“Suspensões” nos Concursos Públicos

Caros,

Atendendo ao pedido de muitos comentários no último post, hoje vou falar sobre “suspensões nos concursos”. Mas, vou logo avisando que eu não sou a melhor pessoa para fazer artigos de autoajuda.

“Suspensões”, Walter. E vai haver mais de uma?

Não, amigo. “suspensões” porque já HOUVE várias ao longo do tempo. Se você ainda não se deu conta, a cada quatro anos, no primeiro ano de mandato do titular do executivo (Presidente), a conta das “orgias eleitorais” sempre chega, e normalmente o primeiro a pagar o pato é o concurso público.

Mas, Walter, isso não demonstra que o Governo está disposto a cortar na própria carne?

Discordo frontalmente! Demonstra tão só que Governo mais uma vez está disposto a cortar na carne da população, a qual terá seu atendimento reduzido, só para variar. Se o governo estivesse realmente disposto a cortar na “própria carne” (ou seja, a do partido) deveria reduzir imediatamente a horda de apadrinhados (comissionados, agregados, etc), juntamente com os “Ministérios de temporada”. Não querendo menosprezar a missão de cada ente, mas alguém já viu algum concurso para o Ministério da Pesca, Secretaria da Mulher ou da Igualdade racial? Agora, reflita…

Imagem via Shutterstock

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Bom, face ao exposto, estas medidas “radicais” normalmente são tomadas para “inglês ver”, e, desta vez foi motivada pelo mais recente rebaixamento de nota das agências de risco. Há uns dois meses nem se admitia a existência de uma crise. Sendo assim, os concursos na verdade foram apenas represados, e, quando voltarem plenamente, daqui a uns seis meses, ou no máximo 1 ano, virão com força total.

Como assim “plenamente”? Os concursos não pararam?

Claro que não. Se você entende um pouco de organização do Estado, já tem ciência de que as medidas só se aplicam ao âmbito federal, mais especificamente à administração direta. Mesmo assim, temos que confirmar se elas vão realmente se aplicar ao Judiciário e ao Legislativo, uma vez que os Poderes são independentes. Ainda, apesar de se esperar que sigam o exemplo, Estados e Municípios, como entes federativos, também não ficam vinculados à decisão federal. Por fim, as Estatais com orçamento autossuficiente não precisam de autorização do Governo.

Nossa! Existem essas exceções todas?

Na verdade, existe até mais. Órgãos de Segurança Pública (Polícia Federal) e de Controle (TCU, CGU, etc) teoricamente não são abarcados, pelo fato de gozarem de prerrogativa específica quanto à recomposição de pessoal técnico. Finalizando, os concursos já autorizados também não serão afetados pela medida.

Pera aí, Walter, pelo que você está me falando, a medida não surtirá tanto efeito prático.

De fato, é isso. Para você ter uma ideia real, a cada concurso de grande concorrência, costumo realizar o mapeamento das matérias para os alunos. Em média, no máximo, fico executando um, enquanto mantenho outro no buffer. Pois bem, tão logo o Governo anunciou a medida, já conto com mais 4 (quatro) no buffer, esperando mapeamento. Ou seja, para não correr o risco, os órgãos que se incluem nas exceções estão se apressando em colocar logo suas vagas na praça, justamente o efeito contrário pretendido pelo Governo.

Walter, então quer dizer que a situação está é melhor como estão dizendo os cursinhos.

Não, pessoal, vamos com calma! Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Muitos cursinhos presenciais vivem de propagar boatos, uma vez que precisam encher suas salas para poder bancar a estrutura física. Apesar de nada justificar tal manipulação, essa atitude indecorosa dos cursinhos acaba proporcionando certo efeito positivo aos candidatos: a ilusão vendida os impede de parar de estudar. Traduzindo, o candidato continua estudando mesmo que pelos motivos errados. Enfim, longe de mim querer dizer que a coisa fez foi melhorar. Contudo, não há justificativa razoável para tamanho pânico.

Walter, então porque tem tanto candidato querendo “chutar o balde’?

O problema é que esse tipo de candidato sempre esteve afim de “chutar o balde”, mas não conseguia encontrar um motivo “nobre” para justificar aos seus próximos. Agora que finalmente ele encontrou, pode dormir o sono dos justos, uma vez que “fez tudo o que foi possível”. Pessoal, não é segredo que estudar dói, e estudar a logo prazo é quase que uma penitência. A única coisa que mantém esse povo estudando é edital na praça. Sem isso, eles são os primeiros a espirrar. Mas a pergunta que fica é, você é um deles?

Tá, Walter, mas o que você propõe então?

Ora, que se lembre do que você mesmo falou ontem quando aquele outro edital foi lançado: “Putz, se eu tivesse mais 6 meses para estudar…”. Pronto, agora que finalmente você tem os seus desejados 6 meses (talvez um ano) para estudar mais, e agora vai reclamar de que? Afinal, tem-se que ter cuidado com o que se deseja, pois nem sempre a concretização do desejo vem da forma que imaginamos.

Pessoal, como mensagem final, deixo a seguinte lição: “Não deixe de fazer algo que você realmente quer porque vai levar muito tempo. Lembre-se que o tempo vai passar de qualquer jeito”.

Por fim, já fica o compromisso de eu lançar um artigo preparatório para quando a comporta dos concursos voltar à abertura normal: “Como enfrentar um Sharknado de Concursos”.

Bons Estudos e até o próximo artigo! (Aceito sugestões)


3 Comentários

Civio Couto
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Ótimo post Walter, muitos concurseiros precisam desse tipo de clareza hoje.
Aproveitando a oportunidade, a despeito dos boatos da divisão da CGU, dá para imaginar um concurso da CGU em 2016 ou é um absurdo pensar nisso nesse momento?
E o concurso da Câmara dos Deputados, será que o Eduardo Cunha seguirá a Dilma?
Abraços
Civio

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