TI Lean – A chave do sucesso para liberar capacidade e potencial humano para criatividade e inovação

Não é novidade que a filosofia de gestão Lean é aplicável a qualquer segmento, e uma área ímpar para o Lean atuar é a de Tecnologia da Informação.

Primeira bibliografia a consolidar conhecimentos e adaptações do Lean para TI, o livro “TI Lean” aborda formas de se eliminar desperdícios na organização de TI com o propósito de melhorar a geração de valor para o cliente, otimizar os processos e utilização do tempo de forma eficiente, permitindo que colaboradores possam contribuir com ideias e liberando o potencial humano para inovação.

Lean foi o termo utilizado por James Womack e Daniel Jones para, na década de 90, popularizar este conceito e filosofia de gestão que trata principalmente de identificar e eliminar desperdícios em qualquer área da empresa que se agregue valor por meio de princípios e ferramentas. Originados do Sistema Toyota de Produção e compilados em princípios pelo livro Lean Thinking (Womack & Jones, 1996), estes são adaptáveis a qualquer empresa/setor incluindo a área de Tecnologia da Informação (TI).

O Lean para TI foi abordado primeiramente por Mike Orzen e Steve Bell no livro “TI Lean – Capacitando e sustentando a transformação Lean” e posteriormente pela “Lean IT Association” nos Guias/Publicações “Foundation”, “Kaizen” e “Leadership”. Os dois Corpos de Conhecimento citados são complementares, porém, com abordagens diferentes. Neste artigo abordarei o livro TI Lean.

Assim como o Lean Thinking, o TI Lean envolve as pessoas por meio de uma estrutura de princípios, sistemas e ferramentas destinados a integrar, alinhar e sincronizar a organização de TI para fornecer informações de qualidade e sistemas efetivos de informação, capacitando e sustentando os processos de melhoria contínua e inovação. 

A TI alinhada ao negócio

Para as empresas onde a tecnologia dá suporte ao negócio e não é a área finalística, a mesma enfrenta outras dificuldades, pois acaba sendo vista como vilã e como uma fonte de desperdícios passando percepções muitas vezes equivocadas da área como um departamento caro que só combate a incêndios, têm falta de comprometimento, desperdiça recursos, excesso de automação, dados de má qualidade, têm prioridades conflitantes e especificações pouco claras do cliente. É preciso reverter isso e com ajuda dos princípios TI Lean, é comprovadamente possível.

Para estruturar isso, a TI Lean enfoca em duas perspectivas:

  • TI Lean voltada para fora: alinhar as informações dos Sistemas de Informação e organização de TI em parceria com a Empresa para melhorar continuamente e renovar os processos empresariais e sistemas de gestão
  • TI Lean voltada para dentro: ajudar organização de TI a alcançar excelência operacional, aplicando os princípios e ferramentas de melhoria contínua às operações, bem como aos pedidos de serviço, desenvolvimento de software e projetos.

A relação com boas práticas de mercado

O livro TI Lean enfatiza como as boas práticas de mercado, como Gestão de Projetos, Gerenciamento de Serviços (ITIL) e Modelagem de Processos de Negócio (BPM) devem ser utilizadas em conjunto com os princípios da filosofia Lean de forma a eliminar desperdícios, identificar e priorizar processos que realmente agregam valor daqueles que podem ser eliminados para permitir um ambiente otimizado e eficiente para que os colaboradores da TI utilizem seu potencial criativo para inovação e melhoria dos processos no seu dia a dia (Kaizen) e para que os recursos de TI sejam priorizados e alinhados à estratégia da organização, fazendo com que a TI alinhe-se e impulsione o negócio da organização.

Eliminando desperdícios para gerar inovação 

Reduzindo desperdícios libera-se a capacidade e potencial humano para o trabalho que agrega valor. Assim como a eliminação do desperdício reduz naturalmente muitos custos no curto prazo, agrega também valor no longo prazo, liberando potencial para crescimento e inovação.

Na maioria das empresas, há muita gente boa com boas ideias, essas pessoas só estão enterradas sob uma montanha de atividades ineficientes disfarçadas de trabalho diário.

O potencial humano subutilizado é uma mina de ouro oculta em todas as empresas, e é onde o Lean deve atuar – TI Lean

Conclusões

O potencial do Lean Thinking já é comprovadamente aplicável a qualquer área de atuação. Enxergo o framework TI Lean também aplicável a qualquer setor de inovação e pesquisa, não somente TI, pois conforme Bell e Orzen afirmam, com a eliminação de desperdícios liberamos o potencial para criação e inovação, portanto, estes princípios e ferramentas poderiam ser aplicados às empresas de Inovação e de Pesquisa & Desenvolvimento, pois propicia um ambiente que permite às pessoas criar e inovar. Já imaginou uma empresa de Pesquisa & Desenvolvimento utilizando Lean para eliminar desperdícios e um método como Scrum para executar seus projetos? Porque não? Afinal, o Scrum e as metodologias ágeis emergentes são voltados justamente para cenários e projetos onde se há muita incerteza do escopo e este vai sendo desenvolvido com o passar do tempo incrementalmente – como um projeto de Pesquisa, que tal? Até porque o Scrum foi inspirado no Sistema Toyota de Produção, ou seja, no Lean. Mas isto é assunto para um próximo artigo.

Obrigado e até a próxima.

Referências:

  • Lean IT Association. Disponível em: <www.leanitassociation.com>. Acesso em 22 de maio de 2017.
  • Orzen, Mike & Bell, Steve. Lean TI – Capacitando e sustentando sua transformação Lean. Lean Institute Brasil. 2013.
  • Womack, James & Jones, Daniel. Lean Thinking – A Mentalidade Enxuta nas Empresas. Editora Campus. 2004.

Rodolfo Luz

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MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV e graduado em Análise de Sistemas pela PUC-Campinas, possui certificações Lean IT Foundation, PMP e CAPM (PMI), Agile Scrum Foundation, Agile Service Projects, ITIL-F e Practitioner em Programação Neuro-Linguística. Liderou projetos de Consultoria, P&D (PMO, BPM, ITIL, CobIT, Estratégia de TI, Mobile, Energia, Telecom) e Infraestrutura de ECM para clientes de grande porte nacional e internacional (Itaú, Huawei, Energisa, Governo de MG, TRTs de 13 Regiões, Prefeitura de Mauá-SP, SERT-SP, CPFL Energia, Claro, Porto Seguro, Embratel StarOne, Algar Telecom e Unicamp).


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