntar todos os grãos novamente.

Sinceramente, eu fiz contato com o pessoal do Profissionais TI com a intenção de excluir o artigo, mas me recomendaram escrever este artigo me retratando e eu fiz isso em respeito ao blog, ao meu ponto de vista e sobretudo àqueles que foram solidários comigo.

Acredito que alguns de vocês me conheçam “virtualmente” e sabem que eu sempre respeitei todo mundo, desde aquele que eu suponho que saiba menos que eu, aquele que eu sei que sabe mais em determinadas áreas que não é a minha praia, quanto aqueles que eu julgo serem superiores à mim e a todos eu respeito igualmente e nunca fui desrespeitados por eles, sempre procurei ajudar as pessoas e nunca pedi nada em troca, mesmo aqueles que normalmente seriam meus concorrentes eu procuro ajudar, tenho mais de 15 anos de experiência em suporte técnico e procuro melhorar sempre, agora só porque seu conhecimento é superior ou porque teve mais oportunidades que os outros não quer dizer que você seja superior ou o dono da verdade.

Minhas sinceras desculpas à equipe do Profissionais TI que me deram oportunidade de escrever, de divulgar minhas idéias. Se em algum momento esse artigo tenha trazido quaisquer transtornos ou efeitos negativos para o blog, e desculpo-me com aqueles que de alguma forma se sentiram lesados com minhas declarações e erros.

Mas continuo com o mesmo pensamento, acho que se mudarmos o homem o mundo será mudado e o foco principal do artigo, que é defender o uso de software livre, será mantido e defendido. Agora se nem todos compartilham a mesma idéia aí são outros quinhentos, cada um é cada um, ponto de vista. Gosto, religião e futebol não se discutem, mas ponto de vista somente os inteligentes ousam confrontar.

Abraços. Viva o Linux!

José Ferreira Netto

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Bacharel em Sistemas de Informação pela ULBRA - CEULJI - CAMPUS DE JI-PARANÁ/RO, Usuário desde o MS-DOS 6.10 - Fã de Tecnologia e de Sistemas Windows e Linux - Gosto de compartilhar conhecimento, idéias - Atua como Administrador Técnico de Depto. Informática para Serviço Público.


7 Comentários

João Brito
1

Parabéns por este novo post, parabéns pela sinceridade e parabéns por ter aproveitado a oportunidade, que com certeza foi você quem saiu por cima e não quem lhe ofendeu.

Cesar Rodrigues
4

Olá Netto. Na verdade, onde você diz que “Denomina-se software livre o sistema/software que é baseado na licença GNU/GPL”, existem muitos outros tipos de licença que denominam um software como livre, como é o caso da licença “BSD”, que se você analisar vai perceber que permite ainda mais liberdade que a GPL.
Outro detalhe: não existe somente Linux como “sistema operacional” livre, existem por exemplo os “BSD based”, como FreeBSD.
Última observação: existem também as licenças do tipo OPEN da Microsoft, que não morrem com a máquina, e são geralmente utilizadas por empresas grandes, que têm um custo praticamente igual às licenças OEM, basta conhecer e saber comprar.

Netto
5

Obrigado, Cesar pela informação
Essa licença OPEN é um caso de se pensar… bacana! Ótima informação, valeu!
Quando ao BSB eu li algo a respeito mas como pouca gente fala no assunto eu preferi omitir, mas obrigado pela dica sobre ela.

Fabio
6

Parabens pela iniciativa qualquer um que defenda o software livre já passou por isso,,, acaba se “enrolando” , sofre um pouco mas depois sai fortalecido, é parte do processo de mudança de paradigma ,de ponto de vista… não só técnico,, mas de vivência prática. A própria questão das licenças OEM ,, FPP, do windows F..D..P… 🙂 ,, demonstra como sua manutenção é inviável,, quem é que vai ficar administrando isso ? Sem falar no preço em sí, nas atualizações , nas descontinuidades, na venda “casada”,nos acordos às escuras com bancos e até com administradores de TI de alguns órgão para só aceitarem por exemplo o I. Explorer,isso sim é ser mafioso e é isso que a M$ faz ,,, Você e ninguém merece ficar perdendo tempo , dinheiro ,etc só para entender licenças absurdas. .. com linux você simplesmente instala e usa onde e quando quiser. Quanto a pirataria também sou contra, mas pelo motivo de que ao instalar o Windows em outras máquinas você está disseminando um software abusivo, inseguro e ruim e caro só para manter o vício de alguns usuários. .. Viva o Linux não instale e nem “quebre o galho” em suporte gratuito para Windows,, manda esses viciados procurarem suporte da M$. . vamos ver quem é o mafioso que está metendo a mão dos “usuários”… É isso aí, tenham um bom dia pense nisso. Abraço a todos

Netto
7

Pois é, Fábio… que me ofendeu deve estar ganhando o dele “por fora” pra disseminar o vício, acho que quem espalha windows pirata deveria ser considerado como traficante.

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